Por Ana Minuto*
Meu nome é Ana Minuto, e a minha carreira começou aos 15 anos em uma empresa de costura, onde minha mãe trabalhava. Fiquei cerca de um ano nesse emprego, mas não me sentia satisfeita e, por isso saí e fui em busca de algo diferente. Prestei concurso para os Correios, passei e fiquei de dois a três anos na companhia. Novamente, não estava satisfeita, principalmente em saber que aquele seria meu salário por longos anos.
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Voltei ao mercado em busca de novas oportunidades e foi quando consegui uma vaga como atendente na IG. Minha função era de gerar login e senha de acesso à internet discada para os clientes. Não fiquei muito tempo, mas o suficiente para perceber o potencial do setor de tecnologia para que eu queria naquele momento: ganhar melhor.]
Depois de passar por mais quatro ou cinco empresas, cheguei à PSNet, um dos primeiros provedores de internet do Brasil. Eu morava em um bairro distante e isso me obrigava a enfrentar três horas de deslocamento para ir, mais três horas para voltar todo os dias. Mas eu fui para receber o dobro do salário anterior.
Foi nessa época que decidi fazer uma faculdade de Sistemas de Informação, que acrescentou mais algumas horas ocupadas em meus dias. Logo em seguida, fiz um MBA em Gestão de Projetos ITIL, que abriu muitas portas na minha carreira e me permitiu trabalhar em vários projetos incríveis, principalmente na instalação de call centers.
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Costumo dizer que a tecnologia me salvou. Eu não tive a oportunidade de fazer um teste vocacional ou de ter o aconselhamento de alguém com mais experiência. Isso é algo imprescindível para a carreiras das mulheres e que precisamos fomentar.
Como mulher e preta, enfrentei muitos desafios e realizei muitos feitos que não esperavam de mim. Em minha turma de graduação, 20 anos atrás, entre 60 alunos, apenas três eram mulheres e, quando olhamos para as turmas atuais, esse cenário não mudou tanto assim. O que estamos fazendo para transformar essa realidade?
Precisamos fortalecer os grupos de discussão e apoio para mulheres da tecnologia. Ajudarmos umas às outras a vencer os preconceitos e bombardeios à nossa autoestima que acontecem diariamente na cultura machista que vivemos.
Também é fundamental incentivar as meninas a conhecerem a tecnologia desde novas e entenderem que, se elas quiserem, elas podem seguir nessa carreira. Levar oportunidades para as áreas periféricas e, acima de tudo, mostrar todas as possibilidades de carreira e de crescimento profissional para elas.
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Por fim, uma coisa que sempre recomendo a todas as mulheres: façam terapia. Não importa qual seja seu momento de vida, a terapia ajuda a trazer mais tranquilidade para a mente, além de fortalecer suas bases psicológicas para lidar com todas as questões da rotina de uma mulher que se atreve a seguir na Tecnologia.
Junte-se a outras mulheres, vá em busca dos seus sonhos. Unidas, podemos fazer diferente, para conseguirmos resultados diferentes em benefício de toda a sociedade!
*Ana Minuto, empresária e consultora de diversidade. A Tech Power é uma iniciativa que busca ampliar a participação e liderança feminina no setor tecnológico da Grande Florianópolis por meio da comunicação. O projeto foi criado por mulheres que trabalham na Dialetto, empresa de assessoria de imprensa e marketing digital especializada em tecnologia.