Mais de 2,2 mil casos de hepatites virais foram confirmados em Santa Catarina no último ano. Os dados são da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC) e levam em conta diagnósticos dos três tipos de vírus: A, B e C. Por conta do avanço da doença e os riscos que ela pode causar, principalmente quando atingem o fígado, especialistas alertam para a importância do diagnóstico precoce e a prevenção.

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Essas infecções podem ser causadas por cinco tipos diferentes de vírus (A, B, C, D e E). Das confirmações no Estado, a maioria das infecções foi por hepatite B, com 1.045. Em seguida vêm a hepatite C, com 948 casos, e, por último, a A, com 251.

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As hepatites virais são responsáveis pela morte de 1,3 milhão de pessoas por ano no mundo, conforme aponta o Relatório Global sobre Hepatite 2024, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o documento, elas representam a segunda principal causa infecciosa de morte no mundo, provocando um número de óbitos semelhante à tuberculose, atual líder.

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O número de mortes de 2023 ainda não foram divulgados. Conforme os dados mais recentes do Ministério da Saúde, de 2022, a hepatite C é o tipo mais mata entre as hepatites virais, seguida do tipo B. Já em Santa Catarina, somente em 2023, foram registrados 24 óbitos pelo vírus C e 11 pelo B, segundo a Dive.

A relação entre hepatite e cirrose

A cirrose hepática é uma condição grave em que o fígado desenvolve cicatrizes irreversíveis devido à inflamação crônica. No caso de infecções por hepatites B e C, ocorre uma inflamação prolongada, causada pelos vírus, que compromete o tecido hepático, levando a uma degeneração progressiva do órgão e afetando a capacidade dele realizar funções vitais, como desintoxicar o sangue, produzir proteínas e regular a digestão.

De acordo com Leonardo de Lucca Schiavon, hepatologista no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), a forma crônica, quando o paciente apresenta a doença há mais de seis meses, é a principal causa de cirrose hepática por infecção e preocupa pela dificuldade dos infectados em perceber os sintomas.

— Os sintomas são muito silenciosos e quando aparecem, geralmente, o estágio da doença já está avançado. Essa evolução pode fazer com que seja necessária a realização de um transplante de órgãos — afirma.

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O diagnóstico precoce permite a avaliação do quadro clínico do paciente, para que não ocorra a evolução da doença.

Diagnóstico precoce: um aliado na prevenção

A detecção precoce do vírus é crucial para evitar a evolução para estágios mais graves da doença. Por isso, na última terça-feira (24), o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), promoveu uma ação preventiva e de testagem rápida para hepatites virais B e C.

— O diagnóstico precoce permite ao médico identificar a gravidade do caso e selecionar quais pacientes têm indicação de tratamento — afirma Janaina Luz Narciso Schiavon, médica gastroenterologista do HU-UFSC.

Ações como a do HU-UFSC ajudam a combater a realidade dos casos crônicos e facilitam o tratamento precoce. Os pacientes também podem buscar por exames para detectar os vírus das hepatites B e C em qualquer posto de saúde da rede pública, onde são oferecidos tanto o teste rápido, que utiliza apenas de uma gota de sangue na ponta do dedo para diagnóstico, quanto o exame de sangue, feito através da coleta em laboratório.

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De acordo com hepatologista Leonardo Schiavon, o Brasil possui um programa nacional de combate a hepatites, mas cada Estado e município pode determinar como será a realização dos testes.

— Nem todas as unidades possuem o teste rápido aqui em SC, mas o paciente pode ser encaminhado aos Centros de Testagem e Aconselhamento. Esses centros disponibilizam testes não só para hepatite B e C, mas também para HIV e sífilis, além de ter todo o aconselhamento necessário caso o resultado seja positivo ou negativo — afirma.

Os testes são recomendados principalmente para populações de risco, como pessoas que compartilham seringas ou agulhas, indivíduos que receberam transfusões de sangue antes de 1992, profissionais de saúde e aqueles que têm múltiplos parceiros sexuais.

O tratamento, no caso da hepatite C, se dá a partir da administração de antivirais de ação direta (DAAs), que permitem a cura em mais de 95% dos casos quando diagnosticados e tratados precocemente. Já para a hepatite B, embora não exista uma cura definitiva, o tratamento pode controlar a replicação do vírus, reduzindo os danos ao fígado.

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A importância da prevenção e a vacinação

Além do diagnóstico precoce, a prevenção é outra ferramenta importante no combate às hepatites virais. Santa Catarina possui campanhas regulares de vacinação contra a hepatite B, oferecida gratuitamente nos postos de saúde.

— A vacina para hepatite B é disponibilizada em três doses pelo Sistema Único de Saúde e faz parte do Plano Nacional de Imunização e está disponível para adultos nas unidades básicas de saúde, caso não tenham suas carteiras vacinais atualizadas. — conta o hepatologista Leonardo Schiavon.

As hepatites B e C podem ser transmitidas através de relações sexuais e sangue contaminado, mas também há outras maneiras de adquirir o vírus.

— A transmissão da hepatite B, além da via sexual e sangue contaminado, também se dá de mãe para filho e entre familiares da mesma residência. E a transmissão da hepatite C se dá principalmente por sangue: compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos cortantes, além de transfusões realizadas no Brasil antes de 1993, quando o sangue passou a ser testado para hepatite C — afirma a gastroenterologista Janaina Schiavon.

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A hepatite C ainda não possui uma vacina. Nesse caso, as medidas preventivas envolvem o uso de preservativos em relações sexuais, evitar o compartilhamento de objetos cortantes e seringas, além de garantir que procedimentos médicos ou estéticos sejam feitos com materiais devidamente esterilizados.

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