Por Guilherme Mazui, interino, jornalista do Grupo RBS em Brasília
Com a série de recuos na PEC da Previdência, os capitães do governo Temer admitem sem reservas: a proposta desidratada exigirá, num prazo de 10 a 20 anos, a realização de outra reforma para viabilizar o pagamento das aposentadorias. O relatório com as mudanças no texto deve ser lido hoje, na comissão especial da Câmara. As conversas prévias indicam que a promessa de atacar privilégios ficou pela metade. Categorias manterão vantagens na comparação com o trabalhador da iniciativa privada, inclusive os atuais deputados. Temer e aliados entendem que precisam votar e entregar alguma reforma para ganhar confiança no mercado e tirar os holofotes da lista de Fachin.
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Feitas as concessões, o governo vai apertar o torniquete nos partidos da base. Confia em aprovação tranquila da reforma na comissão: contabiliza 22 dos 37 votos do colegiado. No plenário, a partir de maio, sonha com os votos de 350 dos 513 deputados nos dois turnos, acima do mínimo de 308. O teste de fidelidade deve vir na reforma trabalhista, apreciada antes da PEC da Previdência. Assim, nos planos de Michel Temer, as duas reformas estarão no Senado em 45 dias.
Trocas
O Planalto vai exigir de PSB e PTB a substituição dos titulares na comissão da reforma da Previdência que ensaiam voto contra a PEC. Com ministros do governo Temer, os dois partidos têm a fidelidade cobrada pelo palácio.
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Foro
A tendência é de que os oito ministros de Temer presentes na lista de Fachin fiquem nos cargos. Cinco perderiam o foro privilegiado com a saída do governo: Eliseu Padilha, Moreira Franco, Helder Barbalho, Gilberto Kassab e Marcos Pereira. Parlamentares, Bruno Araújo, Aloysio Nunes e Blairo Maggi têm a benesse assegurada pelos mandatos.
Agenda
Na volta a Brasília depois de autorizar os inquéritos derivados das delações Odebrecht, o ministro Edson Fachin teve uma segunda-feira cheia no gabinete. Realizou três audiências com advogados e recebeu duas visitas institucionais, uma delas do prefeito de Rondinha (RS), Ezequiel Pasquetti (PP), sua cidade natal. Ao prefeito, Fachin comentou que o país vive “momento turbulento”.