Formado em 2015 no Morro do Quilombo, em Florianópolis, o grupo Cores de Aidê está ganhando o mundo. Neste domingo (29), as sete integrantes desembarcam em Guanajuato, no México, onde se apresentarão no Festival Internacional Cervantino, um dos mais importantes eventos de artes cênicas da América Latina. E não é a primeira vez que elas saem do Brasil: já foram para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e para Luanda, em Angola. No México, esta é a segunda vez.
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— Trazer a nossa arte para esses lugares é sempre uma alegria imensa. É o reconhecimento de quase 10 anos de trabalho nos palcos — conta Cauane Maia, vocalista, percussionista e compositora das Cores de Aidê. — Envolver o público nesse espetáculo é também aproximar o mundo da arte catarinense, da arte que nasce na capital catarinense, e isso nos deixa muito felizes.
Cauane toca e canta junto com outras seis mulheres catarinenses: Sarah Massí, Dandara Manoela, Nine Martins, Natt Marques, Fernanda Jerônimo e Laila Dominique. Todas fazem as vezes de bailarinas, percussionistas e cantoras.
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O gênero escolhido é o samba reggae, cuja influência afro-brasileira também se reflete na forma como o grupo é organizado — focando na liberdade, no respeito e na união das integrantes, que são de etnias, idades e origens diversas. Um movimento de aquilombamento, como define Cauane.
— As Cores buscam sempre, nas canções, no espetáculo, abordar as mulheres na sua diversidade. Sempre apontando para esse caráter polivalente e múltiplo — conta. — São canções que dão toda atenção para essas mulheres e para esse movimento aquilombado, esse lugar de viver coletivamente, de se organizar coletivamente.
A letra da música Negra, por exemplo, exalta a feminilidade negra: “Negra, ô / Esse turbante na cabeça / Esse teu porte de rainha / A nos mostrar como a história foi injusta e cruel”.
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Já a canção Índia traça um paralelo entre a escravidão indígena e a africana: “Da terra tomada como eu / Dos filhos tirados como os meus / Dos sonhos roubados lá vou eu”.
— Essas pautas, espero que daqui a algum tempo não façam o menor sentido, né? Que haja um mundo tão igualitário, tão inclusivo, que de repente as nossas canções abordem outras temáticas. Mas por enquanto a gente percebe ainda a necessidade de estar apontando isso através da música, que é um lugar que tem a capacidade de sensibilizar as pessoas.
As Cores de Aidê também deram origem a um bloco de mesmo nome, que surgiu em 2016. Os ensaios são abertos a todas as mulheres, e não é necessário ter experiência com dança e percussão para participar. O público pode ver mais detalhes na página no Instagram do grupo.
Nova fase
O show no México marca também uma nova fase do grupo. A apresentação é inédita e conta com novos arranjos, cenário, figurino e músicas. É uma preparação para o lançamento do segundo álbum das Cores, que já lançaram Quem É Essa Mulher, em 2018. A turnê contará com 10 datas e vai até dia 12 de novembro, a convite da embaixada brasileira no México.
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