A labradora Zaara atuou por nove anos como cão de busca e resgate do Corpo de Bombeiros Militar de Brusque e, nesta semana, aposentou-se do serviço. Ela formava binômio com o sargento Carlos Alexandre de Souza e, juntos, trabalharam em ocorrências como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) em 2019, as cheias no Rio Grande do Sul no ano passado e a tragédia das chuvas em Pernambuco em 2022.
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Zaara chegou ao batalhão aos três meses de vida, quando foi doada ao sargento, que era cabo na época. Ela fez história no Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina ao ser a primeira cão de busca e resgate da 3ª Companhia, em Brusque. Da ninhada dela, outros três labradores também se tornaram cães de busca e resgate em outras cidades, sendo eles Chewbacca, Barney e Bravo. Afinal, todos são filhos do Ice, o primeiro cachorro no Estado a atuar como salva-vidas em Itajaí.
Logo que Zaara chegou ao batalhão brusquense em 2016, o treinamento começou com o condicionamento e preparação para atuar em operações reais de busca e resgate, conforme explica Souza. Foram dois anos e meio de treinamentos diários intensivos para ela ser aprovada nos testes. O sargento relata que foi um trabalho árduo conseguir a primeira certificação dela, mas a qualificação finalmente veio em 2018 depois de uma prova rígida de três dias no município de Três Barras.
Em 2019, veio a primeira ocorrência: a tragédia em Brumadinho, em Minas Gerais. Foram nove dias de trabalho em condições adversas à procura de desaparecidos após o rompimento da barragem de rejeitos de minérios da Vale do Rio Doce. O binômio também participou das buscas de vítimas das cheias no Rio Grande do Sul no ano passado. À época, a dupla trabalhou em buscas em áreas de mata.
Confira algumas fotos de Zaara e do sargento
Além de fofa, Zaara é uma trabalhadora qualificada, premiada e certificada, tanto nacional quanto internacionalmente pela Organização Internacional de Cães de Busca e Salvamento (IRO). Ela treinou para atuar em busca e resgate em ambiente de mata, estrutura colapsada, áreas deslizadas, além de ser capacitada para localizar pessoas com vida ou mortas, inclusive em ambiente aquático.
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— A Zaara atuou em ocorrências em várias cidades de Santa Catarina, em grandes eventos, a exemplo do ciclone-bomba, Presidente Getúlio e Rodeio, e em outros estados como Brumadinho em Minas Gerais, Pernambuco, Petrópolis no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul por três vezes — destaca o sargento.
Heroína
Um dos momentos mais marcantes com Zaara, citados por Carlos Alexandre, foi uma busca por uma mulher desaparecida há mais de 48h em Botuverá, no dia 17 de junho de 2023. A vítima, de 59 anos, estava perdida em uma área de mata desde o dia 14 e os bombeiros foram acionados no dia 16, mas não conseguiram encontrá-la em um primeiro momento.
— Nos dias antes do nosso acionamento teve dias de frio e chuva, reduzindo assim a sobrevida da vítima, e, em menos de meia hora de trabalho, a Zaara localizou a senhora em ambiente de mata e o melhor: com vida! — relembra o sargento.
A coordenadoria do serviço de cães do CBMSC estabeleceu que a idade máxima para a atividade operacional de busca e resgate de um cão é, em média, 10 anos. Após esta data, o animal atua em serviços sociais da corporação e em atividade terapêutica.
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— Foram anos muito difíceis, mas com um aprendizado gigante, em que a Zaara, além de ajudar e fazer a diferença para tantas pessoas, primeiramente me fez uma pessoa melhor! Poder ajudar, localizar e indicar uma pessoa desaparecida não tem preço que pague — reflete.
Agora, com quase 10 anos, Zaara aproveitará a merecida aposentadoria com sensação de missão cumprida ao lado de quem trabalhou com ela durante uma década. Treinador, companheiro de farda e tutor, seria impossível separar o sargento de Zaara:
— A Zaara desde o início mora (comigo) e assim vai continuar, como parte da minha família!
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