Foi ainda em 2006, ao assistir uma apresentação da harpista americana Rita Constanzi no Canadá, que o maestro brasileiro e diretor artístico do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc), Alex Klein, resolveu convidar a musicista para iniciar aulas e fortalecer o uso do instrumento no Brasil, inclusive, no maior festival-escola de música erudita do país.
Continua depois da publicidade
Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp
O desafio era grande: Jaraguá do Sul, terra do Femusc, não possuía na época o instrumento e sua importação era extremamente cara. Mas eles contaram com uma grande ajuda para o desejo se tornar realidade e fazer com que Jaraguá, cidade do Norte de Santa Catarina, se tornasse a ‘capital da harpa’.
Segundo o Maestro Alex Klein, em 2006, havia apenas cerca de 40 harpas no país todo, sendo que metade delas estavam danificadas ou inutilizadas.
— O estudo de harpa no Brasil, naquela época, estava destruído. Não tínhamos professores, não tínhamos alunos interessados e as alíquotas de importação do instrumento eram muito caras. O instrumento estava morrendo — explica Klein.
Continua depois da publicidade
Após muito procura, o maestro e a harpista Rita Constanzi encontraram um aluno que trouxe a própria harpa, inaugurando o curso como convidado especial ainda na edição do FEMUSC de 2007. A primeira turma, com dois alunos, estava formada.
Sensibilizado pela garra dos músicos, um empresário do Município resolveu doar para a SCAR – Centro Cultural de Jaraguá do Sul e principal palco do Femusc, nada mais do que um total de 16 harpas sinfônicas, sendo que empresa americana Lyon & Healy ainda doou um 17º instrumento para a cidade, que passou a ter o maior acervo de harpas da América Latina.
O industrial do Grupo Malwee, Wander Weege, adquiriu os instrumentos por cerca de R$ 50 mil cada. Na época, o investimento total foi de aproximadamente R$ 800 mil. Weege já era um apoiador do Centro Cultural e havia doado outros instrumentos para a SCAR, como um piano Steinway de cauda inteira, que é considerado o melhor do mundo. Em 2022, ele recebeu o título de Associado Benemérito da entidade cultural.
Veja fotos das harpas
Continua depois da publicidade
Instrumentos importados de Chicago
Foi a própria harpista Rita Constanzi que foi pessoalmente e com recursos próprios até a fábrica Lyon & Healy, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, que escolheu a dedo os instrumentos que foram enviados para Jaraguá do Sul.
A chegada do primeiro lote das harpas, com cinco instrumentos, ocorreu em janeiro de 2008, e foi acompanhada pela comunidade, entidades e imprensa. Foi necessário um caminhão para transportar os instrumentos até a SCAR. O segundo lote, com as demais 12 harpas, chegou no ano de 2009.
Até hoje, Jaraguá do Sul possui o maior acervo de harpas clássicas da América Latina, segundo a SCAR. Atualmente, os instrumentos são usados em aulas de harpa que são realizadas pela própria SCAR, abertas a qualquer pessoa que queira se inscrever, em orquestras sinfônicas, nas aulas do Femusc. Os instrumentos também são emprestados para orquestras país afora, como era o desejo do maestro Alex Klein.
Harpas ficam em salas climatizadas
Para preservar o instrumento, as 17 harpas ficam em uma sala específica da SCAR que precisa ter, obrigatoriamente, um desumidificador e ar-condicionado ligado em 23ºC todos os dias. Os instrumentos só saem da sala para as aulas e concertos. O cuidado é necessário para preservar a madeira, que pode sofrer alteração com o tempo e prejudicar o som.
Continua depois da publicidade
A preservação das 47 cordas das harpas também é uma grande preocupação. Uma vez por ano, a SCAR contrata um profissional especializado para fazer a manutenção no instrumento que incluiu a verificação das cravelhas, que são as tarraxas onde a corda fica presa e por onde acontece a afinação, e para verificar se não há cupim na madeira, entre outros detalhes.
Femusc em janeiro de 2025
A harpista e professora Rita Costanzi, inclusive, estará presente mais uma vez no 20º Femusc, que ocorre entre 12 e 25 de janeiro, em Jaraguá do Sul. O maior festival-escola vai contar em sua próxima edição com 600 participantes, entre os alunos, professores e músicos profissionais convidados, que farão cerca de 200 apresentações.
Os ingressos para todas as apresentações são totalmente gratuitos. Eles podem ser solicitados cerca de dois dias antes do começo do festival, na bilheteria da SCAR. Os principais concertos também serão transmitidos pelo canal do YouTube do festival.
Leia também
Causa da morte de adolescente levado ao hospital com febre alta é investigada em SC
Enfermeiro tenta assumir vaga de médico com diploma falso após passar em concurso em SC
Mais de 2 milhões de pessoas são esperadas em Florianópolis durante a temporada de verão
