A transformação das cidades brasileiras nas últimas décadas ampliou debates sobre convivência, bem-estar e qualificação dos espaços urbanos. Atualmente, a experiência diária em ruas, parques, edifícios e centros comerciais passou a influenciar a qualidade de vida, a infraestrutura e os serviços. Com isso, arquitetura e urbanismo assumiram papel estratégico na construção de ambientes mais acolhedores e funcionais.
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Ao mesmo tempo, mudanças comportamentais pós-pandemia intensificaram a busca por espaços que estimulam permanência, contato com natureza e relações sociais mais próximas. Esse novo cenário impulsionou uma arquitetura orientada por propósito e experiência, com atenção a elementos como escala humana, paisagem e identidade local.
A arquiteta e urbanista Juliana Castro, referência nacional, identificou cinco diretrizes que têm guiado empreendimentos de alto padrão no país e no exterior. Seguindo essa lógica, espaços de convivência deixam de ser complemento e passam a ocupar posição central na concepção de projetos contemporâneos.
5 diretrizes que têm guiado espaços de convivência:
Urbanismo centrado nas pessoas orienta novos modelos de cidade
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A transição de lógicas rodoviaristas para uma abordagem voltada à escala humana fortalece ruas ativas, caminhabilidade e áreas de convivência. Segundo Juliana, esse movimento amplia experiências urbanas e reforça a ideia de cidade vivida, com percursos que se tornam parte significativa da rotina.
— Um bom projeto é aquele que cria atmosferas. A arquitetura não é apenas forma, mas também ritmo, proximidade e temperatura emocional. É nessa chave que a convivência emerge: no detalhe que torna o cotidiano mais sensível — explica a especialista.
Placemaking impulsiona identidade e pertencimento urbano
O conceito de transformar espaços físicos em lugares que conectam as pessoas, chamado de Placemaking, é uma tendência arquitetônica atual. Essa linguagem utiliza arquitetura, cultura e memória coletiva para transformar praças, fachadas ativas e centralidades em espaços de convivência que fortalecem vínculos comunitários.
— O placemaking só acontece quando a comunidade se enxerga no espaço. Quando cultura e projeto caminham juntos, o lugar ganha alma — afirma Juliana.
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Deslocamento rápido influencia concepção de bairros
O conceito das 15-minute cities, ou seja, cidades que favorecem o deslocamento rápido, ultrapassou a discussão urbanística e tornou-se referência estética, funcional e filosófica. A ideia de viver perto de tudo melhora o bem-estar e reforça identidades locais.
Para Juliana, trata-se de um urbanismo de identidade, onde cada comunidade desenvolve sua própria assinatura sensorial. Esse modelo estimula a autonomia diária, eficiência territorial e criação de bairros vibrantes, com serviços e atividades distribuídos de forma equilibrada.
Biofilia consolida integração entre natureza e construção
A presença de elementos naturais é uma premissa fundamental da arquitetura contemporânea, já que permite a proximidade com a natureza mesmo diante de espaços de concreto. Materiais orgânicos, luz natural, texturas acolhedoras e vegetação integrada criam ambientes que estimulam o bem-estar.
— Um espaço biofílico não é apenas bonito, ele cura, desacelera, reconecta. Ele cria pausas — explica a arquiteta, que reforça o papel das plantas para criar atmosferas emocionais.
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Funcionalidade, estética e sustentabilidade
Empreendimentos de alto padrão evoluíram para modelos que exigem coerência entre funcionalidade, equilíbrio estético e sustentabilidade. Essas diretrizes orientam projetos voltados à longevidade, eficiência e experiências mais profundas de uso.
— Quando essas três camadas se alinham, o espaço ganha potência emocional e se torna inesquecível — afirma a arquiteta.
WOA SKY São José exemplifica nova arquitetura brasileira
O WOA SKY São José, complexo multiuso em construção na Grande Florianópolis, aparece como exemplo dessa síntese contemporânea. Com área integrada superior a 75 mil m², o empreendimento mantém no mesmo espaço características de moradia, lazer, comércio e serviços.
A proposta destaca integração entre urbanismo, paisagismo e convivência, o que reforça a maturidade crescente da arquitetura brasileira em diálogo com tendências globais. De acordo com a arquiteta, o WOA Sky é um exemplo de que o país vive um processo de reconexão com a paisagem.
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— Estamos começando a compreender a força da natureza como parte do projeto e não como apêndice dele. Ainda estamos dando os primeiros passos, mas há um movimento real de reconexão — comenta.




