Entre as mudanças trazidas pelo Papa Francisco no comando da Igreja Católica está o conceito de santidade. No documento, lançado em 2018, ele escreve que todas as pessoas podem experimentar a santidade. De acordo com trechos da Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (Alegrai-vos e exultai), santidade não é coisa para super-homem ou super-heroína, mas resultado de um processo a partir das vivências no cotidiano.

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Por isso, apesar da Santa Sé seguir bastante criteriosa com relação aos processos de canonização, é possível que dentro de algum tempo a Igreja Católica catarinense ganhe novos santos. Na lista de postulantes, estão seis nomes. O processo mais antigo de canonização é o de Albertina Berkenbrock, beatificada pelo Vaticano em outubro de 2007. A beatificação é o último passo antes da canonização, ou seja, o momento em que a Igreja reconhece e declara uma pessoa como santa.

Se para a beatificação é necessário que haja um milagre atribuído à intercessão do venerável, o que é necessário para a canonização é que um segundo milagre ocorra após o anúncio da beatificação. No caso de Albertina, considerada mártir, não é exigido um primeiro milagre. A Igreja Católica espera pela comprovação de apenas um milagre. Existem alguns casos de cura atribuídos a ela, sendo acompanhados e seguindo a tradição mantidos em sigilo.

O Vaticano possui quatro exigências quanto à veracidade de uma graça, até ser considerada milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito. O caso mais recente tem a ver com os mares catarinenses. Desde o final do ano passado, há expectativas sobre um postulante nascido em nossas águas. Em 17 dezembro de 2022, o Vaticano reconheceu um milagre do bispo Jacinto Vera, o qual teve viveu e desempenhou a vida religiosa no Uruguai. Mas batizado na então paróquia Nossa Senhora do Desterro, em Florianópolis.

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Turismo religioso

O Brasil possui atrações para fiéis de todas as crenças. O Ministério do Turismo calcula uma movimentação anual de cerca de R$ 20 bilhões no setor religioso. Consequência da arrecadação de diferentes manifestações de fé e da cultura, síntese do caldeirão de costumes de um país que interage com povos diversos, como indígenas, africanos, europeus. Com mais de 100 destinos, o turismo religioso em Santa Catarina possui números positivos. O Estado tem cerca de 25 santuários, centenas de igrejas e grutas católicas, além de mesquitas e dos terreiros de umbanda. Há também centros de convenções estruturados em diferentes regiões.

A peregrinação religiosa inclui caminhos por terra e procissões marítimas. O santuário de Santa Paulina, em Nova Trento, é o segundo mais visitado do país e só perde para o complexo de Nossa Senhora de Aparecida, em São Paulo. O lugar recebe em média 80 mil pessoas por mês para orar, pagar promessas ou simplesmente conhecer a construção e degustar a gastronomia típica regional. Além de usufruir das atrações do turismo rural, o qual gera emprego e renda.

O governo estadual promete um diagnóstico sobre as rotas e os municípios catarinenses que têm atividade do turismo religioso, conforme Evandro Neiva, secretário de Estado do Turismo.

– O turismo religioso é um segmento importante que cresce no mundo inteiro. O papel do Estado é identificar a atividade, se fazer presente nesses roteiros e oferecer segurança para o turista e até mesmo o catarinense interessado no segmento.

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Neiva diz que já foi solicitado um levantamento para aprimorar o trabalho:

– Precisamos começar a trabalhar de uma maneira mais profissional, inclusive sendo esse o papel do Estado. Com isso, esse segmento irá atrair cada vez mais pessoas e sabemos que isso potencializa a cadeia do turismo.

Santa Paulina, a pioneira

O santuário de Santa Paulina, em Nova Trento, é o segundo mais visitado do país (Foto: Divulgação)

Santa Madre Paulina, canonizada em 2002, foi a primeira santa do país. Nascida em Vígolo Vattaro, na região Norte da Itália, ela veio para o Estado com 10 anos. A religiosa viveu a maior parte do tempo em Nova Trento, a cerca de 85 quilômetros de Florianópolis. Em 1991, numa missa campal na Capital, o então Papa João Paulo II nomeou Madre Paulina beata.
Em 19 de maio de 2002, João Paulo II reconhecia, na Praça de São Pedro, no Vaticano, a religiosa como a primeira santa brasileira, passando, então, a ser chamada de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Mas o Vaticano considera, oficialmente, irmã Dulce, nascida no Brasil, como a primeira santa brasileira.

