Inúmeros troféus e medalhas marcam a carreira da atleta Gerusa Schramm. A blumenauense começou na natação aos 10 anos e, desde então, participa de competições relevantes do esporte. Além do título de campeã brasileira e sul-americana na categoria Máster, neste ano ela também disputa um mundial no Japão. No entanto, a maior conquista até hoje não está nas piscinas ou em campeonatos.

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— É a maternidade. Era um sonho ser mãe — conta.

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Os três filhos ainda compartilham da mesma paixão que Gerusa. Bernardo, de 15 anos, Vinicius, de 10, e Catarina, de 8, também se aventuram nas águas desde cedo. Inspirados pela trajetória da mãe, eles praticam o esporte com o apoio da atleta.

Gerusa ressalta, porém, que, apesar do incentivo, procura deixar as crianças à vontade no esporte. O objetivo dela é construir uma relação de parceria com eles, sem que haja cobrança. Isso porque a mãe não deseja que os filhos sejam pressionados por causa da história que ela tem com a natação.

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— Eu posso ser uma inspiração, mas eu não quero que eles sintam que precisam ser iguais ou melhores — comenta a mãe.

Ela também revela que não esperava que os filhos fossem se interessar pelo esporte. Conta que colocou as crianças na natação para que eles tivessem essa oportunidade, mas não era um sonho ver os três seguindo os mesmos passos que a mãe.

Agora, ela acompanha os treinamentos e a evolução dos filhos nessa área. Se compromete a concluir todos os compromissos do dia no período da manhã para que consiga estar com as crianças à tarde. Uma realidade que ela conhece bem e já vivenciou no passado.

— As lembranças são nítidas. Me vejo muito neles — comenta ao relembrar o início da carreira.

Apoio de mãe presente na família

Assim como as crianças, Gerusa também recebeu o apoio da mãe ao descobrir a paixão pelo esporte. Poucos anos depois de entrar para as competições, ainda na adolescência, ela conquistou medalhas de ouro e logo recebeu reconhecimento pelos títulos.

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A mãe de Gerusa, dona Yolanda Hostin Schramm, também acompanhava a trajetória da filha na natação. Quando surgiam, na época, notícias sobre as vitórias da atleta, a mãe fazia questão de guardar os registros como lembrança. É o caso de uma matéria publicada pelo Santa, em 1996. Recordações que permanecem intactas.

Gerusa em matéria do Santa, no ano de 1996 (Foto: Arquivo pessoal)

Em 2004, aos 22 anos, Gerusa precisou parar com a natação porque queria se dedicar ao trabalho. Nesse momento, ela já tinha se formado na faculdade de Farmácia e não conseguia priorizar a rotina de treinos intensos.

A natação, no entanto, continuou presente na vida dela da mesma maneira. Anos mais tarde, quando os filhos iniciaram no esporte também, Gerusa se aliou a outras mães blumenauenses para criar uma nova equipe de natação na cidade.

Ela buscou incentivo e apoio do Instituto César Cielo no projeto até conseguir fundar a Associação Blumenauense Raia 4 (ABNR4), em março de 2021. Atualmente, mais de 60 crianças nadam gratuitamente na piscina da ADHering. Como atleta — e mãe — ela encontrou no esporte uma maneira de fazer a diferença na vida de outras crianças também.

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— Eu presenciei várias vezes crianças que jamais teriam condições de bancar, porque escola de natação é cara. Então, é gratuito e com professor qualificado. Com suporte do Cesar Cielo e a possibilidade de se destacar e participar de campeonatos — comenta.

O retorno às águas

Ainda em 2019, Gerusa foi chamada para participar de uma competição, caso tivesse interesse. Na época, a atleta nadava apenas por questões de saúde, mas não pretendia retornar aos campeonatos. Ela decidiu, no entanto, aceitar o desafio e, dessa vez, não largou mais o esporte.

Aos 41 anos, a blumenauense, além de nadadora, também é mãe. Porém, ela não enxerga a maternidade como um empecilho para continuar no caminho do esporte. Desde o momento em que voltou para as águas, Gerusa entendeu que não precisa se cobrar tanto, já que agora tem outras prioridades e pode adaptar a rotina, se necessário.

— Eu fui fazendo um trabalho comigo mesma de que eu não precisava provar mais nada para ninguém.O que viesse, seria lucro — diz a nadadora.

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Em agosto, ela representa o Brasil no Mundial Master de Natação, no Japão. Mesmo diante da competição, a maior preocupação da atleta não é com a possibilidade de não se tornar campeã. Isso porque, hoje, o maior desafio para ela é garantir um futuro feliz aos filhos.

— Eu gostaria muito que eles continuassem no esporte. Se for o que eles quiserem, terão sempre o meu apoio. Mas também não serão obrigados. Eu vou incentivar que pratiquem, porque vejo que eles gostam muito. O que eu espero é que eles cresçam e levem para as atividades deles o que o esporte traz de bom: resiliência, disciplina, organização e foco — relata a mãe.

Através da maternidade, ela encontrou um amor que ainda não conhecia. Uma ligação, que assim como no esporte, é para a vida toda.

Gerusa e os três filhos (Foto: Divulgação)

*Estagiária sob supervisão de Augusto Ittner

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