O comportamento do dólar em relação a moedas importantes como o euro e o iene tem causado inquietação no mercado financeiro. A queda acumulada no mês (de 3,7% ante a divisa da União Europeia, e 6,5% sobre a japonesa) combinada com a turbulência global intriga economistas. O dólar é uma referência da economia mundial. A atual situação torna arriscado conseguir projetar a variação cambial a curto prazo.
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A tendência de depreciação da moeda americana, no momento, foi reforçada depois que a presidente do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos), Janet Yellen, indicou em depoimento no Senado de que haverá um freio na alta da taxa de juro do país. Yellen foi além, cogitando até mesmo a adoção de taxa negativa, a exemplo do Japão e da Suécia. Esse panorama, somado às incertezas sobre o crescimento da China e à estagnação da Europa, fragiliza o valor do dólar.
Principais riscos para a economia mundial em 2016
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– A agressiva política de expansão monetária dos EUA depois da crise de 2008 deu certo. O desemprego caiu e a inflação permaneceu estável. Isso fez o dólar voltar a crescer. Esse comportamento errático de agora pode ser um ajuste, uma variação negativa até que o juro volte a subir, mas também uma reação natural às incertezas da economia mundial – analisa o coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia da FGV-SP, Emerson Marçal.
Apesar de o cenário a curto prazo não ser considerado assustador, investidores não escondem o temor de que a economia americana seja afetada pela conjuntura global. A produção da indústria caiu pelo quarto mês consecutivo, a criação de novos empregos desacelerou e houve queda generalizada nas ações do sistema bancário. Com a recente queda no preço do petróleo e o receio de que a China pare de puxar a economia global e volte a manipular o valor de sua moeda, já há quem aposte em uma recessão nos Estados Unidos ainda neste ano.
Ao avaliar as incertezas do mercado, especialistas consideram natural a variação negativa do dólar a curto prazo, muito por força do fluxo intenso de capitais em busca do melhor rendimento. Contudo, o freio na expansão das economias americana e chinesa, consideradas motores do mundo globalizado, aumentam os riscos de surgimento de nova crise mundial.
– A diferença é que, na crise de 2008, havia os Brics puxando a economia mundial. Agora, Brasil e Rússia se esfarelaram, e a China não vai crescer, pelo menos não a ponto de sustentar o mundo – compara o economista José Kobori, estrategista da JK Capital.
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