Construídos para facilitar o trabalho de pescadores artesanais de Imaruí, os trapiches às margens das lagoas viraram cartões postais do município. Essas estruturas são erguidas sobre estacas de madeiras e se estendem das margens da lagoa a até 30 metros da orla. O município de quase 12 mil habitantes, situado no Sul de Santa Catarina, tem a cultura da pesca viva desde os antepassados.

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Imaruí conta com mananciais ricos em espécies de peixes. Entre as lagoas, estão a famosa Lagoa de Imaruí, Santo Antônio dos Anjos e Mirim. Nestes locais, são somados mais de 21 trapiches, além de ranchos pesqueiros e sarilho — estrutura pesqueira que fica localizada no meio da lagoa. 

Em 2008 os trapiches passaram a ganhar mais espaço nas águas do município, após um projeto da administração com intuito de beneficiar mais de 1,5 mil famílias que vivem da cultura pesqueira.  De acordo com o historiador e morador local, Célio Bittencourt, a geografia da lagoa de Imaruí é um tanto quanto diferente de outras lagoas, pois a faixa de areia é muito pequena, contendo ainda lugares com grande presença de pedras. 

Portanto, os decks facilitam a entrada e a saída dos pescadores com as pequenas embarcações, assim como a retirada de pescados.

—  Praticamente não tem praia em Imaruí, são poucas distâncias, a praia é muito curta, areia grossa, muita lama no fundo da lagoa. Se tornava difícil para os pescadores, principalmente nas canoas de um pau só, relembrando a cultura indígena. A vida útil da canoa diminui por ficar na beira da lagoa ou dentro da água — explica o historiador. 

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Segundo ele, para construir um trapiche é preciso levar em consideração diversos fatores, como medir altura, nível d’água, movimento das marés, para assim ter uma maior durabilidade. Além disso, essas estruturas ajudam a preservar a cultura e a história dos pescadores artesanais de Imaruí, tanto que atualmente o trapiche, o sarilho e a canoa de um pau só possuem um espaço dedicado no museu do mar, em São Francisco do Sul. 

— Muitos dos trapiches acabaram se tornando pontos turísticos naturais, frequentados por moradores e turistas que buscam apreciar a beleza da lagoa, fazer registros fotográficos e vivenciar de perto o modo de vida das comunidades pesqueiras. Eles integram o cenário cultural e paisagístico da cidade — conta Bruna Facchinello, secretária de Turismo e Cultura de Imaruí. 

Fotos mostram detalhes dos trapiches de Imaruí

Crescimento imobiliário preocupa moradores locais 

Apesar das belezas e da importância cultural desses trapiches e ranchos pesqueiros, atualmente a comunidade pesqueira tem ganhado uma preocupação. Conforme relatos de pescadores e moradores locais, as margens das lagoas de Imaruí, que antes eram tomadas apenas pelos ranchos e trapiches pesqueiros, atualmente passam por um crescimento imobiliário desordenado. 

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Alguns destes locais têm se tornado pontos de casas de veraneio de turistas e pessoas que vêm de outras regiões. De acordo com Célio, é comum flagrar pessoas despejando dejetos sanitários na faixa de areia ou até dentro da lagoa. Para ele, essas práticas são prejudiciais para a preservação ambiental e a cultura local. 

— Muda a paisagem. Deixa de ser uma paisagem bucólica, romântica, rústica, para se transformar num ramo de negócio. Muitas vezes pessoas de outros municípios alugam casas de veraneio nestes locais — completa. 

Pesca de camarão na Lagoa de Imaruí 

A Lagoa de Imaruí, situada no Litoral Sul de Santa Catarina, é rica em crustáceos e diversas espécies de peixes, mas uma das principais tradições locais é a pesca de camarões. O local faz parte do Complexo Lagunar Sul Catarinense e abrange os municípios de Laguna, Pescaria Brava e Imaruí. Durante a maior parte do segundo semestre do ano, a pesca de camarão se torna proibida com o objetivo de manter um equilíbrio ambiental, devido ao período de reprodução do crustáceo.

Considerada um tesouro natural, a lagoa possui diversas peculiaridades, uma delas é a água salobra, que é uma mistura de água doce com água salgada. Com águas calmas, o local chega a medir seis metros de profundidade, sendo também espaço de atividades como caiaque, stand-up paddle, jet ski e passeios de barco. No entanto, apesar das atividades recreativas, o carro chefe do manancial é a pesca artesanal.

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Em conjunto com as Lagoas Mirim e Santo Antônio, ela integra um sistema lagunar de aproximadamente 86 km², que conta com uma forte presença do camarão-rosa (Penaeus paulensis) e camarão-branco (Penaeus schmitti). A pesca acontece entre dezembro e junho, tendo uma pausa durante o defeso, que é de julho a novembro.

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