O ano de 2025 foi de fortes emoções para quem acompanha o noticiário político. O desfecho de casos emblemáticos, como o julgamento dos envolvidos na trama golpista e nos atos de 8 de janeiro, e o surgimento de novas polêmicas, como o tarifaço dos Estados Unidos e o escândalo do INSS, esquentaram os debates e fizeram de 2025 um ano turbulento na política, mesmo sem ser um ano eleitoral. 

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Alguns episódios, inclusive, já surtiram efeitos sobre capítulos da corrida eleitoral que deve se desenvolver em 2026, como a disputa pelo herdeiro dos votos bolsonaristas ou as pautas da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais e a agenda da segurança pública. Confira abaixo os temas que marcaram a política deste ano e os indicativos que já deixaram sobre o que pode estar por vir em 2026:

Veja fotos e fatos que marcaram a política em 2025

  • Posse de prefeitos eleitos e primeiro ano de mandato
  • Operação “Sem Desconto” e fraude no INSS 
  • Eleições no Legislativo 
  • Ida de Eduardo Bolsonaro aos EUA 
  • Decreto do IOF e agravamento de crise política 
  • Bolsonaro com tornozeleira eletrônica 
  • Tarifaço: carta de Trump e recuos posteriores 
  • PEC da Blindagem e projeto de anistia 
  • Prisão e condenação de Bolsonaro e réus da trama golpista 
  • Aprovação de isenção de IR até R$ 5 mil 
  • Disputa pelo herdeiro do bolsonarismo 
  • Senado em SC com Carlos Bolsonaro e racha na direita 
  • Megaoperação no RJ e discussão sobre PL Antifacções 
  • Pré-candidatura de Flávio Bolsonaro a presidente 
  • Aprovação do PL da Dosimetria 
  • Alesc aprova fim das cotas raciais em universidades estaduais
  • Banco Master e STF na mira 
  • Fugas de Zambelli e Ramagem 

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Posse de prefeitos eleitos e primeiro ano de mandato 

O início do ano foi marcado pela posse ou recondução aos mandatos dos prefeitos eleitos ou reeleitos nas urnas em 2024. Nas maiores cidades de SC, nomes como Topázio Neto, PSD (Florianópolis), João Rodrigues, PSD (Chapecó), e Adriano Silva, Novo (Joinville), deram início ao segundo mandato, com os nomes já citados no processo da eleição estadual de 2026. 

Operação “Sem Desconto” e fraude no INSS 

O escândalo de fraude no INSS levou à saída do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, e desgaste do governo federal, com abertura de uma CPI no Congresso. Segundo a denúncia, associações e sindicatos descontavam valores de aposentados sem autorização. O prejuízo estimado até o momento é de até R$ 6,3 bilhões. 

Eleições no Legislativo 

Fevereiro chegou com as vitórias de Hugo Motta para a presidência da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre no Senado e Júlio Garcia ao comando da Assembleia Legislativa (Alesc). Os três líderes deram o ritmo das aprovações no Legislativo ao longo do ano. Motta e Alcolumbre também foram pivôs de acordos e crises políticas com o governo Lula. 

Ida de Eduardo Bolsonaro aos EUA 

Ainda em fevereiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) anunciou que se mudou para os Estados Unidos em busca de sanções do país em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, à época réu no processo da trama golpista. Eduardo precisou se licenciar pelo prazo máximo (120 dias), não voltou ao Brasil e teve o mandato cassado por excesso de faltas em dezembro. O PL ainda tenta reverter a decisão. 

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Decreto do IOF e agravamento de crise política 

Em maio, o governo Lula publicou um decreto aumentando o IOF sobre operações de crédito, sobretudo entre empresas. O Congresso, no entanto, reagiu mal e ameaçou rejeitar a proposta, o que forçou o governo a recuar em alguns pontos e dialogar. O projeto expôs a fragilidade na articulação política do governo federal e antecipou o clima de confronto que marcaria o restante de 2025. 

Bolsonaro com tornozeleira eletrônica 

O ex-presidente Jair Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica como uma das medidas cautelares decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão ocorreu no processo que investigava a atuação de Eduardo Bolsonaro contra o Brasil nos Estados Unidos, e o possível papel de Jair Bolsonaro como financiador do filho fora do país. 

