A chuva que tem atingido a maioria das regiões de Santa Catarina nos últimos dias veio para ficar, indica a previsão climática trimestral feita por especialistas nesta semana. Isso porque, ao menos até o fim da primeira quinzena de novembro, um combo de fatores deve contribuir para a instabilidade no tempo.

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As informações são do Fórum Climático, grupo formado por meteorologistas de diferentes instituições, entre elas a Defesa Civil e Epagri/Ciram, que se reúne mensalmente para fazer a previsão dos próximos três meses. No encontro de terça-feira (28), os profissionais observaram as características que devem diferenciar um mês do outro.

A começar por novembro, que já está batendo à porta. Neste momento, alguns comportamentos atmosféricos favorecem o aumento na frequência de passagens de sistemas que trazem chuva ao Estado. Com essa forte influência, pelas próximas semanas os catarinenses devem conviver com o tempo fechado em boa parte dos dias, especialmente os que não moram no Oeste. Por lá, a precipitação não deve ser tão insistente.

O que ameniza a situação é a “quase” La Niña que está em vigor e diminui o volume das chuvas. Com o passar dos dias, inclusive, ela deve ajudar na volta do tempo mais seco. Em dezembro, espera-se manhãs e tardes mais ensolaradas. Com a chegada do verão, porém, as chuvas comuns da estação devem ser frequentes em Santa Catarina, especialmente em janeiro. Nesse ponto, um alerta: a possibilidade de eventos extremos, como enxurradas, não está descartada.

Conforme destacaram os meteorologistas, o trio novembro-dezembro-janeiro já é historicamente conhecido pelos volumes mais elevados de chuva em diversas regiões, então o período mais seco deve predominar no Oeste, onde a média de precipitação para o trimestre deve ficar abaixo do esperado. Nas cidades mais perto do Litoral, a expectativa é de chuvas acima da média.

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Quanto menos chuva, mais calor. Por isso, sobre as temperaturas, o previsto é o inverso: a média deve ficar acima do esperado no Oeste e abaixo na faixa Leste. Se tudo continuar como está, calorão mesmo só em dezembro.

Entenda o La Ninã em 10 passos

La Niña e El Niño

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o El Niño é o nome dado ao aumento na temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico, fazendo ela evaporar mais rápido. O ar quente sobe para a atmosfera, levando umidade e formando uma grande quantidade de nuvens carregadas.

Com isso, no meio do Pacífico chove mais, afetando a região Sul do Brasil, pois a circulação dos ventos em grande escala, causada pelo El Niño, também interfere em outro padrão de circulação de ventos na direção norte-sul e essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo país. Logo, elas ficam concentradas por mais tempo na região Sul.

O contrário, o resfriamento dessas águas, é chamado de La Niña. Normalmente, o El Niño perde força, a temperatura no oceano volta ao “normal” — o chamado período de neutralidade — e gradativamente vai ficando mais fria, entrando no La Niña. Os efeitos do La Niña para Santa Catarina são o oposto do outro fenômeno, já que as chuvas caem em menor volume no Estado.

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Para a ciência são necessários cinco meses consecutivos com a temperatura da água abaixo de -0,5ºC para que haja uma La Niña. Como esse tempo ainda não ocorreu, é por isso que se fala em uma “quase” La Niña, pois as temperaturas estão negativas e trazem impactos, mas ainda não há a formação oficial.
Os modelos indicam que o fenômeno, de fraca intensidade e duração, deve persistir até fevereiro de 2026.