O acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid está em jogo, e pode mudar o rumo não apenas do futuro do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mas também da esposa dele e do pai. Os próximos passos ainda devem ser decididos na tarde desta quinta-feira (21), quando Cid presta depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são do Globo.

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Se a delação for cancelada, Cid perde os benefícios concedidos por ele no acordo. O tenente-coronel pediu que seus familiares fossem poupados de punição. A esposa dele, Gabriela Santiago, e o pai, general Mauro Cesar Lourena Cid, podem estar envolvidos no esquema da venda de joias e fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro, parentes e assessores.

Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023, na operação que investiga a falsificação nos cartões de vacinação. Em setembro, após quase seis meses de detenção, o militar firmou o acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, e que foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes. Com isso, Mauro Cid foi solto.

No entanto, no início da semana, a PF enviou ao STF um relatório com informações sobre omissões do militar, que o poderia prejudicar o acordo. Até esta quinta, conforme informações obtidas pelo Globo, advogados ainda tentavam convencer Cid a contar o que sabe em relação à tentativa de assassinato do presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, e Alexandre de Moraes.

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Para a defesa, apenas contando tudo o que sabe, Cid pode ter chances de manter o acordo de pé. Quem vai decidir sobre isso é a Corte. Caso o acordo caia, caiem também os benefícios concedidos ao militar.

Um relatório da PF foi enviado ao Supremo na tarde desta quinta e deve ser encaminhado por Moraes à PGR, que deve se manifestar sobre o caso. No documento, a PF diz que Cid descumpriu o acordo, ao dizer que não sabia do plano que incluia o assassinato da chapa vencedora das eleições e do ministro Alexandre de Moraes.

Cid é um dos indiciados pela PF por tentativa de golpe

Mauro Cid é um dos 37 indiciados pela PF por tentativa de golpe de Estado. O inquérito foi finalizado pela PF nesta quinta. Além dele, Jair Bolsonaro, Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército envolvido no caso das vacinas, Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército, autor da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro”, e Alexandre Rodrigues Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal, estão entre os nomes citados.

A PF afirma que o grupo ligado a Bolsonaro se dividiu em seis núcleos para organizar uma tentativa de golpe de Estado, como “Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral”, “Núcleo Jurídico” e “Inteligência Paralela”. Agora, o relatório está com o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

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