Passos para se tornar santo

O Papa Francisco tem seguido os passos de João Paulo II, que promulgou o Código Canônico de 1983, e chegou a proclamar 476 santos e 1.314 beatos em 25 anos de pontificado. Como são:

Servo de Deus

O bispo diocesano e o postulador da Causa pedem para iniciar o Processo de Canonização e apresentam à Santa Sé um relatório sobre a vida e as virtudes da pessoa. A Congregação para as Causas dos Santos, examina o relatório e emite um decreto declarando que não há nada a impedir a Causa (decreto Nihil obstat). A resposta da Santa Sé é levada às autoridades diocesanas através do Nihil obstat. O bispo promulga o decreto de introdução da Causa do chamado Servo de Deus.

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Venerável

Um tribunal, nomeado pelo bispo, recebe os testemunhos das pessoas que conheceram o Servo de Deus. O relator da Causa, nomeado pela Congregação para as Causas dos Santos, prepara o documento chamado Positio. Se a Congregação para as Causas dos Santos aprovar o relatório, o Santo Padre emite o decreto de heroicidade das virtudes. A partir de então, o Servo de Deus passa a ser considerado Venerável.

Beato

A primeira etapa é mostrar o Venerável para a comunidade como um modelo de vida e intercessor diante de Deus. Na sequência, a Congregação para as Causas dos Santos examina o milagre apresentado. Em seguida, com os antecedentes anteriores, o Santo Padre aprova o decreto de beatificação. Cabe ao Santo Padre determinar a data da cerimônia litúrgica da beatificação.

Santo

A primeira etapa consiste na aprovação de um segundo milagre. Em seguida, a Congregação para as Causas dos Santos examina o ocorrido. É necessário que este segundo evento tenha acontecido posterior à beatificação. Na sequência, o Papa aprova o decreto de canonização. Outra fase é quando o Consistório Ordinário Público, convocado pelo Santo Padre, informa a todos os cardeais da Igreja e depois determina a data da canonização. Por fim: a cerimônia de canonização.

A lista dos postulantes

Beata Albertina (Arte: Ben Ami Scopinho / NSC Total)
Padre Leo (Arte: Ben Ami Scopinho / NSC Total)
Jacinto Vera (Arte: Ben Ami Scopinho / NSC Total)
Marcelo Câmara (Arte: Ben Ami Scopinho / NSC Total)
Frei Bruno de Joaçaba (Arte: Ben Ami Scopinho / NSC Total)
Padre Aloísio (Arte: Ben Ami Scopinho / NSC Total)

Beata Albertina

O processo mais antigo de canonização em Santa Catarina é o de Albertina Berkenbrock. Albertina foi beatificada pelo Vaticano em outubro de 2007. Ela não necessitou de um primeiro milagre para ser beatificada porque foi considerada mártir, ou seja, para a Igreja Católica foi alguém que derramou o próprio sangue em nome de um valor do Evangelho: a castidade. A beata foi morta em 15 de junho de 1931, aos 12 anos, após resistir a uma tentativa de estupro.

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Filha de agricultores, ela estava no meio do mato à procura de um boi, na comunidade rural de São Luiz, no Sul catarinense, quando foi atacada por um empregado da família. A menina resistiu a uma tentativa de estupro e foi morta violentamente. Ainda assim, se aguarda por um milagre comprovado. Para o povo da Diocese de Tubarão, ela é chamada de “a nossa Albertina”, e tem a vida comparada à da Santa Maria Goretti, menina italiana de 12 anos que, em 1902, também foi assassinada por resistir a um estupro. Por causa disso, alguns fiéis a chamam Albertina de “Maria Goretti brasileira”.

Padre Léo

O pedido para beatificação de Padre Léo foi aberto em março de 2020. O processo foi marcado por uma missa presidida pelo arcebispo da arquidiocese de Florianópolis, dom Wilson Tadeu, na comunidade Bethânia, em São João Batista, e na presença de 5 mil fiéis.

