Alunos e professores estão em fase de adaptação à proibição do uso do celular nas unidades escolares. Para evitar a utilização excessiva dos aparelhos, uma nova legislação restringe o uso tanto em escolas públicas quanto privadas, o que traz necessidade de adequação das atividades e um novo olhar sobre o equilíbrio da rotina diária em um mundo digital.
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A lei, sancionada em 15 de janeiro, estabelece que fica proibido o uso do aparelho em todas as turmas de educação básica. Assim, a utilização não é permitida tanto para educação infantil, quanto para os ensinos fundamental e médio.
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Antes mesmo da proibição, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um amplo estudo, realizado em 14 países, que indicou que apenas a proximidade dos aparelhos já pode ser um fator prejudicial à aprendizagem, pois tende a diminuir a concentração do estudante.
O objetivo da nova lei é diminuir impactos negativos do uso excessivo, incluindo a perda de concentração, redução da interação com os colegas e impactos prejudiciais na formação social dos estudantes.
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— Os nossos jovens têm muita dificuldade de concentração, além de uma série de danos socioemocionais que vêm sendo causados pelo mau uso da tecnologia — destacou a secretária de Educação Básica do Governo Federal, Kátia Schweickardt, quando a lei foi sancionada.
Por outro lado, o celular é um aliado importante para realização de pesquisas, mas sempre com autorização e mediação do professor que está em sala de aula. Além disso, especialistas argumentam ainda que o aparelho pode ser necessário para promover a acessibilidade de alguns alunos.
A Gestão Educacional do Ministério da Educação (MEC), reforça ainda que a nova legislação não retira a tecnologia do processo educacional, considerando que o uso pode ocorrer com algumas exceções, incluindo para fins pedagógicos ou inclusão de alunos com deficiência.
Apesar da polêmica no momento de anúncio da lei, as pesquisas demonstram que a população é favorável à nova legislação. Um estudo do Datafolha indica que 62% da população brasileira concorda com a medida. Outra pesquisa, realizada pela Nexus, aponta que 54% defendem a proibição total, enquanto 32% entendem que o uso deve ser permitido somente para atividades com fins pedagógicos.
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Adaptação para uma nova realidade
Fomentar a interação dos estudantes fora das telas em um mundo tão conectado é um desafio para escolas de todo o país. Para que a adaptação seja mais fluída e assertiva, algumas instituições de ensino apostam em estratégias que promovem a socialização, aproximam os estudantes dos colegas e tornam a rotina dentro e fora da sala de aula mais divertida.
Um exemplo é o Recreio Analógico, desenvolvido pelo Colégio Unificado e que, na prática, é um recreio sem o uso das telas e do celular. Com ping pong, baralho, elaboração de murais, pinturas, jogos de tabuleiro e tênis de mesa, as atividades já aconteciam desde anos anteriores, mas a nova legislação ampliou a ação para que mais estudantes fossem contemplados e se adequassem à nova realidade.
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— Essa nova lei veio para agregar, para contribuir, para formalizar aquilo que a gente já oferecia de proposta para os nossos alunos com esporte, jogos de mesa e tabuleiro — conta Daiana Reig dos Santos Costa, Vice-Diretora da unidade de Itajaí do Colégio Unificado.
A adaptação ao não uso do celular ocorre tanto para os estudantes quanto para a instituição de ensino, segundo a Vice-Diretora da unidade.
— É uma adaptação para todos, porém, o Colégio Unificado, sempre à frente, reconhecido como uma escola de vanguarda, já tinha uma postura de incentivo ao não uso do celular dentro do ambiente escolar. Então as nossas regras já contemplavam o não uso do celular, principalmente dentro da sala de aula, mas nos espaços coletivos ainda permitíamos o uso pelo Ensino Médio — recorda.
Para o Ensino Fundamental I e II, que contempla do 1º ao 9º ano, os alunos já não tinham essa autorização, segundo a Vice-Diretora. O colégio já oferecia anteriormente uma série de dinâmicas e estratégias diferenciadas para o recreio, visando a interação dos estudantes, incluindo o uso da quadra, prática de esportes e de jogos de tabuleiro para que os alunos evitassem o uso do celular. Assim, o processo de adaptação às novas regras foi maior para o Ensino Médio.
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— Essa faixa etária precisou realmente desse processo de adaptação maior. Mas eles estão se adequando muito bem, entrando na onda de fazer jogos, cartas, de interagir com os colegas. É uma mudança de comportamento, voltando a usar mais o diálogo, essa interação com os pares, que é tão importante. Então, isso tem sido um processo bem bacana — conclui Daiana.