O empresário João Carlos Camargo Júnior, conhecido como “alfaiate dos famosos”, foi chamado para depor à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga lavagem de dinheiro no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). João Camargo se manteve calado durante maior parte da sessão dessa terça-feira (18).
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João Camargo, de 50 anos, possui duas empresas em seu nome, a renomada Camargo Alfaiataria e a MKT Connection. Para o relator do caso, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), as empresas teriam recebido mais de R$ 32 milhões da Associação Amar Brasil, apontada como uma das envolvidas na fraude.
— Eu lamento que a Alfaiataria Camargo, tão famosa, tenha usado as suas contas com dinheiro sujo roubado de aposentados e pensionistas […]. Esse rapaz aqui é um profissional de sucesso, sujou a carreira, o futuro, pela ganância. Usou as suas contas para lavar dinheiro, para pegar dinheiro sujo. Infelizmente, essa é a realidade que nós temos visto na CPMI do INSS — disse Gaspar.
O relator coloca João Carlos como “elo principal” da organização criminosa. Para ele, o empresário se estruturou num vínculo com as pessoas citadas na investigação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Empresário ficou em silêncio na CPMI do INSS
João Camargo permaneceu em silêncio em quase todo o depoimento, assegurado por um habeas corpus proferido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), disse no início da reunião que, mesmo com a decisão do STF, a testemunha deveria responder a todas as perguntas que não o incriminem e que deveria assinar o termo de compromisso de dizer a verdade.
A defesa de João Camargo discordou e recorreu à justificativa de que o caso está sob investigação. Com isso, o depoente prestou o juramento e o compromisso de dizer a verdade em pontos que não o incriminem.
O alfaiate classificou como uma injustiça a relação que as matérias jornalísticas fizeram entre as fraudes em benefícios do INSS e a sua alfaiataria.
— Tais serviços foram declarados, impostos devidamente pagos, despesas quitadas e os lucros realizados como o dia a dia de qualquer empresa — disse Camargo. O empresário ainda alegou que as denúncias não procedem e que a sua renda é compatível com o trabalho que ele exerce.
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CPMI do INSS
O Congresso Nacional instalou em agosto a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Deputados e senadores têm 180 dias para investigar as fraudes bilionárias em contas de aposentados e pensionistas.
*Sob supervisão de Kássia Salles

