De janeiro a abril deste ano, houve um aumento no número de crianças intoxicadas por álcool em gel no país, na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram 108 registros no país em 2020, frente a 17 casos em 2019, o que representa um aumento de 535,2%. A maioria dos acidentes ocorrem em casa.
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Em entrevista ao Notícia na Manhã, a presidente do Departamento Científico de Toxicologia da Sociedade Catarinense de Pediatria Fabíola de Moura Cremonese de Mello alertou para a importância de manter o produto longe das crianças especialmente neste período de enfrentamento do coronavírus.
– O que tem acontecido é que elas têm mais acesso ao álcool que está nas residências em todos os momentos para higienização de mãos, as crianças pequenas acabam se confundindo e, na curiosidade, ingerem o álcool. Elas bebem o álcool, umas porque se confundem com água, se ele estiver em um recipiente diferente da sua embalagem original, e as menores bebem para explorar, para saber o que é aquilo em que os pais estão mexendo – explicou Fabíola.
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Fabíola de Moura Cremonese de Mello explica que as crianças menores são as mais expostas ao risco de intoxicação, pois até dois anos, é próprio do desenvolvimento infantil usar a boca para explorar o ambiente.
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– A ingestão de pequenas quantidades vai causar reações menores e de grande quantidades problemas mais graves. A maioria das intoxicações de crianças acontecem na residência, mas em qualquer ambiente em que a criança não esteja sob supervisão e tenha acesso ao álcool em gel, pode acontecer um acidente – enfatizou.
Fabíola destaca que os produtos de limpeza em geral devem ser um ponto de atenção dos pais e responsáveis, especialmente neste período em que a população está fazendo uso, com mais frequência do que o normal, de produtos para desinfecção de ambientes.
– Então, cabe realmente aos pais manter esse produto fechado e longe das crianças, em armários com travas ou que estejam em uma altura em que a criança não tenha acesso. O levantamento maior (feito pela Anvisa) foi sobre o álcool, mas também aumentou o número de casos com outros produtos, por exemplo, a água sanitária que também tem sido bastante utilizada na limpeza da casa – relatou.
Nos casos de intoxicação, a população deve entrar em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (0800 643 5252) e buscar atendimento de emergência pediátrica.
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Ouça a entrevista: