Um escândalo envolvendo uma criptomoeda gerou uma crise política e fez a oposição pedir até o mesmo o impeachment do presidente da Argentina, Javier Milei. O episódio deixou o mandatário sob pressão e fez o governo argentino anunciar uma investigação sobre o caso, incluindo até mesmo a conduta do presidente.
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A situação teve origem quando Milei fez uma publicação em uma rede social divulgando a criptomoeda $LIBRA, afirmando que o ativo iria incentivar o crescimento da Argentina e deixando um link para quem quisesse investir na nova moeda. “A Argentina Liberal cresce. Este projeto privado se dedicará a incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos. O mundo quer investir na Argentina”, escreveu o presidente.
Em poucas horas, a criptomoeda teve um aumento de 10 vezes no valor de mercado, chegando a quase 5 mil dólares. A valorização teria feito com que os desenvolvedores da $LIBRA passassem a vender seus ativos. Eles deteriam cerca de 80% de toda a quantia da “memecoin” e teriam criado um site para divulgação da criptomoeda horas antes da postagem do presidente argentino.
Com o movimento de compra e venda, nas horas seguintes a criptomoeda passou a perder valor e entrou em colapso, fazendo com que milhares de investidores que apostaram na moeda divulgada por Milei perdessem o dinheiro aplicado. Um influenciador afirmou ter perdido R$ 5,7 milhões após investir na criptomoeda promovida por Milei. Nas redes sociais, ele chegou a postar mensagens enfurecido contra o presidente: “Estou falido! Eu vou te encontrar, Javier Milei”.
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Segundo o jornal argentino La Nacion, o volume de recursos movimentados em compras e vendas chegou a 4,5 bilhões de dólares em apenas duas horas.
Após a polêmica, Milei apagou a mensagem na rede social e fez uma nova publicação, explicando que não estava ciente de detalhes do projeto e que não tinha vinculação com a criptomoeda.
Veja detalhes sobre o “criptogate” contra Milei na Argentina
Caso levou a pressão da oposição
O caso resultou em uma crise política na Argentina, com pressão da oposição para uma investigação sobre o episídio e até mesmo um pedido de impeachment do presidente argentino. Parlamentares peronistas chamaram a situação de “episídio sem precedentes” e de “fraude de criptomoedas”.
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As críticas não ficaram restritas à oposição. O ex-presidente argentino Mauricio Macri, aliado de Milei, fez uma publicação em que se disse preocupado com o escândalo, que afetaria a credibilidade do país, e pediu investigações minuciosas — embora tenha dito ser contra um julgamento político do caso.
Um grupo de advogados argentinos também anunciou uma acusação de fraude contra o presidente em um tribunal criminal. As ações do presidente teriam sido essenciais para o caso, segundo a tese defendida pelos defensores.
Milei promete investigação
Após a pressão, o governo Milei anunciou na noite de sábado a abertura de uma “investigação urgente” sobre o escândalo da criptomoeda $LIBRA. A presidência informou que Milei “decidiu encaminhar imediatamente o assunto ao Escritório Anticorrupção (OA) para determinar se houve conduta imprópria por parte de qualquer membro do governo nacional, incluindo o próprio presidente”. O lançamento da criptomoeda e as empresas ou pessoas envolvidas na operação devem estar no foco da investigação.
A crise política ocorre após um período de boas notícias para a economia argentina, com índices de inflação menores nos últimos meses. A valorização do peso argentino e sobretudo do dólar foi favorável até mesmo para turistas argentinos que passam o verão no litoral catarinense. Nas últimas semanas, os hermanos têm “feito a festa” em supermercados e lojas de roupas de Santa Catarina, aproveitando os preços mais vantajosos para consumo do que os encontrados na Argentina.
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