Deputadas bolsonaristas do PL de Santa Catarina fizeram uma transmissão on-line na tarde desta sexta-feira (7) para discutir as divergências sobre a formação da chapa do partido para o Senado nas eleições de 2026. A deputada federal Júlia Zanatta e a deputada estadual Ana Campagnolo, que esteve no centro de discussões públicas com filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, fizeram uma “live” em que expuseram os pontos de vista sobre o plano de Carlos Bolsonaro de concorrer ao Senado por Santa Catarina.

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A mudança de Carlos Bolsonaro para SC tem gerado discórdia e polêmica entre bolsonaristas de SC nas últimas semanas. O motivo é o fato de que o projeto político dele poderia fechar o espaço para que a deputada federal catarinense Caroline de Toni pudesse concorrer ao Senado.

O governador Jorginho Mello (PL) já revelou um acordo com o ex-presidente Bolsonaro para que cada um indique um candidato a senador, e revelou preferência pelo nome do senador Esperidião Amin (PP), que pretende disputar a reeleição e poderia atrair para a aliança do governador os partidos Progressistas e União Brasil, que estão em federação e possuem ativos como filiados e tempo de TV.

Veja a polêmica sobre Carlos Bolsonaro em SC em fotos

A live desta sexta-feira teve seu momento mais tenso quando o senador Jorge Seif, que fez críticas a Campagnolo em um discurso na tribuna do Senado nesta semana, entrou na transmissão.

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— Eu não participo de nada com esse cidadão, vou ter que sair, então. Me acusou de traidora. Eu estou aqui antes dele — respondeu Campagnolo.

Após a entrada do senador, Campagnolo afirmou que aquele seria um “convívio desagradável” e de fato deixou a transmissão.

Seif falou por cerca de cinco minutos e defendeu a candidatura dos três — Carlos, Carol e Amin. Ele sustentou que o PL concorra em chapa pura, como fez na vitória de Jorginho Mello em 2022, tendo agora as candidaturas de Carlos e Carol. Amin, na tese do senador, poderia concorrer em chapa alternativa, pelo PP, como já fez em outras eleições.

— O PL chegou aonde chegou sem coligação nenhuma. Nós vamos perder Carol? Por que vamos perder Carol? O Carlos já estava “precificado”. Estão colocando na conta do Carlos [a possível saída de Carol do partido], mas isso não é verdade — afirmou.

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Na sequência da live, Campagnolo alfinetou Seif sobre a defesa de que os três sejam candidatos, ironizando que “tem dois votos [na eleição para o Senado], e [ele] diz que vai votar nos três”.

Campagnolo diz que apenas discordou de estratégia

A deputada estadual reclamou de estar sendo alvo de ataques nas redes sociais e ter sido chamada de “mentirosa” em um post de Carlos Bolsonaro, e disse que deveria receber um pedido de desculpas pelas críticas dos membros da família Bolsonaro.

— Em algum momento eu abandonei o bolsonarismo, ofendi o presidente ou os filhos do presidente? — questionou.

Campagnolo voltou a reafirmar que Carlos Bolsonaro “empurrou a Carol para fora [do partido]” e que a única coisa que estaria sendo tratada como traidora no partido apenas por “discordar de uma estratégia ruim”.

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— Se todas as pessoas que tiverem opinião diferente forem expurgadas, como é que se pretende eleger presidente ou chegar ao poder rifando os apoiadores. É uma estratégia boa essa? — afirmou.

Na avaliação da deputada, o atual racha no bolsonarismo de SC poderia ter sido evitado se Carlos Bolsonaro tivesse escolhido outro estado para concorrer ao Senado.

Preocupação com reeleição de Jorginho Mello

Zanatta questionou por que a deputada não defendia o fim da aliança entre PP e PL — que levaria à reserva de uma vaga para o senador Esperidião Amin, fechando o espaço a Carol de Toni.

— Por que a senhora não defende o fim dessa imposição de PP e PL? Por que a gente não defende chapa pura para a gente ter Carlos e Carol? Por que a senhora não cobra coragem da deputada Carol de Toni [para defender essa estratégia]? — cobrou Zanatta.

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Ao comentar o assunto, mais adiante na live, Campagnolo perguntou com quem o PP se coligaria caso não haja aliança com o PL. Segundo a parlamentar, isso levaria o atual senador a apoiar a candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), e poderia pôr em risco o projeto de reeleição de Jorginho. Ao ouvir de Zanatta que Carlos Bolsonaro estaria disposto até mesmo a ser candidato e perder, Campagnolo rebateu:

— Ele pode estar disposto a vir e perder, só não pode ameaçar a candidatura do Jorginho Mello. Você não pensa no governo de Santa Catarina? É bom para o nosso governo? — questionou Campagnolo.

No restante da live, as duas deputadas discutiram sobre assuntos como o trabalho dos senadores Seif e Amin e a prisão de Jair Bolsonaro. Campagnolo afirmou ainda ser contra destinar a vaga de vice-governador ao MDB, cenário já admitido pelo governador Jorginho Mello em entrevista recente, e alegou que a maioria dos prefeitos seria contra a candidatura de Carlos Bolsonaro por SC.

A transmissão teve cerca de uma hora e meia e terminou após Campagnolo precisar sair da live para se encontrar com o governador em um evento em Blumenau.

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Veja transmissão