China pode ajudar a evitar crise na produção de carros no Brasil; entenda

A China pode ter papel fundamental para evitar uma possível crise no mercado automotivo brasileiro. O governo do país asiático abriu conversas com montadoras instaladas no Brasil para facilitar e priorizar a o abastecimento de chips semicondutores, itens essenciais na fabricação de carros e que sofre instabilidade de produção desde a pandemia da Covid-19. A informação foi repassada ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, pelo embaixador da China no Brasil, Zhu Quingqiao, na manhã do último sábado (1), e confirmada pelo Governo Federal.

Segundo o comunicado do Planalto, o governo chinês vai abrir canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro, no sentido de evitar o desabastecimento de chips necessários à produção de carros flex no Brasil.

A iniciativa da China chega para atender a um pedido feito pelo próprio vice-presidente, repassando uma demanda recebida de entidades e organizações do setor automotivo brasileiro. A possível escassez de semicondutores é um reflexo das disputas internacionais em torno da fabricação desses acessórios, envolvendo principalmente a China e os Estados Unidos.

Entenda a crise nos semicondutores para carros

A indústria automotiva em todo o mundo está em alerta para uma possível crise, que pode surgir de uma disputa geopolítica envolvendo fabricantes de semicondutores, especialmente a holandesa Nexperia. Os Estados Unidos pressionam aliados para que restrinjam o acesso da China a tecnologias avançadas de chips.

A Holanda, por sua vez, interveio recentemente na empresa, alegando risco de segurança nacional para proteger tecnologia considerada estratégica, mesmo que sejam chips mais simples. Essa ação irritou Pequim e deu início a um ciclo de retaliação.

Em resposta à intervenção holandesa, a China suspendeu a exportação de chips da Nexperia. Como esses componentes simples, mas vitais, são usados em larga escala — os carros modernos recebem, em média, mil semicondutores — e representam quase metade do fornecimento para a Europa, a paralisação do envio ameaça interromper as linhas de montagem de grandes montadoras, como Volkswagen, Mercedes-Benz e Toyota, que possuem fábricas no Brasil.