Um ano e dois meses após ser esfaqueada e estuprada dentro da própria casa, a mulher de 29 anos, atacada na presença dos filhos, sente-se aliviada com a sentença dada ao agressor, condenado na noite de quinta-feira (13) a 40 anos de prisão por tentativa de feminicídio qualificado, estupro e resistência à prisão.

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Michele* conta que não foi um período fácil e que nada será capaz de apagar o que aconteceu, mas, perante a decisão do júri, tem a sensação de missão cumprida e a segurança de que, finalmente, a justiça será feita.

— Agora, o ciclo se fechou. Era algo que eu precisava para ter um pouquinho de paz, alívio — desabafa a mulher.

Michele diz que é um milagre ainda estar viva e, por muito tempo, ficou sem entender como isso foi possível. Atingida no peito, diz que a faca utilizada pelo criminoso poderia ter acertado seu pulmão e seria fatal, mas acertou um de seus ossos e quebrou-se em três pedaços.

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Durante o depoimento prestado à polícia e, novamente resgatado em meio ao processo que mais adiante condenou o homem, diz ter relembrado detalhes que a fizeram reviver o desespero pelo qual passou. A vítima conta que o que a manteve firme foi o apoio da família, sua fé em Deus e os dois filhos — uma menina de dois anos e um menino de sete.

— Inacreditável olhar pra trás, ver tudo que que a gente passou e que hoje estou aqui podendo contar essa história. Estou bem estou viva, meus filhos também. Com certeza foi por um milagre de Deus. [A condenação] foi uma vitória não só pra mim, mas para todas as mulheres — expressa.

Marcas pra vida

Michele conta que, em meio aos traumas que vivenciou junto aos filhos naquela noite de 2 de fevereiro de 2022, tenta reconstruir a vida. Tanto ela quanto o filho mais velho, que volta e meia traz relatos do ocorrido, têm acompanhamento psiquiátrico e usam medicação. Além disso, a mulher carrega cicatrizes, já que também foi agredida com socos e pontapés no corpo, inclusive no rosto.

A mulher relata que nunca tinha visto o homem e se preparava para dormir quando ouviu barulhos e viu ele invadindo a casa. Sua primeira reação foi enviar mensagens a familiares pedindo socorro para resguardar a vida das crianças. Ela estava com a bebê no colo quando o homem foi pra cima dela para abusá-la sexualmente.

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— O meu filho mais velho ficou bem impactado, ele tinha seis anos na época. No começo, ele ele tinha medo de ficar com a porta destrancada, tinha medo de sair e se assustava com qualquer pessoa que se aproximasse da gente. Hoje está melhor, ainda não 100%, mas a gente está acompanhando de perto — conta.

Depois do ocorrido, Michele conta que só viu o agressor por vídeo, durante a audiência e a sensação foi pior do que imaginava.

— Fiquei nervosa, eu tremia e acabei chorando várias vezes. Ele é um maníaco e o padrão dele se repete, já que já tinha sido condenado por estupro — destaca.

À época, o de acordo com o delegado Roberto Patella, responsável por investigar o caso, o agressor estava em liberdade provisória do presídio de Curitibanos por já ter sido condenado anteriormente por estupro. Além disso, também já era fichado na polícia por furto.

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Relembre o caso

Michele estava com os filhos, no bairro Comasa, quando o agressor invadiu a casa  por volta das 22h de de 2 de fevereiro de 2022. Ele arrombou a porta e entrou no quarto em que a vítima estava com as crianças, com o mais novo no colo.  

Para evitar que a criança se ferisse, ela o colocou na cama. Aos gritos, o homem a pegou pelo pescoço, a esfaqueou e estuprou. Para que os pequenos não vissem a cena, a mãe tentou arrastar o agressor para outro cômodo da casa e, durante a luta corporal, a vítima conseguiu se soltar e correr para fora, coberta de sangue. 

No portão da casa, encontrou a irmã, para quem havia mandado mensagem, e policiais. Ela foi imediatamente levada para o hospital e o homem detido aos fundos da casa. Ele estava alterado, sob efeito de drogas e, segundo a PM, chegou a ameaçar os policiais de morte e tentou agredi-los.

A polícia ainda confirmou que ambos não se conheciam e que o homem escolheu a casa aleatoriamente.

*Os nomes são fictícios para preservar a vítima e os filhos

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