Léo Tarcísio Gonçalves Pereira, o Padre Léo, nasceu em Delfim Moreira (MG), em 9 de outubro de 1961. Ele entrou no seminário, em 1982, e foi ordenado sacerdote, em 1990, pela Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Atuou na formação de novos religiosos e sacerdotes e na área da educação. Padre Léo também ficou conhecido pelo trabalho na Renovação Carismática Católica, com pregação na Comunidade Canção Nova.

Um dos grandes legados, a Comunidade Bethânia, foi fundada em 1995, no município catarinense de São João Batista. Existem uma dezena de unidades do programa em outros estados. O grupo atua na recuperação de dependentes químicos pautada na espiritualidade.

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Padre Léo escreveu 26 livros, seis desses no hospital. O sacerdote morreu aos 45 anos, em 4 de janeiro de 2007, vítima de infecção generalizada por causa de um câncer no sistema linfático. Entre os milagres atribuídos a padre Léo, um dos mais relevantes para o de beatificação, foi a cura de uma menina. Ela foi acometida de septicemia (infecção no corpo por bactérias, fungos ou vírus) e teve uma parada respiratória de aproximadamente 5 minutos. Milagrosamente, a menina foi curada. A família atribui a cura à intercessão do Padre Léo.

Se confirmado o processo de beatificação, Padre Léo se junta a uma restrita lista de figuras religiosas que passaram por Santa Catarina e mais tarde foram beatificadas ou até canonizadas, como Santa Madre Paulina. Uma das frases famosas de Padre Léo é: “O céu é para quem; Sonha grande; Pensa grande; Ama grande, e tem a coragem de viver pequeno”.

Jacinto Vera

Santa Catarina não tem um santo nascido no território. Mas desde o final do ano passado, há expectativas sobre um postulante nascido em águas catarinenses. Em 17 dezembro de 2022, o Vaticano reconheceu um milagre do bispo Jacinto Vera, o qual teve viveu e desempenhou a vida religiosa no Uruguai. Após o anúncio, a igreja uruguaia espera que a beatificação ocorra em maio de 2023, na capital do país.

O milagre reconhecido pelo Papa Francisco foi a cura de María del Carmen Artagaveytia, em 1936. Consta no processo que María, então com 14 anos, após uma operação de apendicite, contraiu uma grave infecção. Um tio da enferma levou ao hospital uma fotografia, com uma relíquia do Servo de Deus, pedindo que fosse colocada sobre a ferida e que toda a família rezasse. Na mesma noite, a febre diminuiu e cessaram as dores. Na manhã seguinte, os médicos constataram a completa cura da menina, o que foi considerado cientificamente inexplicável. María del Carmen viveu até os 89 anos, falecendo em 2010.

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Batizado na paróquia de Desterro

O processo em busca da canonização de Dom Jacinto Vera começou em 1935. Anos depois, a igreja determinou que havia causas para dar início ao processo, outorgando-lhe o título de Servo de Deus, primeiro passo para ser declarado santo. Em 2015, o Papa Francisco o declarou Venerável, e no último dia 17 de dezembro, a Congregação das Causas dos Santos, com a aprovação do Santo Padre, reconheceu o milagre que permitirá a sua beatificação.

Jacinto nasceu em 3 de julho de 1813 em um navio, em mares catarinenses quando a família fazia uma viagem iniciada nas Ilhas Canárias, na Espanha, e seguia para o Uruguai. Dias depois, em 2 de agosto de 1813, o menino seria batizado na igreja da Paroquia Nossa Senhora do Desterro, a atual Catedral Metropolitana de Florianópolis. A família seguiu viagem para o Uruguai. Jacinto Vera seguiria vida religiosa e se transformaria, em 1865, no primeiro bispo de Montevidéu.

O episódio de ter nascido no mar e batizado na paroquia desterrense marcaram a vida de dom Jacinto Vera. Antes de morrer, em 1881, ele deixou expresso o desejo de doar a cadeira dele de bispo à igreja onde foi batizado. Desta forma, a cátedra doada por Dom Jacinto há mais de 140 anos é utilizada até hoje na Catedral Metropolitana, sendo usada exclusivamente pelo arcebispo local.

