O sonho da festa de casamento virou pesadelo para casais de Blumenau que acusam uma cerimonialista da cidade de aplicar golpes ao falsificar informações de contratos e não repassar os pagamentos aos fornecedores. As denúncias chegaram à Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar o caso.

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Uma das vítimas foi a nutricionista Juliana Roedel. Blumenauense, ela e o marido buscaram os serviços da cerimonialista depois de receberem diversas recomendações. Em conversas, a profissional se encarregou de intermediar três contratos da festa dos noivos: o da iluminação, do cinegrafista e de uma empresa responsável por fornecer a plataforma giratória de fotos.

Juliana conta que fez os pagamentos antecipadamente para as chaves PIX que estavam nos contratos entregues pela cerimonialista, que foram assinados pelo casal e que supostamente teriam sido encaminhados às respectivas empresas envolvidas. Tudo parecia normal e o casamento ocorreu sem grandes problemas, em junho.

A dor de cabeça veio logo depois dos dois oficializarem a união. Ainda em junho, a empresa da plataforma de fotos entrou em contato com Juliana para cobrar o pagamento. Surpresa, a recém-casada enviou os comprovantes e descobriu que os depósitos foram feitos para uma terceira pessoa, totalmente desconhecida dos contratados.

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Com o cinegrafista, o casal percebeu que o mesmo tinha acontecido. Ou seja, eles fizeram o PIX para uma pessoa que o homem nunca tinha ouvido falar. Ao compararem os contratos, notaram a alteração nos dados da conta beneficiada. Para os noivos, a cerimonialista entregou um documento com as informações de pagamento alteradas.

— O responsável pela iluminação que tinha sido contratado nem sabia do nosso casamento — diz a nutricionista.

Na festa, o DJ foi o responsável pelas luzes. Como o casal não percebeu a falta de alguns detalhes pedidos para a iluminação, só se deu conta que não foi a empresa contratada que fez o serviço depois que as irregularidades vieram à tona.

O casal cobrou a cerimonialista, que teria reconhecido o erro e se comprometido a enviar o dinheiro aos fornecedores. Até a publicação da reportagem, no entanto, apenas parte do pagamento havia sido feito pela mulher.

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Cadê o dinheiro?

O relato do fotógrafo Valdecir Guths também é semelhante. Ele fez as imagens de um casamento em junho e, depois de cobrar o pagamento e ouvir diversas desculpas da “noiva” por mensagens de aplicativo, descobriu que o contato dela era outro. O telefone, que estava no contrato, foi alterado, assim como os dados do PIX.

— Ela entrou em contato comigo por outro telefone para pedir as fotos e contou que já tinha pago tudo antes da festa justamente para não se incomodar. Quando comparamos os contratos, haviam dados falsificados — conta o fotógrafo.

Ele conhece ao menos quatro casais que tiveram problemas com a cerimonialista. Ao NSC Total foram encaminhados boletins de ocorrência de quatro profissionais e casais. A Polícia Civil confirmou que há “registros por estelionato” contra a suspeita e que um inquérito já foi aberto. Outros detalhes, porém, não foram informados.

Enquanto isso, fornecedores amargam prejuízo e casais se revoltam com o fato de terem feito pagamentos que nunca chegaram às pessoas corretas.

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— Não foram valores grandes em comparação com tudo que se gasta em um casamento, mas muitas pessoas foram enganadas — lamenta o fotógrafo.

A condenação por estelionato, sem contar com qualificadoras, pode resultar em reclusão de um a cinco anos e multa.

O NSC Total não informou o nome da suspeita pelo inquérito estar em fase inicial, sem ter ouvido todas as partes até a publicação deste texto.

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