O Ibovespa, índice que aponta o desempenho médio das cotações das ações das bolsas de valores do Brasil, iniciou dezembro em queda nesta segunda-feira (1°), após fechar com números recordes na última semana. Com 158.611 pontos, a queda foi de 0,29%. O dólar, por outro lado, registrou uma alta de 0,43%, cotado a R$ 5,3581. Nesta semana, os investidores devem voltar suas atenções aos próximos indicadores econômicos como o PIB brasileiro do terceiro trimestre e ao retorno dos mercados internacionais, que podem definir se o patamar atual da bolsa brasileira se mantém.

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Neste início de mês, os principais pontos de atenção dos investidores são os sinais de juro no Brasil e nos Estados Unidos, além dos indicadores do Boletim Focus, divulgado todas as segundas-feiras pelo Banco Central do Brasil com as expectativas de mercado sobre alguns indicadores da economia brasileira.

O boletim indicou que um leve alívio nas projeções de inflação. A estimativa para 2025 recuou de 4,45% para 4,43%, enquanto a previsão para 2026 foi ajustada de 4,18% para 4,17%. Para 2027 e 2028, as projeções continuam as mesmas, de 3,80% e 3,50%, respectivamente.

Ainda sobre a inflação, falas do presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, também estão sob o foco de investidores. Mais cedo, Galípolo disse que o mercado de trabalho segue aquecido e que, por isso, a política monetária do Banco Central precisa agir de forma “mais conservadora”.

— O Brasil vive um contexto em que variáveis que normalmente caminham juntas passaram a se mover em direções inesperadas, como juros altos acompanhados simultaneamente por queda do desemprego e da inflação — disse.

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A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) também segue influenciando a bolsa, com projeção de 2,16% para 2025 e e de 1,78% para 2026. A Selic, por outro lado, que também influencia os investimentos no Brasil, continua com a expectativa de se manter em 15% ao ano. Para 2026, a previsão é que fique em 12% ao ano.

Ainda nesta semana, são esperados dados do PIB brasileiro do terceiro trimestre, na quinta-feira (4) e dados de emprego nos Estados Unidos, que podem redefinir o humor dos mercados após o recorde da bolsa brasileira e com a retomada do ritmo dos negócios no cenário externo.

Novembro terminou com números recordes

Na sexta-feira, o Ibovespa alcançou um novo recorde de pontos. O primeiro fator que contribuiu para isso foi o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. Sem pregão na quinta-feira e com horário reduzido na sexta nos EUA, houve uma maior reação dos investidores a indicadores brasileiros, como a queda do desemprego ao menor nível visto há 13 anos, anunciada também nesta sexta.

Os comunicados de empresas sobre remuneração aos acionistas, somados à expectativa de um corte de juros pelo Federal Reserve em dezembro, também impulsionaram as ações.

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Feriado de Ação de Graças nos EUA

A sessão desta segunda foi a primeira desde a sessão influenciada pelo Feriado de Ação de Graças nos Estados, Unidos, na sexta-feira, dia com menor volume de negócios, já que as bolsas funcionaram somente até às 15h no horário de Brasília.

Na ocasião, no Brasil, as ações do Itaú e da Vale foram as que mais tiveram impacto no Ibovespa. Serão R$ 23,4 bilhões em dividendos em relação ao banco, com avanço de 2,50%, enquanto a mineradora distribuíra 15,3 bilhões, com alta de 1,90%

Os índices em Wall Street, como o Dow Jones (+0,61% e 47.716,42 pontos), o S&P 500 (+0,54% e 6.849,09 pontos) e o Nasdaq (+0,65% e 23.365,69 pontos), fecharam em alta. As bolsas europeias também operam em alta, influenciadas pela expectativa do corte nos juros americanos e o avanço nas negociações na Ucrânia.

O mercado asiático também fechou, por outro lado, com operações mistas. Na China e em Hong Kong, por exemplo, as ações ficaram concentradas em temas relacionados à inteligência artificial. Hang Seng, por sua vez, caiu 0,34% a 25.858 pontos, assim como o mercado de Seul, na Coreia do Sul, que teve queda de 1,51%.

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A queda também foi vista na Petrobras, no Brasil, com recuo de 2,16% nas ações preferenciais. Isso porque foi feito o anúncio do Plano de Negócios 2026-2030, com previsão de US$ 109 bilhões em investimentos e US$ 45 milhões divididos.

Paralisação de mais de 11 horas nas negociações

Outro ponto atípico na sexta-feira que influenciou o recorde foi uma paralisação por mais de 11 horas nas negociações de contratos futuros globais, motivada por uma instabilidade nos data centers da maior operadora de bolsas do mundo, a CME. A última vez que uma interrupção assim havia sido registrada foi em 2014.

A falha suspendeu negociações de ações, títulos, commodities e moedas. No horário de Brasília, as operações foram retomadas às 10h35min.

De acordo com a CME, a instabilidade aconteceu por problemas no sistema de resfriamento dos data centers da empresa CyrusOne, responsável pelo atendimento de clientes na área de Chicago.

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Contratos como pares de moedas na plataforma EBS, futuros de petróleo WTI, índices Nasdaq 100 e Nikkei, além de ouro e óleo de palma foram impactados, assim como corretoras europeias que relataram dificuldades para oferecer alguns produtos.

O que a taxa de desemprego tem a ver com a bolsa de valores

A taxa de desemprego funciona como um medidor para sabe como está a economia de um país. Se a taxa permanece baixa, mesmo com os juros altos, mostra que o mercado de trabalho está mais resistente, fazendo com que o consumo se mantenha alto.

No trimestre que se encerrou em outubro, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,4%, segundo a Pnad Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abaixo da projeção do mercado de 5,5%, o menor nível da série histórica.

O indicador de desemprego registrou queda nas duas bases de comparação. Quanto ao trimestre anterior, houve recuo de 0,2 ponto percentual (de 5,6% para 5,4%). Já na comparação anual, a redução foi ainda mais significativa: 0,7 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2024, quando a taxa era de 6,2%.

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Atualmente, a população desocupada está estimada em 5,9 milhões de pessoas, menor nível da série histórica. O contingente diminuiu 3,4% no trimestre (o que equivale a menos 207 mil pessoas) e 11,8% em um ano (menos 788 mil).

Segundo dados da pesquisa, são mais de 39,2 milhões de pessoas empregadas com carteira assinada, enquanto 25,9 milhões trabalham por conta própria. O número de trabalhadores informais também é alto, chegando aos 38,8 milhões.

*As informações são do g1