Santa Catarina entrou em alerta vermelho nesta sexta-feira (7) com a formação de um ciclone extratropical na região Sul do Brasil. O sistema, previsto para ganhar força entre a tarde de sexta e a madrugada de sábado (8), deve provocar ventos acima de 80 km/h, chuva intensa e mar agitado no Estado, segundo a Defesa Civil.

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Mario Quadro, meteorologista e professor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), explica que um ciclone é, essencialmente, um sistema de baixa pressão atmosférica — ou seja, uma área onde a pressão do ar é menor do que ao seu redor, o que causa a convergência e ascensão do ar, levando à formação de nuvens e chuva.

— Por ser um sistema de baixa pressão, ele tá associado com ventos que convergem, que vão na direção do centro, e aí com isso o ar sobe e forma nuvens e chuva — explica o professor.

No caso de Santa Catarina, trata-se de um ciclone extratropical, formado a partir do contraste entre massas de ar frio e quente. O tipo é mais comum em latitudes médias, mas o meteorologista aponta uma particularidade no evento atual.

— Este é um ciclone com características de extratropical que está se formando aqui na região subtropical. O incomum é ele se originar no continente e ir em direção ao oceano. Geralmente, ele se forma já na água, próximo à costa, e desloca em direção ao oceano — explica Mario Quadro.

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De acordo com a Epagri/Ciram, na manhã desta sexta-feira (7), o ciclone se origina no continente, entre o Rio Grande do Sul e o Oeste de Santa Catarina. Normalmente, os ciclones que atingem o Estado têm origem no oceano, entre Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.

— Os ciclones extratropicais são muito comuns sobre o oceano. Este se forma sobre o continente da região Sul do Brasil. Por isso que ele é mais difícil de ocorrer dessa forma e também, normalmente, é muito impactante quando ele se forma sobre o continente. Porque provoca muita chuva, vento, raio, granizo — diz Marcelo Martins, da Epagri.

Impactos previstos

De acordo com os boletins da Defesa Civil estadual, o fenômeno começa a se formar pela manhã na divisa com o Rio Grande do Sul, mas as tempestades ganham força à tarde, especialmente no Oeste, na Serra e no Planalto Norte, avançando à noite para a Grande Florianópolis, Vale do Itajaí e Litoral Norte.

O órgão alerta para risco alto a muito alto de destelhamentos, queda de árvores, danos na rede elétrica, alagamentos e enxurradas. No mar, as ondas podem atingir de 3,5 a 4,5 metros, com risco de ressaca e erosão costeira, principalmente no Litoral Sul.

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O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) colocou 48 cidades de Santa Catarina em alerta vermelho de “grande perigo” para acumulado de chuva devido ao ciclone. Segundo o órgão, há alto risco de alagamentos e transbordamentos de rios e “grandes” deslizamentos de encostas. O alerta é válido até as 9h de sábado (8).

A Defesa Civil orienta a população a evitar atividades ao ar livre durante os temporais, buscar abrigo longe de janelas e objetos que possam ser arremessados e não atravessar ruas alagadas. Quem mora no litoral deve evitar a orla, navegação e esportes marítimos até a dissipação do sistema.

Veja as recomentações da Defesa Civil

Infográfico explica como se forma o ciclone