Uma investigação da Polícia Civil revelou os métodos cruéis de uma quadrilha acusada de compartilhar imagens íntimas e humilhar meninas e mulheres. Na segunda-feira (30), a Operação Abraccio cumpriu mandados em 21 municípios nos estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Amazonas, Goiás e Piauí, além do Distrito Federal. Cinco homens foram presos e mais de 200 mil arquivos com fotos e vídeos de vítimas em situações degradantes foram apreendidos. As informações são do g1.

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Conforme a investigação, os criminosos agiam por meio de aplicativos de namoro e redes sociais, conquistando a confiança das vítimas para depois coagi-las. As vítimas eram obrigadas a se mutilarem, escrevendo os nomes dos criminosos em partes do corpo, para evitar o vazamento das imagens, conforme o Departamento Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM).

O grupo criava “desafios” que incluíam violência psicológica, automutilação e até sacrifício de animais de estimação das vítimas. Quem não cumpria as exigências tinha suas fotos íntimas divulgadas em grupos no Discord e outras plataformas.

— Os vídeos são muito fortes. São vídeos com conteúdo misógino e racista, com xingamentos. Foram inúmeras violências praticadas ali. Eles também exigiam sacrifício de animais que essas vítimas tinham. Porque o objetivo era que elas sofressem muito. Nada era suficiente — disse a delegada Fernanda Fernandes.

Em um dos diálogos, obtidos pela TV Globo, um dos acusados, fingindo ciúmes, ameaça uma jovem: “sabe usar uma gilete, cachorra? Vou acabar com sua vida inteira”.

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Em outra conversa, um integrante do grupo ameaçou vazar fotos íntimas para a mãe de uma das vítimas: “Prefiro que coma no pote do cachorro, comigo pisando na sua cabeça”. A vítima implorou: “cara, minha mãe não tem nada a ver com isso. Me vaza, mas não usa nome dela”.

Como as vítimas eram recrutadas?

As investigações começaram após a denúncia da mãe de uma adolescente de 16 anos, que procurou a Delegacia de Atendimento a Mulher de Duque de Caxias (RJ).

— A partir daí conseguimos identificar esse autor. Ele simulava um envolvimento amoroso com a vítima e, a partir daí, ela mandou a primeira foto íntima e passou a ser coagida e ameaçada — afirmou a delegada Fernanda Fernandes.

Ela contou que, a partir das primeiras ameaças, os “desafios” impostos pelo grupo migraram para o aplicativo Discord.

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— Começaram a exigir dessa vítima, alguns ela teve que cumprir, acreditando que não ocorreriam consequências e, mesmo tendo cumprido parte deles, eles criaram outro grupo, aí sim para divulgar dados pessoais dela, da mãe da vítima. E os vídeos íntimos — contou a delegada.

Fernanda Fernandes contou, ainda, que o segundo grupo foi criado para a divulgação dos dados para os familiares da menor, com o objetivo de humilhá-la. A mãe da adolescente soube por ele que a filha estava sendo chantageada.

A partir da identificação do primeiro integrante, foi possível para os investigadores saber quem eram os outros integrantes da quadrilha. A polícia identificou pelo menos 10 vítimas, mas o número pode ser maior, conforme os investigadores.

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