O potencial de crescimento de praias do Litoral Norte e o aumento no número de visitantes a cada ano tem chamado a atenção de empresários de outras regiões. Construtoras de Blumenau e de cidades do Vale do Itajaí têm apostado em empreendimentos de diferentes perfis nessas regiões, o que vem contribuindo com a expansão dessas áreas.
Continua depois da publicidade
O fenômeno não é exatamente novo. Na década de 1980, construtoras como FG e Procave, com origens em Blumenau, também apostaram em prédios na então emergente Balneário Camboriú e tiveram papel determinante nas construções que deram à cidade a fama de “Dubai brasileira”. Históricos como esse fizeram a cidade ser conhecida como celeiro de construtoras.
Agora, um enredo semelhante acontece, mas com outras construtoras como protagonistas e alguns quilômetros mais ao Norte da BR-101. Cidades como Penha e Piçarras se tornaram as novas “queridinhas” de construtoras de Blumenau e do Vale do Itajaí. As obras e terrenos isolados por tapumes por já estarem negociados têm se multiplicado em regiões como a praia de Armação, em Penha, a praia central de Piçarras e até mesmo a orla da vizinha Barra Velha.
Veja fotos das cidades e dos projetos em Penha e Piçarras
Os motivos que tornam essas praias atrativas são muitos e vão desde as belezas naturais até a logística e ao potencial de valorização. O diretor comercial da Construtora Stein, Alberto Stein, explica que com o litoral já consolidado nas regiões de Balneário Camboriú e Itapema, o olhar de muitos compradores passou a se voltar para outras praias.
Continua depois da publicidade
A vantagem logística
Ele explica que a maior parte da massa de consumo das praias do Litoral Norte vem da região Norte catarinense ou de estados ao Norte de Santa Catarina. Isso teria criado um desafio logístico, que coincide com os gargalos da BR-101, palco de filas de horas na temporada para quem deseja chegar à região de Balneário Camboriú.
— Muita gente que pegava a estrada para vir a essas praias olhou e pensou: por que eu estou vindo para cá, pagando mais caro, se tenho opções de praias aqui com acesso que vão levar metade do tempo? — questiona o dirigente.
Outro ponto citado por ele é a balneabilidade, que confere às praias dessas cidades águas também tranquilas e convidativas para banhistas — as duas cidades tiveram praias classificadas com Bandeira Azul para esta temporada, reconhecimento aos balneários que mais se destacam no quesito ambiental.
A Stein começou a construir nessas cidades em 2022. Atualmente, os empreendimentos no Litoral respondem por metade das obras próprias da empresa e um quarto de todas as construções, que incluem também edificações para outros clientes como indústrias e poder público. O perfil dos apartamentos, segundo ele, é o mesmo alto-padrão adotado nas construções de Blumenau, mas com ajustes como uma área um pouco menor, já que em geral são imóveis de praia usados menos vezes ao ano.
Continua depois da publicidade
— Essas cidades hoje estão sempre cheias, os restaurantes durante a semana têm movimento, é impressionante a movimentação da economia local que já existe. O blumenauense mais tradicional nem sempre olhava tanto para lá, e já sentimos que nos últimos anos muitos estão interessados, pensando: “deixa eu ver como é que está essa região” — conta.
Ligação histórica com os terrenos nas praias
A construtora Torresani também passou a investir em projetos no litoral nos últimos anos. Após investir no Viva Park, em Porto Belo, os olhares se voltaram às oportunidades de Penha, Piçarras e Barra Velha. Atualmente, dos 228 mil metros quadrados de obras em execução, 62% estão concentrados no Litoral e 38% em Blumenau.
O presidente da empresa, Valter Torresani, acrescenta que outro fator que fez praias na região de Penha e Piçarras terem se tornado mais atrativas para incorporadoras do Vale é o fato de muitos blumenauenses terem adquirido terrenos nesta área ao longo dos anos, o que representou oportunidades de aquisição de áreas para construtoras ligadas a Blumenau.
Além disso, a escassez de terrenos na região de Itapema e Porto Belo também contribui para que os investimentos rumem ao Norte. A logística e os preços mais acessíveis também são outros atrativos que fazem as construtoras apostarem em projetos nessas regiões de Piçarras, Penha e Barra Velha, que os valores dos imóveis nas praias com estrutura mais consolidada atingem um patamar mais elevado.
Continua depois da publicidade
— Temos oportunidades de terrenos muito bem localizados, consequentemente também o valor por metro quadrado ainda é mais baixo. E tem também a questão da locomoção. Hoje para você ir de Blumenau a Piçarras é de 45 minutos a 1 hora e ainda tem alternativa. Está parada a BR-101, você entra em Luiz Alves e sai lá. Para ir de Blumenau a Porto Belo, você não escapa de menos de uma hora e meia quando está tudo bem, com sorte — avalia.
Como nem tudo são flores, Torresani reconhece que as limitações ainda existentes estão na infraestrutura, com oferta de restaurantes e shoppings, hoje ainda menor do que em regiões como Balneário Camboriú. Ainda assim, a crença é de que esses serviços estão se desenvolvendo na região e devem contribuir com a valorização dos novos imóveis.
— Para entrar em [Balneário] Camboriú e construir hoje é complicado porque você vai chegar disputando com construtoras que estão lá há 30 anos. Mas quem não for para o Norte agora e quiser ir daqui a 10 anos também vai ter dificuldade. Além disso, em termos de valorização do metro quadrado, ela vai subir numa rapidez muito grande. Algo que Balneário e Itapema talvez já não consigam, porque já chegaram a um patamar elevado — compara o empresário.

























