Uma descoberta recente da astronomia pode ajudar a explicar um dos maiores mistérios do Universo: a rápida evolução e formação de galáxias e de planetas após o Big Bang. Um grupo internacional de astrônomos descobriu uma “fábrica de estrelas”, que contém pistas importantes para entender a rapidez do desenvolvimento dos astros e de todo o cosmos após a grande explosão.

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Trata-se de uma galáxia super-quente, a mais de 13 bilhões de ano-luz da Terra, e que produz estrelas a uma velocidade 180 maior do que a nossa Via Láctea. A nova Galáxia, chamada de MACS0416_Y1, ou simplesmente Y1, pode ajudar a desvendar a rápida evolução do Universo após o Big Bang. A descoberta foi registrada em artigo publicado na quarta-feira (12), na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, uma das principais revistas científicas do mundo.

A Y1 se formou nos primórdios do Universo, e sua luz começou a viajar pelo cosmos quando esse mesmo Universo tinha apenas 600 milhões de anos – em termos astronômicos, um tempo bastante curto.

– Estamos olhando para uma época em que o Universo produzia estrelas muito mais rapidamente do que hoje. Observações anteriores revelaram a presença de poeira nesta galáxia, tornando-a a mais distante da qual já detectamos diretamente a luz proveniente de poeira brilhante – explica Tom Bakx, professor da Universidade de Tecnologia de Chalmers, na Suécia, e líder do estudo.

Como a Y1 ajuda a explicar a evolução após o Big Bang

A Y1 oferece aos cientistas uma amostra de como a formação de estrelas e galáxias se acelerou logo após o Big Bang, em um ritmo muito mais rápido do que se supunha. Ao observar a Y1, pode-se perceber uma galáxia que estava fabricando estrelas a uma taxa elevada, muito superior à da Via Láctea atual, e que já possuía elementos pesados como poeiras e metais – subprodutos de estrelas que já haviam nascido, vivido e explodido.

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Essa maturidade precoce indica que os processos de enriquecimento químico e de acúmulo de massa foram extremamente eficientes no Universo primordial. A Y1 sugere que as primeiras estruturas cósmicas cresceram de forma acelerada, possivelmente devido a fusões galácticas e à superprodução de luz, que ajudou a tirar o Universo da “Era das Trevas”.

Essa observação lança um desafio direto aos modelos cosmológicos padrão. As simulações atuais tendem a prever um crescimento mais gradual e lento nos primeiros bilhões de anos do Universo. A simples existência de galáxias massivas e quimicamente ricas, como Y1, em uma fase tão remota, indica que os modelos precisam, ao menos, ser ajustados.

Os cientistas estão agora revisitando as equações para entender quais mecanismos (como maior eficiência na formação estelar ou taxas mais altas de colisões de galáxias) poderiam ter impulsionado o Universo a construir estruturas complexas tão rapidamente, reescrevendo a cronologia do nosso cosmos.