Natural de Gaspar, o cardeal Dom Jaime Spengler foi um dos que puderam votar durante o Conclave, em Roma, que fez o cardeal americano Robert Francis Prevost se tornar o Papa Leão XIV. Ele participou de uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (9), que reuniu os cardeais brasileiros, para dialogar sobre o papado, posicionamentos do novo Santo Padre e até algumas reflexões sobre a escolha do nome “Leão”.
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Sentados lado a lado em uma mesa no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, no Vaticano, os cardeais brasileiros conversaram com a imprensa. Dom Jaime, que é arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi o primeiro a se pronunciar e destacou o sentimento de fraternidade criado durante as reuniões preparatórias para o Conclave.
— O que nós vivemos nesses dias traz certamente a experiência da fé, que nós vivemos o encontro em si, mas também nos momentos de reflexão, oração e diálogo fraterno — expressa Dom Jaime.
Em seu discurso inicial, ele citou o sentimento compartilhado de fraternidade entre os cardeais e a experiência de fé que elegeu o Papa Leão XIV, que é um defensor do legado de Francisco. Além disso, exaltou a diversidade dos religiosos que participaram do Conclave.
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— A diversidade de membros do colégio entre os que já são eméritos e os demais que exercem o ministério nas suas igrejas trazem a marca da internacionalidade da igreja. Uma diversidade que enriquece — elabora o arcebispo gasparense.
Expectativa sobre Leão XIV
Sobre as expectativas para o Papa Leão XIV, Dom Jaime reflete sobre o primeiro discurso do Santo Padre na sacada, logo após a fumaça branca sair pela chaminé da Capela Sistina:
— Ele falava de uma igreja, repetindo de alguma forma aquilo que dizia Francisco: construir pontes. Também falava de uma igreja farol nas noites escuras. Eu creio que estas duas expressões que ele usou na fala na praça são uma expressão daquilo que vai iluminar o magistério do Papa Leão XIV — afirma o cardeal gasparense.
— Creio que todos aqui têm por ele uma grande admiração e gratidão por esse jeito muito simples, fraterno, acolhedor e atencioso. Ele demonstra pelo Brasil, pelo pouco que eu tenho conversado com ele, um interesse enquanto pastor, mas um afeto pelo povo brasileiro e a igreja do Brasil. Com certeza vamos ter uma continuidade do mesmo amor e afeto que o Papa Francisco demonstrava por nós — explica o cardeal da Bahia, Sérgio da Rocha.
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Durante a coletiva de imprensa, Dom Jaime foi perguntado sobre as questão envolvendo o papa eleito ser americano, visto a influência dos Estados Unidos como potência mundial.
— É um membro batizado da comunidade de fé independentemente da nacionalidade, mas é bonita a história desse homem. A genética parece que é francesa. A nacionalidade é americana. Como missionário e bispo, é latino-americano. E como superior dos agostinianos, extremamente universal. Então, essas categorias restringem demais. É um privilégio termos um homem com esta visão de mundo que ele tem — responde o cardeal.
— A experiência da fé cristã tem na sua base a palavra, que se fez carne, diálogo, se tornou ponte entre todos os seres humanos de boa vontade. Por isso, o Novo Pontífice é a expressão da unidade e garante melhor a unidade de uma comunidade de fé. A disposição do Papa Leão XIV é esta de alimentar, promover, cuidar, curar a unidade, não só no seio da comunidade de fé, mas no seio da comunidade de fé e de toda a humanidade — concluí Dom Jaime, em entrevista para o NSC Total.
Além de Dom Jaime, os cardiais brasileiros que participaram da entrevista coletiva nesta sexta-feira (9) foram: Leonardo Ulrich Steiner, de Manaus; Raimundo Damasceno Assis, emérito de Aparecida; Orani Tempesta, do Rio de Janeiro; Sérgio da Rocha, de Salvador e arcebispo primaz (da arquidiocese mais antiga) do Brasil; Odilo Scherer, de São Paulo; e Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília.
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