Tarifaço: carta de Trump e recuos posteriores 

Em carta ao governo Lula, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros vendidos ao país. Entre as explicações, Trump citou uma suposta “caça às bruxas” que o país estaria fazendo a Jair Bolsonaro, além de outros pontos como decisões contrárias a big techs norte-americanas e um suposto déficit norte-americano na balança comercial com o Brasil. Dois meses depois, na conferência da ONU, Trump e Lula se encontraram pela primeira vez e o presidente dos EUA chegou a dizer que teria “rolado uma química” entre os dois. Nos meses seguintes, eles se falaram por telefone e em uma reunião presencial na Ásia. Os encontros foram seguidos de recuos de Trump, com a retirada do tarifaço sobre diferentes setores de produtos brasileiros. Trump também não voltou a fazer grandes defesas públicas de Bolsonaro. 

PEC da Blindagem e projeto de anistia 

O Congresso tentou aprovar a chamada PEC da Blindagem, que previa dificultar a investigação de parlamentares exigindo autorização para apurações e decisões de órgãos como o Supremo Tribunal Federal (STF), além de estender o foro privilegiado a presidentes de partidos. A proposta tramitou em paralelo com o PL da Anistia, que previa livrar condenados dos atos de 8 de janeiro. O texto foi aprovado na Câmara, mas rejeitado no Senado após manifestações populares, em setembro. 

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Prisão e condenação de Bolsonaro e réus da trama golpista 

Após descumprir uma das medidas determinadas por Alexandre de Moraes, de não utilizar celular e participar de transmissões em redes sociais, Jair Bolsonaro teve a prisão domiciliar decretada em 4 de agosto. O fato ocorreu após ele fazer um discurso por celular para manifestantes de um protesto na Avenida Paulista. Bolsonaro, que já estava usando tornozeleira, passou a ter que ficar recluso em casa. Em setembro, ele e os outros sete réus do núcleo crucial da trama golpista foram julgados e condenados por cinco crimes ligados a tentativa de golpe. Bolsonaro teve pena de 27 anos e 3 meses de prisão, e começou a cumprir a pena em 25 de novembro, na Superintendência da PF do Distrito Federal, onde já havia sido detido dias antes após tentar romper a tornozeleira utilizando um ferro de solda. Os outros condenados do núcleo 1 do golpe tiveram penas de dois a 24 anos de prisão. No total, dos 31 julgados ao longo do ano, 29 foram condenados e dois foram absolvidos. 

Aprovação de isenção de IR até R$ 5 mil 

Em outubro, o Congresso aprovou projeto de lei do governo Lula que dá isenção de Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil por mês. A medida passa a valer em 2026, e estará visível aos contribuintes na declaração de renda feita em 2027. Para compensar a perda de arrecadação, estimada em R$ 27 bilhões ao ano, o governo anunciou uma tributação de quem ganha acima de R$ 600 mil por ano. O tema deve ser uma das principais bandeiras políticas da gestão Lula para tentar a reeleição em 2026. 

Disputa pelo herdeiro do bolsonarismo 

Outra disputa que movimentou a política em 2025 foi a corrida para definir o herdeiro do bolsonarismo. No início do segundo semestre, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), radicalizou o discurso e chegou a criticar o ministro Alexandre de Moraes em cima de um caminhão durante um protesto em favor da anistia a presos do 8 de janeiro. A fala gerou reações e surpreendeu quem apostava em um perfil mais “moderado” de Tarcísio para 2026. A mudança retórica chegou até a animar outros governadores de direita que observam os movimentos de olho no espólio eleitoral bolsonarista, como Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais. No entanto, semanas depois, Tarcísio anunciou que não pretendia concorrer à Presidência da República e focou em aparições de entregas de realizações no governo de SP. 

Senado em SC com Carlos Bolsonaro e racha na direita 

Outro embate que movimentou a política nacional foi a disputa pelas vagas de candidatos ao Senado por Santa Catarina nas eleições de 2026. O ex-presidente Jair Bolsonaro escolheu o filho Carlos Bolsonaro para concorrer pelo Estado. A intenção inicial era garantir a vaga do Rio de Janeiro ao filho mais velho, Flávio, anunciado como nome à presidência na reta final do ano. Ocorre que a chegada de Carlos Bolsonaro em SC atrapalhou os planos do PL local, que planejava candidaturas de Carol de Toni (PL) e Esperidião Amin (PP) na chapa que tentará reeleger o governador Jorginho Mello. A disputa de três nomes por duas vagas esquentou os debates internos no PL e chegou a render discussões públicas entre nomes como a deputada estadual Ana Campagnolo e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. O ano de 2025 termina sem uma definição final sobre o assunto e ainda com uma possibilidade de que Carol de Toni precise deixar o PL e concorra ao Senado por outro partido, estando até mesmo em projeto diverso do governador Jorginho Mello. 

