A cena de um sagui invadindo um apartamento em um condomínio do bairro Trindade em Florianópolis, na terça-feira (9), para comer uma banana deixada em uma fruteira, ilustra um fenômeno que vem acontecendo com frequência em Florianópolis. Os pequenos macacos têm sido avistados em diversos pontos da cidade, gerando uma convivência que divide opiniões entre a população.

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Os saguis podem ser vistos em locais como, por exemplo, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — onde há placas orientando os alunos a não alimentá-los — no Pantanal, na Lagoa do Peri, na trilha das piscinas naturais da Barra da Lagoa, no Morro da Cruz e em outros bairros da capital.

No condomínio da Trindade, os moradores vêm percebendo a presença dos saguis no jardim há cerca de um ano. O caso mais recente de “invasão” no apartamento dividiu opiniões entre quem acha os animais engraçados e quem considera eles “folgados”.

— Foi a primeira vez que entrou um sagui no meu apartamento, teve uma outra vez que tinha um grupo mas vi a tempo e consegui fechar as janelas — disse a moradora que registrou a cena.

Veja fotos dos saguis em Florianópolis

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Espécie não é nativa de SC

Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Espécies Exóticas Invasoras do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), Elaine Zuchiwschi, não é possível afirmar que exista uma “superpopulação” de saguis em Florianópolis, já que não há levantamentos populacionais. Mas ela destaca que os animais não são nativos da Ilha.

— Os saguis em vida livre em Florianópolis são nativos das Regiões Sudeste e Nordeste do país e não existiam naturalmente no Estado. Sua distribuição ocorreu por tráfico ilegal de animais e vendas informais, também ilegais, como animais de estimação. Não são animais domesticados, podendo morder pessoas que se acerquem deles. Por isso é comum que quem adote um sagui solte-o em parques e outras áreas — explica.

A adaptação à capital ocorre porque a cidade reúne fragmentos de vegetação nativa intercalados à ocupação urbana, oferecendo condições de habitat. Essa proximidade, somada à facilidade de acesso a alimentos, leva os saguis a frequentarem áreas densamente povoadas.

— Os animais são atraídos por alimentos com fácil acesso e alimentá-los pode causar invasão de residências. Em áreas onde há saguis, utilize lixeiras com tampa e não deixe água ou alimentos disponíveis, assim eles se afastarão. Não ofereça alimentos aos saguis — orienta Zuchiwschi.

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Veja vídeo do sagui entrando no apartamento

Riscos para ambas as espécies

A convivência próxima também pode trazer riscos para as pessoas, como raiva, hepatites, leptospirose, klebsiellose e yersiniose. Os saguis também correm risco, pois são muito sensíveis à herpes, que pode ser transmitida pelos humanos até mesmo por meio de alimentos compartilhados.

De acordo com o IMA, os saguis apresentam comportamento territorialista, competem com espécies nativas e podem predar aves, répteis e ovos. Por isso, a orientação é que as pessoas não alimentem os animais e evitem deixar restos de comida expostos.

O IMA produziu um folheto educativo e um cartaz sobre saguis que estão disponíveis para que a população imprima. Interessados no material podem entrar em contato pelo e-mail exoticasinvasoras.sc@gmail.com.

IMA produziu cartazes que podem ser distribuídos à população (Foto: IMA, Divulgação)

Infográfico mostra as características e como funciona a sociedade dos saguis

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