Com as eleições nos Estados Unidos indefinidas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quarta-feira (4) que não interfere no pleito americano, mas voltou a dizer que torce pela reeleição do republicano Donald Trump.
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O presidente disse que tem uma “opinião clara” e que isso não é interferência.
— Tenho uma boa política com o Trump, espero que ele seja reeleito. O Brasil vai continuar sendo o Brasil. Sem interferir em nada, até porque quem somos nós para interferir? — disse Bolsonaro a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em declarações transmitidas por um site bolsonarista.
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— E esse bom relacionamento, coisa que não havia em governos anteriores. Tirando o [ex-presidente Michel] Temer, em governos anteriores não havia esse bom relacionamento. E tem gente incomodada com isso, acham que eu deveria ser inimigo dos Estados Unidos ou criticar o governo americano e elogiar a Venezuela, Cuba e outros países que não têm nada de exemplo para nós aqui na América do Sul.
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A disputa pela Casa Branca permanece indefinida, com votos ainda sendo contados nos estados que devem determinar o resultado.
Questionado sobre aqueles que consideram que seu apoio aberto à reeleição de Trump constitui ingerência na política internacional, o líder brasileiro respondeu ironicamente:
— A minha interferência você quer como? Econômica, militar, bélica ou cibernética? —brincou com seus apoiadores.
Bolsonaro criticou o candidato do Partido Democrata, Joe Biden, que está concorrendo à presidência com Trump, por instar o Brasil a preservar sua floresta amazônica.
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— O candidato democrata em duas oportunidades falou sobre a Amazônia. É isso que vocês querem para o Brasil? Aí sim é uma interferência de fora para dentro — disse o presidente.
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Resultado das eleições nos EUA
Os primeiros dados da noite desta terça (3) abriram caminho para Trump seguir na disputa à reeleição e mostraram que a corrida não terá ampla vantagem para Biden, ao contrário do que mostravam as pesquisas. Entre os estados considerados mais competitivos, Trump ganhou Flórida, Ohio e Iowa, segundo as projeções.
Biden, por sua vez, leva vantagem no Arizona e tem a matemática dos votos restantes a seu favor. Dessa forma, a disputa virou mais uma vez para os estados do cinturão da ferrugem – Michigan, Wisconsin e Pensilvânia-, além da sulista Geórgia.
Admirador declarado de Trump, Bolsonaro ironizou, em frente ao Alvorada nesta quarta, uma pergunta sobre se interferia nas eleições americanos.
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— Você deve estar lendo Veja, Folha, Globo. Minha interferência você quer como? Econômica, bélica, militar ou cibernética? Quem fala isso tem que deixar os banquinhos escolares e ver como é a realidade. Preferência acho que todo mundo tem. Não vou discutir com ninguém, quem é democrata que porventura torce por republicano —acrescentou o presidente.
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Bolsonaro tem sido aconselhado por auxiliares a se manter distante das eleições norte-americanas, uma vez que o resultado eleitoral no momento é considerado imprevisível e existe receio de uma relação turbulenta com o Brasil caso o democrata Joe Biden conclua o processo como vencedor.
O presidente foi orientado a não parabenizar Trump caso ele declarasse vitória antecipada – o que o americano de fato fez.
No entanto, Bolsonaro fez uma crítica a Biden nesta quarta e disse que o candidato interferiu em assuntos internos do Brasil ao criticar a política ambiental do governo. “Só complementar aqui: o candidato democrata em duas oportunidades falou sobre a Amazônia. É isso que estamos querendo para o Brasil? Aí sim uma interferência de fora para dentro”, disse.
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Durante o primeiro e caótico debate presidencial nos EUA, o candidato democrata, ao se referir à Amazônia, disse que “a floresta tropical no Brasil está sendo destruída”.