Um conclave, processo em que um novo papa será escolhido, deve ocorrer no Vaticano nas próximas semanas. Depois da morte do papa Francisco nessa segunda-feira (21), a Igreja Católica organiza agora o funeral do pontífice para então dar início ao processo.

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O conclave é realizado pelo Colégio Cardinalício, composto por cardeais de todo o mundo. O sucessor de Francisco terá como missão estar à frente da Igreja Católica. Desde as primeiras horas após o falecimento do Santo Padre, nomes são apontados como possíveis sucessores, e levantam debates sobre o rumo da Igreja e a manutenção ou não das reformas feitas pelo papa argentino.

Quem são os favoritos para assumir posto do papa Francisco

Cardeal Jean-Marc Aveline – França

Nascido em 1958, em Sidi Bel Abbès, na Argélia, Aveline é o arcebispo de Marselha, França. Alguns especialistas, em especial franceses, citam Aveline como o ”favorito” do papa Francisco para sucedê-lo, sendo ele considerado o mais “bergogliano” entre os bispos do país. Conhecido por sua dedicação a questões de imigração e diálogo inter-religioso, ele foi nomeado em 2022.

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Ele é conhecido em alguns círculos católicos como João XXIV, em referência à sua semelhança com o papa João XXIII. Com bom humor semelhante ao de Francisco, Aveline compartilha com ele suas ideologias, em especial sobre temas como imigração e relações com o mundo muçulmano.

Nascido na Argélia em uma família de imigrantes espanhóis que se mudaram para a França, viveu a maior parte da vida em Marselha. Possui graduação em Filosofia e doutorado em Teologia.

Ele se tornou bispo em 2013, arcebispo em 2019 e cardeal três anos depois. Em setembro de 2023, organizou uma conferência internacional da Igreja sobre questões mediterrâneas, na qual o papa Francisco foi o convidado principal.

Caso eleito, Aveline seria o primeiro papa francês desde o século XIV, e o papa mais jovem desde João Paulo II.

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Cardeal Péter Erdo – Hungria

O cardeal húngaro Péter Erdo, de 72 anos, arcebispo de Esztergom-Budapeste é conhecido pela postura conservadora e formação acadêmica sólida, e ocupou o título de cardeal mais jovem da Europa por muito tempo. Foi nomeado cardeal em 2003, logo após completar 50 anos.

Ele preside a Conferência Episcopal Europeia desde 2006, e é ativo na “nova evangelização”, que luta contra a secularização em defesa do diálogo interreligioso. Por conta da localização da Hungria, no ponto entre o Ocidente e o Oriente, é o líder das relações católicas com as igrejas ortodoxas, e ainda mantém contato com líderes da comunidade judaica.

No último conclave, em 2013, Erdo já era candidato pelos contatos com a Igreja na Europa e na África e por ser visto como um pioneiro do movimento da Nova Evangelização para reacender a fé católica em nações avançadas secularizadas.

Ele é considerado conservador e destaca as raízes cristãs da Europa em discursos pelo continente. Porém, nunca entrou em conflitos com Francisco e é visto como pragmático.

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Contudo, ele foi contra o apelo do papa Francisco para que as igrejas acolhessem refugiados durante a crise migratória de 2015, afirmando que isso seria equivalente a tráfico de pessoas, em uma fala que parecia estar alinhada com o primeiro-ministro nacionalista da Hungria, Viktor Orban.

Erdo é especialista em direito canônico, se tornou bispo aos 40 anos e cardeal em 2003 quando tinha apenas 51 anos, momento em que se tornou o membro mais jovem do Colégio dos Cardeais até 2010.

Cardeal Mario Grech – Malta

Nascido em 1957 em Rabat, em Malta, Grech é o atual secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cargo que ocupa desde 2020. Ordenado sacerdote em 1984 e nomeado bispo de Gozo em 2005 pelo papa Francisco, ele é conhecido por sua abordagem pastoral e pelo foco em questões relacionadas ao diálogo inter-religioso e justiça social.

Grech possui doutorado em direito canônico pela Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, e tem atuado no desenvolvimento do Sínodo, órgão consultivo do Papa para discutir questões cruciais para a Igreja.

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Inicialmente Grech era visto como conservador, porém ele se tornou um porta-voz das reformas de Francisco dentro da Igreja durante anos. Em 2008, cidadãos gays malteses disseram que estavam deixando a Igreja por uma postura anti-LGBT do então pontífice, o Papa Bento XVI.

Na época, Grech não demonstrou grande simpatia sobre a pauta. Porém, em 2014, durante uma fala no Vaticano, o cardeal pediu que a Igreja fosse mais receptiva aos LGBTs e pudesse encontrar formas de abordar “situações familiares contemporâneas”. A fala foi elogiada por papa Francisco.

Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson – Gana

Nascido em Wassaw Nsuta, em Gana, em 11 de outubro de 1948, Peter Kodwo Appiah Turkson é o quarto filho de uma família de dez filhos. Enquanto seu pai trabalhava em uma mina e também era carpinteiro, sua mãe vendia vegetais no mercado.

Ele estudou em seminários em Gana e Nova York, e foi ordenado em 1975. Depois lecionou em seu antigo seminário ganês e fez estudos bíblicos avançados em Roma. Ele é considerado candidato a se tornar o primeiro papa da África Subsaariana.

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Turkson tem uma vasta experiência pastoral e também experiência prática na liderança de vários escritórios do Vaticano. Se destaca por vir de uma região em que a Igreja está lutando contra as forças do secularismo em suas terras centrais europeias.

