Uma série de fatores críticos podem ter causado o acidente com o voo de balão em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, que aconteceu em 21 de junho de 2025, e culminou na morte de oito pessoas. Outras treze ficaram feridas e sobreviveram à tragédia. O inquérito policial foi concluído nesta quarta-feira (8).

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A investigação concluiu que o acidente aconteceu por uma sequência de eventos iniciados pelo incêndio no voo, seguido pelo fracasso na extinção do fogo, agravados pela volta da subida do balão após parte dos ocupantes conseguir sair.

As chamas teriam iniciado em um maçarico dentro do cesto e o extintor que estava a bordo para o caso de emergências não funcionou. Nenhuma pessoa será indiciada pelo acidente, conforme concluiu o inquérito, já que não foi possível concluir que houve erro humano que tenha provocado o incêndio.

Mais de 20 pessoas, entre sobreviventes e testemunhas foram ouvidas, assim como o piloto Elves Crescêncio e os fabricantes do balão e do extintor de incêndio.

Em nota, o Ministério Público se manifestou afirmando que o caso tramita em segredo de justiça no nível mais elevado de sigilo, sem que nenhuma informação possa ser divulgada sobre o caso. Os autos foram remetidos no fim da tarde de terça-feira (7), de acordo com o órgão, e o caso será analisado pela Promotoria de Justiça.

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A defesa do piloto Elves de Bem Crescencio informou que não pode se manifestar sobre o caso porque está em segredo de justiça.

Veja fotos do local do acidente

Famílias não concordam com resultado

Os familiares das vítimas, no entanto, questionam o resultado do procedimento. Em entrevista ao Jornal do Almoço, os pais de Leandro Luzzi, uma das vítimas, afirmaram que não aceitam o encerramento da investigação sem responsabilização.

— Não tem como dizer que não teve responsáveis. Isso não foi um acidente. Nós queremos justiça”, declarou Miriam Luzzi, mãe de Leandro.

O advogado da família, Rafael Medeiros, apontou que existe uma série de falhas no inquérito. “[…] existem diversos elementos no inquérito policial que comprovam a culpa, seja do piloto, da empresa ou até a falta de fiscalização de órgãos importantes”, revelou ao Jornal do Almoço.

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Segundo Medeiros, os familiares estão formalizando uma associação e já buscam diálogo com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), na tentativa de que o promotor de Justiça analise o caso a partir de outra perspectiva.

Relembre o acidente

O acidente aconteceu perto das 8h do dia 21 de junho de 2025, quando o piloto, Elves Crescêncio, e 20 turistas saíram para um voo em um balão da empresa Sobrevoar perto da Cachoeira Nova Fátima. Durante a decolagem, o piloto percebeu, depois de cerca de cinco minutos no ar, que o balão estava pegando fogo.

À polícia, Elves relatou que o fogo começou em um maçarico auxiliar que estava no chão do cesto e, em seguida, se espalhou para a capa de tecido que envolvia um cilindro de gás. Ele disse que jogou o maçarico para fora e tentou usar um extintor de incêndio que não funcionou. 

Elves, então, forçou um pouso emergencial e avisou a todos que pulassem quando o balão tocasse o solo. Ele foi um dos primeiros a pular, segundo relatos dos sobreviventes. No total, 13 passageiros conseguiram sair. Com menos peso e mais fogo, o balão voltou a subir, levando oito pessoas que não conseguiram escapar.

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Vídeos feitos por pessoas que estavam no local no momento do acidente registraram o drama em Praia Grande. O balão pega fogo e, poucos segundos depois, o cesto se solta, provocando as mortes. 

Quem são as vítimas do acidente com balão

*Com colaboração dos repórteres Eduardo Madeira e Juan Todescatt

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