Nos registros da Catedral aparece que Dom Jacinto recebeu o sacramento do batismo na segunda-feira, 2 de agosto de 1813, acompanhado da data e local do seu nascimento: “nascido há 30 dias em águas catarinenses”.

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Frei Bruno de Joaçaba

O franciscano frei Bruno também é postulante na lista do Vaticano. Os fiéis dizem que ele foi um seguidor do exemplo de São Francisco na doação, no amor e no serviço ao próximo. O frei nascido no ano de 1876 em Duesseldorf, na Alemanha, morreu em Joaçaba, na região Oeste do Estado, em 1960, e já era considerado pelos seguidores um santo em vida.

Frei Bruno nunca aceitava carona, indo a pé a comunidades do interior. Alguns relatos dizem que pessoas encontravam o religioso na estrada e quando chegavam no local da missa ele já estava lá. Depois de dois anos sem ato religioso devido à pandemia do novo coronavírus, Joaçaba retomou em 5 de março a Caminhada Penitencial Frei Bruno, que acontece pela 33ª vez pedindo que o frade franciscano, que já é “santo” para o povo catarinense, seja declarado venerável e beatificado.

Cerca de 15 mil pessoas fizeram um grande cortejo nos 3,5 quilômetros da Catedral Santa Terezinha até o cemitério onde se encontra o túmulo dele. Na ocasião foi explicado ao público sobe o andamento do processo que segue sendo analisado em Roma.

Frei Clarêncio Neotti, que trabalha na redação do chamado Positio, é o responsável pelo resumo que deve ser apresentado, após o reconhecimento de Roma, aos cardeais para que eles possam conhecer melhor a vida de frei Bruno.

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Dossiê será apresentado em julho

Em julho dever ser apresentado em Roma o dossiê dos milagres. O processo da Causa de Frei Bruno recebeu da Congregação para as Causas dos Santos o “nihil obstat” (nada contrário) no dia 7 de maio de 2013. No mesmo ano, no dia 30 de outubro, foi instalado o Tribunal Eclesiástico da Diocese com a missão de recolher toda a documentação sobre Frei Bruno, tudo o que se escreveu sobre ele e todas as referências à vida e santidade do religioso.

Depois de cinco anos de trabalhos, encerrou-se essa fase diocesana no dia 25 de fevereiro de 2018, enviando o processo para a análise do Vaticano.

Marcelo Câmara

O processo de beatificação do jovem Marcelo Henrique Câmara, que morreu aos 28 anos, tramita no Tribunal Diocesano da Arquidiocese de Florianópolis. O prelado sobre o Servo de Deus, título recebido, o descreve como um bonito testemunho de vida cristã da presença entre os jovens, após se converter. Com isso, Marcelo Henrique Câmara pode ser o primeiro santo “manezinho da ilha”, como se diz acerca dos nativos da Ilha de Santa Catarina.

Nascido numa família católica, Marcelo Henrique tinha cerca de 20 anos quando participou de um retiro do Movimento Emaús, formado por um grupo de jovens presente em diversas dioceses do Brasil. O movimento tem como objetivo passar aos jovens valores humanos e cristãos. Num desses cursos, ou retiros, como são chamamos, Marcelo Henrique fez uma experiência de encontro com Jesus Cristo. Ao ouvir palestra do Monsenhor Bianchini (orientador pessoal) sobre Jesus Cristo, o jovem se converteu – como ele mesmo diria posteriormente.

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Marcelo visitava grupos de jovens em Florianópolis, dava palestras e promovia cursos, retiros e noites de formação e estudos. O jovem também estava na linha de frente de um programa de rádio sobre a evangelização da juventude. Com firmeza, ele conseguia testemunhar e colocar o pensamento da igreja, sem criar celeuma ou polêmica. Com isso, conseguiu fazer grandes amigos e arrancar a admiração de colegas e dos professores.