Ele foi nomeado arcebispo de Cape Coast em 1992 pelo papa João Paulo II e se tornou o primeiro cardeal na história do estado da África Ocidental 11 anos depois. Já com Bento XVI como papa, se tornou chefe do Pontifício Conselho Justiça e Paz no Vaticano, em 2009.

Turkson foi um dos conselheiros mais próximos do papa em questões como as mudanças climáticas e chamou atenção por participar de conferências como o fórum econômico de Davos.

Cardeal Pietro Parolin – Itália

Nascido em 1955 em Schiavon, na Itália, Pietro Parolin é o atual secretário de Estado do Vaticano, ocupando o segundo posto mais importante na hierarquia da Santa Sé desde 2013.

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Ele foi o primeiro cardeal nomeado pelo Papa Francisco, em 2013. Ordenado sacerdote em 1980, Parolin ingressou no serviço diplomático da Santa Sé em 1986, e serviu em países como Nigéria, Venezuela e México, além de atuar em negociações sensíveis envolvendo China, Vietnã e Oriente Médio.

Parolin é apontado como favorito entre as apostas para um novo papa. Ele foi diplomata da Igreja durante a maior parte de sua vida, e ocupa desde o ano em que Francisco foi eleito o cargo de secretário de Estado, que se assemelha a um primeiro-ministro, chamados por vezes de “vice-papas”, já que estão em segundo lugar, depois do pontífice, na hierarquia do Vaticano.

Anteriormente, ele atuou como vice-ministro das Relações Exteriores do Papa Bento XVI, que em 2009 o nomeou embaixador do Vaticano na Venezuela. Parolin também trabalhou na reaproximação do Vaticano com a China e o Vietnã, movimento que foi criticado por conservadores.

Ainda que não seja um “ativista de linha de frente”, ele condenou a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em muitos países como “uma derrota para a humanidade”.

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Cardeal Luis Antonio Tagle – Filipinas

Nascido em 1957 em Manila, nas Filipinas, Luis Antonio Tagle é o atual cardeal-arcebispo de Manila. Ele foi nomeado cardeal pelo Papa Bento XVI em 2012. Lembrado pelo seu compromisso com a justiça social, o combate à pobreza e a defesa dos direitos humanos, também é defensor do diálogo inter-religioso.

Atualmente com 67 anos, Tagle foi presidente da Caritas Internacional, organização humanitária da Igreja. Ainda que não tenha sido nomeado pelo papa Francisco, ele é frequentemente apontado como um dos principais possíveis sucessores de Francisco e um de seus “favoritos”.

Apelidado de “Francisco Asiático”, se eleito ele seria o primeiro pontífice da Ásia. Desde sua ordenação sacerdotal em 1982, acumula décadas de experiência pastoral e experiência administrativa, primeiro como bispo de Imus e depois como arcebispo de Manila.

Francisco transferiu Tagle de Manila em 2019 e o nomeou chefe do braço missionário da Igreja, formalmente conhecido como Dicastério para a Evangelização. As Filipinas, seu país de origem, têm a maior população católica da Ásia. Sua mãe era filipina de origem chinesa.

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Cardeal Fridolin Ambongo Besungu – República Democrática do Congo

Nascido em 24 de janeiro de 1960 em Boto, na República Democrática do Congo, Fridolin Ambongo Besungu é arcebispo de Kinshasa desde 2018. Ele foi elevado ao cardinalato pelo papa Francisco em 2019. Ele se destaca por defender a paz e justiça social no país.

A trajetória de Besungu, capuchinho e formado em teologia moral em Roma, é marcada pelo ativismo político e social. Desde que se tornou cardeal, ele passou a integrar o “C9”, grupo de cardeais que auxilia o papa no comando da Igreja.

Ele é uma das vozes mais influentes da Igreja na África e preside o Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM). Na sua atuação se destaca a defesa dos direitos humanos e a luta contra a exploração de recursos naturais por empresas estrangeiras.

Porém, o cardeal se posicionou contrário a algumas decisões recentes do Vaticano. Ele reagiu negativamente à declaração que autorizava bênçãos a casais do mesmo sexo em contextos pastorais.

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Já em 2024, virou alvo de uma investigação judicial na República Democrática do Congo, acusado de incitar a população à revolta e de fazer “declarações sediciosas”. A Igreja local negou e disse que a investigação seria uma tentativa de intimidação.

Cardeal Matteo Zuppi – Itália

Nascido em 1955 em Roma, na Itália, Matteo Maria Zuppi é arcebispo de Bolonha desde 2015. Ele foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em 2019 e é conhecido por sua postura progressista e sua proximidade com o papa Francisco, tendo sido chamado de “Bergoglio italiano”.

Zuppi é presidente da Conferência Episcopal Italiana e membro da Comunidade de Sant’Egidio, um movimento católico dedicado à paz e ao diálogo inter-religioso. Ele foi o enviado especial do Papa para o conflito na Ucrânia, tendo visitado Kiev, Moscou, Washington e Pequim nessa função.

Caso fosse eleito, Zuppi seria o primeiro papa italiano desde 1978. Assim como Francisco, ele é conhecido por ser um “padre de rua” que se concentra nos migrantes e nos pobres, pouco preocupado com protocolos e pompa.

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Em Bolonha, ele atende pelo nome de “Padre Matteo”, e às vezes usa uma bicicleta em vez de um carro oficial. Se eleito, Zuppi poderia ser visto com desconfiança pelos conservadores. Ainda, os casos de abuso sexual na Igreja poderiam ser uma questão, já que a Igreja Católica Italiana, que ele lidera desde 2022, tem sido lenta em investigar e confrontar o problema.

*Com informações de g1, Terra e O Globo

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