“Brasil, mostra tua cara!”. Quando os agudos de Gal Costa ressoavam nas salas de estar dos lares brasileiros no final dos anos 80, milhares de pessoas se sentavam em frente ao televisor para acompanhar Vale Tudo.

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De maio de 1988 até janeiro de 1989, os brasileiros ficaram envolvidos com as maldades de Maria de Fátima (Glória Pires) contra a mãe Raquel (Regina Duarte), acompanharam o sofrimento de Heleninha (Renata Sorrah) com o alcoolismo e ouviram os impropérios contra o Brasil da boca da vilã Odete Roitman (Beatriz Segall). 

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Vale Tudo é apontada pela crítica especializada como a maior novela de todos os tempos. Sucesso de crítica, ela também foi um fenômeno de audiência. O penúltimo capítulo chegou a marcar 89 pontos, quando o país parou para descobrir “quem matou Odete Roitman?”. 

A novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères deu início à trilogia de Braga sobre novelas que se propunham a discutir a ética e moral do brasileiro. As outras foram O Dono do Mundo (1991) e Pátria Minha (1994-1995).

A primeira versão de Vale Tudo

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Vale Tudo era mais do que uma novela. Foi uma crítica social dos autores ao Brasil da época, que estava redescobrindo a democracia, depois de anos de ditadura. O país vivia uma série de problemas políticos que ainda se perpetuam. 

A divisão entre quem acreditava que era possível crescer na vida com honestidade e quem achava que se devia fazer tudo para subir na vida ficava evidente nos personagens principais da novela. 

De um lado Odete Roitman, Maria de Fátima, César (Carlos Alberto Riccelli) e Marco Aurélio (Reginaldo Faria) representando o lado ruim e corrupto do país. Do outro Raquel, Ivan (Antônio Fagundes), Celina (Nathália Timberg) e Poliana (Pedro Paulo Rangel) mostrando o lado bom e honesto dos brasileiros. 

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O Brasil de 1988

Vale Tudo era uma das formas de entretenimento de uma nação em formação. Em outubro de 1988, foi promulgada a nova Constituição brasileira, conhecida como Constituição Cidadã, pela Assembleia Nacional Constituinte.

A Assembleia Nacional Constituinte também aprovou o fim da censura e da tortura, além da liberdade de expressão intelectual e de imprensa no país. José Sarney era o presidente do Brasil e a inflação acumulada do ano de 1988 foi de 1.037,56%. Com a redemocratização, o povo brasileiro se preparava para votar em uma eleição presidencial no ano seguinte.

O assassinato do seringueiro e ambientalista Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, e o naufrágio do Bateau Mouche com 153 passageiros na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, que deixou 55 passageiros mortos foram duas grandes tragédias daquele ano. 

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Ao mesmo tempo que se orgulhava do primeiro título mundial de Ayrton Senna na Fórmula 1, o país também se despedia de nomes como o cartunista Henfil e o apresentador Chacrinha. 

Na televisão, as crianças dançavam e cantavam o hit “Ilariê”, de Xuxa, e um dos humorísticos de maior sucesso da Globo era lançado, o TV Pirata. Sem internet e com a inflação nas alturas, a televisão era uma das únicas formas da população consumir entretenimento.

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