Um seleto grupo de indústrias do Norte Catarinense participa ativamente de um projeto pioneiro no Brasil que investe na exploração das terras raras, o MagBras. Weg, Tupy e Schulz, de Jaraguá do Sul e Joinville, fazem parte da aliança formada por 38 empresas. O trabalho de pesquisa, com coordenação geral da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), visa a fabricação inédita dos chamados imãs permanentes.
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As terras raras são uma combinação entre 17 elementos químicos encontrados na natureza, geralmente misturados a outros minérios e de difícil extração. Apesar do nome, não são necessariamente raros, mas difíceis de isolar em alta pureza, por estarem misturados a outros minérios, o que torna o processo caro e complexo.
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Esses materiais, principalmente o neodímio ferro boro, são utilizados para a fabricação de ímãs permanentes, extremamente essenciais na fabricação de motores de carros elétricos, mísseis, dispositivos eletrônicos, turbinas eólicas, equipamentos médicos e outros aparelhos da indústria.
Com o lema “Da mina ao Ímã”, o MagBras é um projeto pioneiro no Brasil que visa à consolidação de uma cadeia produtiva nacional de ímãs permanentes à base da exploração das terras raras. A novidade chamou a atenção de diferentes gigantes da indústria nacional, que viram a oportunidade de ajudar a alavancar o setor no país.
Indústrias revelam interesse na produção
Conforme Luís Gonzaga Trabasso, pesquisador chefe do Instituto Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Inovação em Sistemas de Manufatura e Processamento a Laser de Santa Catarina, os ímãs permanecem em alta no cenário industrial global, devido à sua aplicação.
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Atualmente, a China detém a maior concentração de terras raras em seu território, com cerca de 40% da reserva mundial. Logo em seguida vem o Brasil, com aproximadamente 23%, equivalente a 21 milhões de toneladas. No entanto, o país sul-americano não explora sua própria reserva e depende da importação asiática.
Durante a execução do MagBras, grandes empresas de Joinville e Jaraguá do Sul apoiam o trabalho de pesquisa, como Weg, Tupy e Schulz. Ao longo do processo, as indústrias fornecem dados importantes sobre os ímãs que serão fabricados de forma inédita, principalmente em relação a porcentagem dos metais que constituem a peça.
— Essas porcentagens vão implicar, no final, a condição de maior ou menor campo magnético desse ímã. Então, dependendo da aplicação, por exemplo, a Weg vai usar isso para motores elétricos e ímãs para gerar e fazer parte do motor elétrico. Então, ela vai definir junto conosco qual é a grade do ímã mais adequada para aquela aplicação. Se ela for usada para a parte de geradores eólicos, é uma outra configuração do ímã que é mais adequada para geradores eólicos — explica Luís.
Futuramente, a “receita” definida e os resultados obtidos serão extremamente úteis para a fabricação própria das empresas.
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Projeto une forças por meio de aliança
Ao todo, a aliança industrial é formada por 38 empresas, startups, centros de inovação, instituições de pesquisa e universidades e fundações de apoio que atuam em diversos elos da cadeia produtiva.
Durante o evento de lançamento do MagBras, em julho deste ano, o superintendente de Inovação e Tecnologia do SENAI Nacional, Roberto de Medeiros Júnior, destacou a importância do pioneirismo brasileiro, mesmo que tardio.
— Estamos diante de um momento ímpar. Este projeto nasceu da necessidade real do país, mesmo antes de uma aliança formalizada. Seu sucesso só foi possível graças ao comprometimento de diversos atores, empresas, institutos e universidades, que acreditaram em um propósito comum — afirma.
Qual é o papel da maior cidade de SC no projeto pioneiro
Joinville, no Norte de Santa Catarina, é referência na América Latina no setor de manufatura aditiva metálica, um processo de fabricação que constrói objetos tridimensionais camada por camada a partir de um modelo digital, como uma impressão 3D de metais.
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— Existem algumas aplicações que a geometria do ímã (permanente) não é um quadrado, uma circunferência ou um retângulo, ou seja, essas formas padrão. Ela requer uma geometria específica para acomodar num determinado motor (…) [e isso] nós é que vamos fazer aqui [em Joinville]. Mas assim, de uma forma experimental, nunca vamos trabalhar em termos de escala, não vendemos essas coisas. A gente define o processo para que outras empresas tenham interesse e vejam nisso uma oportunidade de negócio — destaca.
Assim, após passarem de minérios a metais, o processo dá continuidade à fabricação dos ímãs em moldes específicos para posterior aplicação na indústria.
*Sob supervisão de Leandro Ferreira
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