O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou seu canal no Telegram para responder à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que acusou Bolsonaro de abandonar a população.
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No texto, intitulado “contra mais uma farsa da esquerda, a verdade”, o político do PL cita ações do Ministério da Saúde voltadas para os povos indígenas em sua gestão. O ex-presidente, porém, omite dados sobre mortes de indígenas. Houve aumento nos números a partir de 2019, quando começou a gestão Bolsonaro.
Neste sábado (21), Lula visitou o território Yanomami em Roraima e viu de perto a crise de saúde pública e humanitária que a população vive, com falta de atendimento médico, transporte e desnutrição. A região é palco de confrontos violentos e frequentes entre garimpeiros e os indígenas, além de denúncias de negligência do governo do Estado e da antiga gestão Bolsonaro.
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“É desumano o que eu vi aqui. Sinceramente, se o presidente que deixou a Presidência esses dias em vez de fazer tanta motociata tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse tão abandonado como está” disse Lula em declaração após visita.
Em seu canal no Telegram, Bolsonaro escreveu que, entre 2020 e 2022, foram realizadas 20 ações de saúde em territórios indígenas.
“Os cuidados com a saúde indígena são uma das prioridades do Governo Federal. De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de Atenção Básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS”, escreveu.
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“Outra medida inicial foi a adoção do protocolo sanitário de entrada em territórios indígenas. Tanto no ano de decretação da pandemia quanto no seguinte foram produzidos informes técnicos de orientação aos serviços de saúde sobre diagnóstico, testagem, prevenção, controle e isolamento”, diz outro trecho da nota.
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No entanto, segundo dados do relatório “Povos Indígenas e Meio Ambiente”, lançado no ano passado pelo Coletivo RPU Brasil, na gestão Bolsonaro:
- Houve aumento da mortalidade de bebês indígenas, que voltou a subir em 2019. Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre janeiro e setembro de 2019, último mês com estatísticas disponíveis, morreram 530 bebês indígenas com até 1 ano de idade;
- Na Amazônia, o desmatamento atingiu, em 2020, a maior taxa de desmatamento em 12 anos, com 10.851 km2. Nas terras indígenas a taxa cresceu 90%;
- A Funai operou com um terço de sua força de trabalho;
Dados do Ministério da Educação (MEC) apontam que 1.029 escolas indígenas não funcionam em prédios escolares, e 1.027 escolas indígenas não estão regularizadas por seus sistemas de ensino. Além disso, 1.970 escolas não possuem água filtrada, 1.076 não contam com energia elétrica e 1.634 escolas não têm esgoto sanitário; 3.077 escolas não possuem biblioteca e 1.546 não utilizam material didático específico.
O presidente também deu declarações preconceituosas contra os povos indígenas:
Em 2016, ainda deputado federal, em vídeo de entrevista ao New York Times, Bolsonaro disse que quase comeu um indígena em Surucucu, e que “eles [yanomamis] cozinham o índio, é a cultura deles”. Isso é mentira. Em 2020, disse que o “índio está evoluindo” e “cada vez mais é um ser humano igual a nós”, durante transmissão em vídeo realizada nas redes sociais.
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*Por Leonardo Martins
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