A falta de planejamento financeiro pode comprometer o orçamento no início do ano. Com pendências de festividades, presentes, viagens, revisões tarifárias em serviços básicos como transportes, reajustes em planos de saúde, matrículas educacionais, gastos com material escolar, impostos de imóveis, veículos e seguros, os primeiros meses são tão representativos para os desembolsos das famílias que costumam pesar inclusive na inflação oficial do país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

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Estes gastos podem pressionar uma população já endividada e inadimplente. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que o número de brasileiros que não conseguem pagar as dívidas chegou ao patamar mais alto da série histórica em dezembro, com 13%. O estudo apontou que as famílias endividadas correspondiam a 76,7% das entrevistadas, enquanto as inadimplentes 29,3%. 

Mudar a relação com o dinheiro, tomar decisões inteligentes, e estipular metas a serem alcançadas são formas de evitar dívidas, adequar as finanças e conquistar sonhos, seja uma viagem, aquisição de um imóvel, ou investimento para uma aposentadoria mais tranquila no futuro. 

Como reorganizar as finanças em 2025 

Para iniciar um planejamento financeiro em 2025, é preciso avaliar a situação financeira, listar todas as receitas e despesas, com a diferenciação de quais são fixas e variáveis. Com ganhos e gastos em mente, o próximo passo é definir as prioridades e criar um orçamento, com limites para gastos extras. Neste momento de início do ano, isso pode ser mais desafiador, mas esses gastos adicionais podem ser previstos no planejamento elaborado no período anterior, reservando as quantias com antecedência.  

“Uma forma de se planejar para isso é tentar antecipar esses gastos. Inclusive, é possível usar como base os valores gastos neste ano e dividir mensalmente, guardar os valores aos poucos, chegando no próximo ano com o recurso separado para essas despesas”, orienta Sabrina Stela dos Santos, especialista em investimentos do Sicoob. Com base no diagnóstico financeiro, para aqueles que estão endividados ou até inadimplentes, a orientação é priorizar dívidas mais importantes, avaliando as necessidades destes pagamentos, juros e multas envolvidos, assim como as possibilidades de negociação com lojistas e instituições financeiras, que costumam oferecer alternativas de parcelamento para clientes endividados que procuram formas de tornar o pagamento viável, de acordo com as condições possíveis. 

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Dos ajustes aos investimentos – renda fixa é destaque em 2025 

Quitando as dívidas, o próximo passo seria a construção de uma reserva de emergência, com uma quantia guardada todos os meses para cobrir eventuais imprevistos, até chegar a um valor que corresponda a cerca de seis meses de despesas básicas.  

A próxima etapa, para quem está com as contas em dia e com uma reserva financeira, é investir em ativos de acordo com o perfil de tolerância a risco e objetivos definidos. Por exemplo, se o objetivo do investidor for poupar e conquistar uma rentabilidade que o proteja da perda de poder de compra, mas com a necessidade da compra de um imóvel no curto prazo, cabe ficar atento à carência, tempo mínimo em que um investidor deve manter seu dinheiro em determinada aplicação. 

Além disso, mesmo ativos considerados de renda fixa podem apresentar volatilidade no curto prazo se forem resgatados antes do vencimento, como no caso de títulos públicos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O investidor pode comprar um título IPCA+7%, por exemplo, e registrar perdas na carteira se resgatar antes do momento definido no momento de compra no banco, cooperativa ou corretora. 

No entanto, analistas destacam a atratividade deste tipo de investimento diante do cenário macroeconômico. Com juros e inflação em alta, riscos fiscais e perspectiva de desaquecimento da economia com a política monetária restritiva, grandes bancos de investimento alertam para falta de gatilhos de curto prazo para a bolsa de valores brasileira, cujo índice de referência é o Ibovespa. Bancos internacionais como HSBC e Morgan Stanley rebaixaram a recomendação para o Brasil para underweight no final do ano passado, pois entendem que o cenário fiscal eleva a percepção de risco, pressiona o dólar e a inflação, resultando em juros mais elevados, tirando a atratividade da bolsa. 

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Com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar novamente a taxa de juros em janeiro em 100 pontos-base, para 13,25% ao ano, e a expectativa de mercado de que o ciclo restritivo não tenha chegado ao pico deste ano, ativos de renda fixa seguem no radar dos investidores. O setor já registrou dados expressivos no ano passado, com a migração de investidores em busca de ativos mais seguros, diante do cenário econômico incerto. 

Levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) aponta para captação recorde na renda fixa em 2024, somando R$709,2 bilhões, contra R$399,5 bilhões em 2023. Os destaques foram debêntures, notas comerciais e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), segundo a entidade. 

Ciclos de altas na taxa de juros incentivam a migração de investimentos para a renda fixa, que costuma oferecer mais segurança e menos volatilidade em relação ao mercado acionário. Entre ativos em destaque, estão ainda Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), títulos públicos, Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Recibo de Depósito Cooperativo (RDC), este último disponibilizado por cooperativas financeiras. 

A especialista reforça que altas nas taxas de juros favorecem a renda fixa, principalmente para investidores mais conservadores, com maior aversão ao risco. Com maior visibilidade dos ganhos e rentabilidade atrativa, a segurança também é um dos pontos a favor deste tipo de modalidade. A renda fixa tende a ser maior parte da alocação de investidores iniciantes, que ainda precisam conhecer melhor seu perfil e tolerância ao risco, além dos conservadores, mas agora também passa a ser destacada como preferência em estratégias de bancos de investimentos, gestoras, corretoras, casas de research e outras empresas que atuam no mercado de capitais, para outros perfis de investidor. 

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“Claro que cada um vai ter o seu perfil, não tem uma fórmula mágica. Em finanças, sempre precisamos analisar o que a pessoa quer, então muitas vezes a resposta depende, mas normalmente se começa por uma jornada um pouco mais conservadora, conhecendo mais ativos, escolhendo ativos com mais segurança, de instituições que tenham mais solidez, para depois começar a planejar alocação em outros ativos buscando uma rentabilidade ainda maior, mas que podem sofrer um pouco mais de oscilação”, detalha. 

Olhando para o longo prazo, a alocação em previdência privada também é uma alternativa atrativa, sendo mais uma oportunidade de complemento da renda de aposentados. Com menos contribuintes, a pressão sobre o sistema previdenciário aumentou nos últimos anos, mas há formas de mitigar os riscos – e a previdência privada é uma excelente ferramenta de planejamento para envelhecer com maior tranquilidade financeira, segundo a especialista. 

“Nós temos vários planos de previdência no mercado, mas os principais itens para se observar são as taxas sobre esses planos. Especificamente, o Sicoob consegue entregar uma excelente taxa, até porque no cooperativismo, os produtos são feitos para atender os cooperados que fazem parte do negócio, então são excelentes planos”. 

Na previdência privada, o tempo trabalha a favor – como é um investimento de longo prazo, quanto antes começar, melhor. Mesmo que seja possível aportar um montante menor no início, a recomendação da especialista é elevar os valores de forma gradual, de acordo com as metas de cada investidor. 

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“Vamos ter duas principais soluções, uma que é mais voltada para quem consegue ter um benefício fiscal, que faz a declaração completa de imposto de renda, e uma que não consegue usufruir desse benefício, mas as duas são excelentes para esse planejamento”, compara a especialista do Sicoob. 

A qualidade de gestão de investimentos do Sicoob DTVM recebeu upgrade recente com a elevação da classificação da agência de classificação de risco Fitch, passando de proficiente para forte, o que demonstra a solidez como gestora de investimentos. 

Anote o resumo das dicas para o seu Planejamento Financeiro de 2025 

Avaliação financeira e orçamento 

  • Listar receitas e despesas, diferenciando fixas e variáveis. 
  • Definir prioridades e criar um orçamento com limites para gastos extras. 
  • Antecipar gastos sazonais, guardando valores mensalmente. 

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Gerenciamento de dívidas 

  • Priorizar dívidas mais importantes, considerando juros e multas. 
  • Negociar alternativas de pagamento para evitar atrasos. 
  • Buscar parcelamentos viáveis com credores, se necessário. 

Reserva de emergência 

  • Guardar mensalmente até atingir o equivalente a seis meses de despesas básicas. 
  • Ter disciplina e consistência para garantir tranquilidade financeira. 

Investimentos – foco em renda fixa 

  • Com juros altos, ativos de renda fixa são mais atrativos. 
  • Evitar resgatar investimentos antes do vencimento para não perder rentabilidade. 

Opções recomendadas: 

  • Títulos públicos atrelados ao IPCA 
  • CDBs, LCAs, LCIs, CRIs e RDCs 
  • Debêntures e notas comerciais 

Previdência privada 

  • Excelente opção para planejamento de aposentadoria. 
  • Escolher planos com boas taxas e qualidade de gestão. 
  • Quanto antes começar, melhor, mesmo que com valores menores. 

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