Uma jornada que partiu de Blumenau dois anos atrás levou um ciclista por 11 estados brasileiros ao lado da fiel cachorra depois de superar um câncer em estágio terminal. Jefferson Delgado, de 40 anos, já percorreu 12 mil quilômetros e compartilha a jornada, entre paisagens cinematográficas e perrengues como pneus furados na rodovia, nas redes sociais para milhares de seguidores.
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Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, Jefferson foi diagnosticado com Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, uma parte essencial do sistema imunológico. A doença avançou até o estágio terminal, quando o câncer se espalha para os outros órgãos. Conforme relatou nas redes sociais, chegou a ficar entre a vida e a morte no hospital, com 20% de chance de sobrevivência.
Porém, em uma virada de chave inusitada, um tratamento intensivo de quimioterapia conseguiu o curar totalmente em maio de 2023 em um caso dito como raro pelos médicos. Foi aí que ele percebeu que trabalhar incessantemente não seria mais uma opção:
— Percebi que eu vivia lutando pelo sonho dos outros e não pelo meu.
Jefferson afirma que o objetivo da viagem era “viver a vida com um pouco de mais propósito”. Em um inverno típico em Blumenau, Jefferson saiu em viagem no dia 23 de julho de 2023. Ainda passava por acompanhamento médico quando a expedição ao lado da pet Toddynha começou, mas já tinha sido liberado para a viagem e fazia os exames em trânsito.
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— Eu tinha prometido a Deus que, se eu saísse dessa situação, eu iria realmente viver o meu sonho, não o dos outros, e correr atrás do que eu desejo. Então, a minha vida viveu com um pouco de mais propósito — relatou em entrevista ao g1.
Confira como são as viagens da dupla
Saiba mais sobre a expedição da dupla pelo Brasil
A cachorrinha, chamada de Toddynha, foi resgatada das ruas há 10 anos e nunca deixou de ficar ao lado do tutor. Com conforto e segurança, ela percorre a jornada na cestinha da bicicleta de Jefferson. O veículo foi adaptado para carregar malas, a barraca e a própria cesta para a pet tem cobertura UV e tapete gelado.
— Em 80% dos meus trechos, eu não sei onde vou dormir. Eu apenas acordo de manhã cedo, começo a pedalar até chegar num lugar onde eu não faço ideia de como seja e onde que eu vou ficar — contou.
As cenas publicadas nas redes sociais parecem terem saído de um filme. A dupla percorre morros íngremes, aproveita dunas e praias paradisíacas, pedala longos trechos em rodovias, encara estradas isoladas e tem histórias de até encontros com animais silvestres. Porém, não é só o lado bom das viagens que Jefferson publica: a realidade dos perrengues de viajante também entram no jogo, seguidas de algumas dicas e conselhos para quem também decide se aventurar.
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A rotina do ciclista tem pedaladas de até oito a nove horas por dia, com algumas pausas para descansar e aproveitar a trajetória, conforme o clima.
— Hoje, tem muito gente que me elogia porque, às vezes, estou passando perrengue e eu estou sorrindo. E eu fico pensando que, anos atrás, estava numa cama de hospital chorando, pedindo a Deus forças para poder andar. Então, para que vou ficar lamentando um pneu furado, um esforço, um morro? Estou vivendo uma vida que eu estava desejando — relata nas redes sociais.
A jornada é acompanhada por ao menos 51,8 mil seguidores somente no Instagram. A dupla já passou pelo litoral norte de São Paulo, aldeias Pataxó entre Corumbau e Caraíva na Bahia, Ilha de Superagui no Paraná, sul do Rio de Janeiro e foi até para Ouro Preto em Minas Gerais. O viajante conta que escolhe destinos em que pode aprender com a comunidade local. O exemplo mais recente é Mangue Seco, um vilarejo de cerca de 200 pessoas na Bahia, em que Jefferson e Toddynha estavam na sexta-feira (14). A dupla ficou no estado baiano por quase cinco meses e, agora, parte em direção ao Sergipe.
— Para mim, essas vivências são o que mais me engrandece como pessoa, mais me traz maturidade e conhecimento. É uma troca muito rica de experiências. Esse, para mim, é o foco principal da viagem. E também trazer a felicidade para a minha cachorra e ver como ela é feliz, vivendo livre — conclui o ciclista viajante.
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