O general Braga Netto, que foi candidato a vice de Jair Bolsonaro na chapa que concorreu às eleições de 2022, seria, segundo o relatório da Polícia Federal que indicia ambos e mais 35 pessoas, o “arquiteto” por trás da tentativa de golpe de Estado. A trama pretendia manter o político do PL no poder mesmo após a derrota nas urnas.

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Braga Netto foi indiciado na quinta-feira (21) pelos mesmos crimes de Bolsonaro: golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito, e organização criminosa.

Investigadores ouvidos pelo g1 colocam Braga Netto como a “cabeça pensante”, responsável pela “operacionalização do golpe”. De acordo com os investigadores, o general integraria um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, pasta que seria criada após a execução de Lula, Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.

Bolsonaro, assessores e apoiadores indiciados

Nesta quinta-feira (21), 37 pessoas foram indiciadas por tentativa de golpe de Estado. Entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro; o ex-ajudante de ordens dele, Mauro Cid; o general Braga Netto; e até um padre. O relatório, no entanto, ainda está sob sigilo e detalhes da conclusão da polícia ainda são desconhecidos.

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A PF atribui a todos os indiciados três crimes:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos de prisão): envolve tentativas de restringir ou impedir o funcionamento dos poderes constitucionais por meio de violência, ou grave ameaça.
  • Golpe de Estado (4 a 12 anos de prisão): configura-se quando há tentativa de depor o governo legitimamente constituído.
  • Organização criminosa (3 a 8 anos de prisão): relaciona-se à formação de associações com divisão de tarefas para cometer crimes de alto impacto.

Estes crimes, previstos no Código Penal e em leis complementares, incluem a possibilidade de punição mesmo que a tentativa não tenha se concretizado.

Seis núcleos golpistas

O documento aponta a existência de seis núcleos golpistas: um de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral, um núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado, um núcleo Jurídico, um núcleo operacional de Apoio às Ações Golpistas, um núcleo de Inteligência Paralela e, por fim, um núcleo operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

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Segundo os investigadores da PF, o primeiro grupo atuava na propagação de notícias falsas para desacreditar as urnas eletrônicas e colocar sob suspeita a legitimidade das eleições. Paralelamente, outro núcleo buscava incitar mais militares a aderir ao golpe de Estado em planejamento. A área jurídica elaborava documentos e argumentos jurídicos para as intenções do grupo que tramava contra a democracia.

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Os outros três núcleos atuariam na parte operacional do plano, com apoio às ações golpistas, investigação paralela sobre trajetos feitos por alvos como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O relatório final da investigação da PF tem 884 páginas e foi encaminhado ao STF. As provas foram obtidas por diligências policiais feitas durante quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas autorizadas pela Justiça.

A descoberta mais recente dos investigadores foi revelada esta semana, com a divulgação do plano de matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, que também poderia ser alvo de sequestro. Dos cinco presos preventivamente nesta semana em razão destas denúncias, quatro estão na lista de indiciados confirmada nesta quinta-feira pela PF.

Além do Bolsonaro, nomes como o candidato a vice na chapa dele em 2022, general Braga Neto, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, general Augusto Heleno.

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* Com informações do Metrópoles e do g1.

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