Doença em meio a exames para Promotoria Pública

Mestre em Direito, fez cursos para a Promotoria Pública e atuou como professor na área, sendo professor-substituto na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O período coincidiu com um câncer, o qual enfrentou com paciência, ainda que enquanto estudava e fazia os exames para a Promotoria Pública. Em alguns momentos precisou fazer exames sendo levado em cadeira de rodas. Marcelo descobriu a leucemia aos 24 anos. Morreu aos 28 anos. No enterro, em março de 2008, padre Bianchini, falou:

– Hoje estamos sepultando um santo. Quem nunca conheceu na sua vida um santo, conheceu na figura de Marcelo Henrique Câmara ou Marcelinho (como ele era chamado).

A fama de santidade foi se espalhando entre os jovens do Movimento Emaús e em outros movimentos pastorais, além da própria paróquia no Norte da Ilha, na Praia dos Ingleses, onde Marcelo foi catequista de adultos e ministro da distribuição da Comunhão. Graças começaram a ser alcançadas e também foi criado um site (marcelocamara.org.br), onde muitas pessoas passaram a relatar graças que teriam sido recebidas por intercessão dele.

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Padre Aloísio

Em Jaraguá do Sul, a expectativa é pela canonização do padre Aloísio Sebastião Boeing. O processo foi aberto e 2013 na diocese de Joinville e já reconhecido como Venerável. O religioso trabalhou por mais de 40 anos em Jaraguá do Sul. O corpo dele está sepultado no pátio da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, no bairro Nereu Ramos, e recebe visitação que aumenta com o passar dos anos. As pessoas atribuem a ele milagres como a cura de doenças, em alguns casos até de pacientes que estavam desacreditados pelos médicos.

Padre Aloísio nasceu em Vargem do Cedro, onde atualmente está localizado o município de São Martinho, no Sul de Santa Catarina. Ao se formar padre, o catarinense fundou a Fraternidade Mariana do Coração de Jesus, em Jaraguá do Sul, no Norte do Estado. Era conhecido na congregação dos Padres SCJ, como Padre Mestre.

Além de sacerdote, era orientador espiritual dos seminaristas, conselheiro de uma multidão de pessoas que chegavam todos os dias na casa dele, construtor de igrejas, grutas e capitéis em louvor a Maria, professor e pregador de retiros. Ele teve uma inspiração de formar um grupo de moças professoras que fossem, no seio da comunidade, como leigas, fermento na massa, e vivessem o evangelho. Fundou então a Comunidade da Fraternidade Mariana do Coração de Jesus.

Filho de agricultores que gostava de contar histórias

Era filho de agricultores e levava uma vida simples com a família. Durante o tempo de estudos no seminário, quando chegava em casa, nas férias, gostava de contar histórias aos irmãos. Iam todos para a roça, ele se sentava numa pedra ou monte mais alto e, enquanto os outros trabalhavam, ele contava histórias.

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As etapas de formação deram-se basicamente em Brusque e Taubaté (SP). Em Brusque, completou o ensino fundamental e fez o ensino médio, de 1925 a 1931, na Escola Apostólica SCJ. Em 1932, o seminário foi transferido para Corupá. Ali estudou um ano. Tornou-se postulante em 15 de outubro de 1932. Voltou para Brusque, no ano seguinte, para fazer o noviciado, concluído em 15 de janeiro de 1934.

O Mestre de Noviços dele foi o Padre Lourenço Foxius, natural de Luxemburgo. Fez a primeira profissão religiosa em Brusque, no dia 16 de janeiro de 1934. Padre Aloísio morreu no dia 17 de abril de 2006 e sentindo que a partida estava próxima, afirmava aos fiéis: “Vocês me encontrarão na Eucaristia”.

Caminhos e romeiros

O corpo de Albertina, inicialmente sepultado no cemitério São Luiz Gonzaga foi transladado para dentro da igreja de mesmo nome, onde se encontra hoje em São Martinho. O lugar, assim como onde ocorreu a morte, é muito frequentado por romeiros. Desde 2020, Santa Catarina tem uma lei que instituiu a rota turística Caminhos da Beata Albertina.

O objetivo foi o de valorizar municípios do sul do Estado, em especial São Martinho, onde está situado o santuário. A rota turística inclui os municípios de Imaruí, São Martinho, Gravatal, Tubarão, Laguna. O santuário recebe em média 5 mil visitantes por mês.

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