Apesar da fama do Brasil por suas festas alegres e cores vibrantes, a escolha da cor dos carros mostra um comportamento mais sóbrio entre os brasileiros. Essa constatação vem de um levantamento sobre as cores da frota nacional, feito pela Fipe em parceria com a Veloe, com dados do Senatran.

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Em janeiro de 2025, 67,8% da frota nacional de veículos estava registrada em cores neutras como branca (21,7%), preta (18,9%), prata (16,5%) e cinza (10,6%).

Os veículos com cores vibrantes representavam 32%, sendo o vermelho (15,5%) e o azul (7,6%) os mais comuns, seguidos por verde (3,6%), bege (1,9%), amarelo (1,3%) e marrom (0,7%).

Cores raras, como laranja (0,4%), dourada (0,3%), roxa (0,3%), rosa (0,1%) e fantasia (0,1%), representaram menos de 1% da frota. A cor fantasia abrange várias tonalidades não padronizadas pelo Detran. A cor grená não teve relevância nos dados analisados.

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Por que a cores neutras prevalecem?

A preferência dos consumidores no mercado de veículos é influenciada por diversos fatores econômicos, sociais e culturais.

A desvalorização dos veículos usados leva muitos a escolherem cores neutras, facilitando a revenda e minimizando perdas financeiras.

A cultura e o clima também impactam nas escolhas de cores. Em regiões com forte identidade local e clima quente, cores vivas são mais aceitas, refletindo a celebração da diversidade.

Legislações locais, como a padronização das cores de táxis, também regulam e limitam a variedade de tonalidades, afetando a distribuição das cores nos veículos.

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Preferências mudam conforme o Estado

A análise das preferências por estado revela diferenças significativas na adoção de cores de veículos. O Distrito Federal apresenta a maior proporção de veículos em tons neutros ou monocromáticos, com 73,2%, seguido por Espírito Santo e São Paulo (70,8% cada), Mato Grosso do Sul (70,5%) e Santa Catarina (70,4%).

Em contraste, os estados com maior variedade de cores vibrantes são Maranhão (39,7%), Piauí (39,5%), Ceará (39,1%), Acre (38,3%) e Amazonas (38,1%).

Veja imagens de modelos com versões coloridas

A presença marcante de cores vibrantes no Norte e Nordeste do Brasil vai além dos veículos, refletindo elementos culturais dessas regiões, como festas populares, arquitetura colonial e vestimentas do dia a dia, que valorizam tons intensos e alegres.

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Esse apreço histórico por cores, associado ao clima quente e festivo, pode explicar a preferência por carros em tonalidades como vermelho, azul e verde.

A preferência por cores neutras no Sul e Sudeste do Brasil pode estar associada a um conservadorismo estético e cultural, refletindo valores como discrição e sobriedade. Isso se manifesta na arquitetura, moda e na identidade visual dos veículos.

Além disso, fatores econômicos também influenciam essa escolha, já que cores neutras são consideradas investimentos mais seguros no mercado de seminovos, facilitando a revenda e reduzindo o risco de desvalorização.

Região sul: preferência do branco

A preferência por cores discretas ou neutras é um fenômeno nacional, com a participação dessas tonalidades não abaixo de 60% em nenhum estado analisado, evidenciando seu domínio na paleta de veículos do país. No Sul e Sudeste, a cor branca é especialmente prevalente; na média nacional, representa 21,7% da frota, mas em estados como Santa Catarina e Espírito Santo, esse percentual chega a 27%.

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A cor preta está em destaque, associada à elegância e status social, com uma participação acima de 20% em vários estados; no Rio de Janeiro chega a 18,8% e no Pará a 23,4%.

Cinza e prata, consideradas neutras, apresentam pequena variação na frota nacional, com prata em 16,5% e cinza em 10,6%. Essa preferência pode ser atribuída à menor visibilidade de sujeira e desgaste, além de refletir modernidade e tecnologia.

A cor vermelha é a mais comum entre as vibrantes, com uma participação média de 15,5% na frota nacional, ultrapassando outras cores como azul, verde e amarelo. Em alguns estados, chega a mais de 20%.

A cor azul nos veículos apresenta variações significativas por região, com percentuais chegando a 9% em estados como Roraima, enquanto a média nacional é de 7,6%. Isso sugere que algumas localidades têm maior afinidade ou oferta de veículos azuis em comparação à média do país.

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Cores claras, especialmente o branco, são frequentemente consideradas mais apropriadas para veículos em regiões quentes, pois refletem melhor a radiação solar e ajudam a reduzir a absorção de calor. No entanto, essa diferença não é suficientemente significativa para eliminar a necessidade de ar-condicionado para conforto.

Por Lucia Camargo Nunes da @viadigitalmotorsoficial

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