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Megaoperação no RJ e discussão sobre PL Antifacções 

Em novembro, a megaoperação contra o crime organizado no Rio de Janeiro deixou 122 mortos e rendeu desdobramentos também no campo político. O governador Cláudio Castro (PL), que tentou ganhar dividendos políticos com a operação, juntou-se a outros governadores, como o de Santa Catarina, para formar um “consórcio da paz”, grupo para discutir ações contra a criminalidade. Após a megaoperação, propostas como o PL Antifacções e a PEC da Segurança Pública aceleraram a tramitação no Congresso. O tema também colocou de vez a segurança pública e o crime organizado na agenda política, fazendo com que muitos apostem que este seja o principal tema da campanha eleitoral no próximo ano. 

Pré-candidatura de Flávio Bolsonaro a presidente 

Um dos últimos episódios do ano político foi a confirmação de que o senador Flávio Bolsonaro deve ser o nome do bolsonarismo para a disputa a presidente da República nas eleições de 2026. A indicação foi feita pelo pai Jair Bolsonaro em cartas escritas da prisão na Superintendência da PF. O projeto frustrou quem defendia uma candidatura unificada de Tarcísio de Freitas, com o bolsonarismo e partidos do Centrão.  

Aprovação do PL da Dosimetria 

Também na reta final do ano político foi aprovado na Câmara e no Senado o PL da Dosimetria, que reduz a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro e de condenados por atos da trama golpista e pelos ataques do 8 de janeiro. O texto reduz o tempo necessário de cumprimento de pena para a chamada progressão de regime, quando o réu condenado poderia passar para o regime semiaberto ou domiciliar. O projeto ainda aguarda aval do presidente Lula, que já anunciou que pretende vetá-la, mas ainda assim o Congresso poderá derrubar o veto e fazer a proposta entrar em vigor. 

Alesc aprova fim das cotas raciais em universidades estaduais

No contexto local, uma das polêmicas de dezembro foi a aprovação de um pacote do governo de SC e de propostas dos deputados estaduais na última sessão do ano da Assembleia Legislativa. A matéria mais polêmica foi o fim das cotas raciais em universidades estaduais, como a Udesc, ou que recebam recursos do Estado, como as instituições do sistema Acafe. O texto pretende manter apenas cotas por renda ou alunos oriundos de escola pública. A proposta é alvo de tentativas de derrubada na Justiça e rendeu críticas de defensores de ações afirmativas. No mesmo dia, a Alesc também aprovou um aumento em uma bonificação paga a membros da mesa diretora (com exceção do presidente) e deputados que exerçam papel administrativo. 

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Banco Master e STF na mira 

Outra polêmica da reta final foi o escândalo do Banco Master, liquidado pelo Banco Central após denúncias de fraudes e inconsistências em negociações. Investidores que tinham títulos sujeitos à proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) precisaram acionar o órgão para reaver os valores aplicados na instituição. Em paralelo a isso, reportagens na imprensa também denunciam relações do ex-chefe do Banco Master, Daniel Vorcaro, preso prestes a fugir do Brasil, e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Uma acareação entre os envolvidos é aguardada para este dia 30 de dezembro. 

Fugas de Zambelli e Ramagem 

Ambos apoiadores declarados do ex-presidente Jair Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli e o deputado Alexandre Ramagem (PL) fugiram do Brasil após serem alvo de condenações do Supremo Tribunal Federal (STF). No caso de Zambelli, a fuga ocorreu em junho deste ano, primeiro para os Estados Unidos e depois para a Itália, país do qual ela também tinha nacionalidade. Ela havia sido condenada por participar de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, com auxílio de um hacker, emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. Zambelli foi localizada e presa na Itália em julho e, agora, aguarda julgamento sobre pedido de extradição feito pelo Brasil. Já Ramagem foi condenado em setembro no núcleo 1 da trama golpista a 16 anos de prisão. Em dezembro, ele foi fotografado em um hotel na Flórida, Estados Unidos. Ramagem teria deixado o Brasil por Roraima, de carro. Ele também é alvo de pedidos da Justiça brasileira, mas permanece foragido.