Três dias após a passagem de um ciclone extratropical que atingiu a capital paulista e a região metropolitana de SP, a crise no fornecimento de energia elétrica segue provocando reclamações contra a Enel, concessionária responsável pelo serviço. No pico do apagão, mais de 2,2 milhões de consumidores ficaram sem luz. Neste sábado (13), ainda havia cerca de 400 mil imóveis sem energia na Grande São Paulo, segundo dados da própria empresa.

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O vendaval da quarta-feira (10) registrou rajadas de 98 km/h, derrubou mais de 330 árvores e danificou trechos inteiros da rede elétrica na região. Desde então, moradores relatam prejuízos, dificuldades para armazenar alimentos, falta de informação sobre prazos de religação e impactos diretos na rotina.

Na capital, bairros como Butantã, Bixiga e Pompeia registraram longos períodos sem fornecimento. Em alguns pontos, moradores chegaram a realizar protestos pedindo a retomada do serviço.

Justiça determina restabelecimento imediato

Na noite de sexta-feira (12), a Justiça de São Paulo atendeu a um pedido do Ministério Público (MPSP) e da Defensoria Pública e determinou que a Enel restabeleça o fornecimento de energia, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora em caso de descumprimento.

A decisão estabelece prazos diferenciados:

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  • Até 4 horas para locais e situações prioritárias, como hospitais, serviços de saúde, eletrodependentes, delegacias, presídios, escolas, creches, sistemas de abastecimento de água e locais com pessoas vulneráveis;
  • Até 12 horas para as demais unidades consumidoras, contadas a partir da notificação da empresa.

A Justiça também determinou que a Enel mantenha canais de atendimento acessíveis e funcionais, além de apresentar um relatório detalhado com as interrupções e as unidades afetadas.

O descumprimento pode resultar em bloqueio de valores e investigação de responsabilidades civil e criminal.

Reclamações do apagão

Entre os dias 10 e 12, o Procon-SP registrou 534 reclamações contra a Enel, sendo a maioria relacionada ao apagão. Segundo o MP e a Defensoria, a concessionária apresenta falhas recorrentes na prestação do serviço e não cumpre os princípios de continuidade, eficiência e adequação.

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Os órgãos também argumentam que chuvas e ventos fortes não podem ser tratados como eventos imprevisíveis, já que são comuns nesta época do ano, e que a empresa deve ter estrutura para prevenir e mitigar danos.

Moradores de SP também expressam sua indignação com o ocorrido. Erica Chaves, roteirista e moradora do Butantã, está sem luz desde as 12h de quarta-feira (10). Na manhã deste sábado (13), relatou à Agência Brasil que sua situação permanece a mesma.

— O meu pai está internado no hospital e, graças a Deus, tem energia no hospital onde ele está. Mas, assim, eu estou economizando a internet e entrando de hora em hora para economizar bateria e poder ter notícias dele — conta.

O que diz a Enel

Em nota, a Enel afirmou que ainda não foi intimada da decisão judicial e que segue trabalhando “de maneira ininterrupta” para normalizar o fornecimento.

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A concessionária informou ter mobilizado um número recorde de equipes, chegando a cerca de 1.800 times em campo, e afirmou que o vendaval foi o mais prolongado já registrado na área de concessão, segundo dados do Inmet.

A empresa atribui a demora à persistência das condições meteorológicas adversas, que teriam causado novas interrupções enquanto as equipes atuavam nos reparos. A previsão divulgada é de normalização do serviço até o fim de domingo (14).

Alerta de chuvas segue para o fim de semana

Enquanto o fornecimento ainda não foi totalmente restabelecido, São Paulo permanece em alerta. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu na manhã deste sábado (13) um aviso de perigo para tempestades, com previsão de chuva intensa, ventos fortes e risco de novos cortes de energia.

O alerta é válido até as 10h de domingo (14) e prevê chuvas de até 60 mm por hora ou 100 mm por dia na capital paulista. Além disso, há previsão de ventos intensos entre 60 e 100 km/h e queda de granizo.

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*com informações do g1 e da Agência Brasil