Mais da metade dos blumenauenses está em isolamento social. É isso que aponta uma pesquisa feita pela Universidade Regional de Blumenau (Furb), que abordou a relação dos moradores da cidade com a pandemia do novo coronavírus. No total, 63,1% das pessoas que responderam à pesquisa disseram manter uma rotina de quarentena.
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De todos os entrevistados pelo Projeto Focus, 56,4% alegaram que saem de casa só quando é inevitável. Outros 6,7% estão totalmente de quarentena e 35,2% disseram sair para trabalhar e fazer outras atividades. Além disso, 1,7% responderam estar vivendo e convivendo normalmente.
A pesquisa considerou a população adulta e ouviu 1.244 pessoas. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais, para mais, ou para menos, e o índice de confiabilidade do resultado é de 95%. A coleta dos dados ocorreu entre 13 e 15 de abril.
Dos blumenauenses entrevistados, 51,9% disseram ter um pouco de medo de serem infectados pela Covid-19. Outros 34,6% alegam ter muito medo de ter a doença, enquanto 13,5% expressaram não ter medo. De todos os ouvidos, 44,9% dizem que a chance de ter o novo coronavírus é pequena; 35,2%, média; 17,2%, grande; e 2,7% alegam que não há chances de serem infectados.
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Na avaliação do professor Maiko Spiess, sociólogo e doutor em Políticas Científica e Tecnológica pela Unicamp, esses índices que abordam a aflição da população à Covid-19 estão diretamente relacionados à renda.
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— Quem tem muito medo são as pessoas que têm salário menor. Isso nos dá a indicação de que quem tem esse sentimento são aqueles que, de fato, precisam sair mais de casa para trabalhar, por exemplo. Já os que estão em casa podem até acreditar na gravidade da situação, mas não têm medo por se sentirem seguros — explica Spiess, que também é coordenador do Curso de Ciências Sociais da Furb.
Spiess se refere ao índice que cruza os dados entre salário e medo da população. Segundo a pesquisa Focus, da Furb, 41,2% das pessoas cuja renda mensal familiar é de até dois salários mínimos têm “muito medo” do novo coronavírus. Já entre aqueles com renda acima de 10 salários mínimo, a fatia corresponde a 30,8%.
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Na avaliação do professor Marcos Mattedi, doutor em Ciências Sociais e coordenador do Núcleo de Estudos da Tecnociência da Furb, a relação de renda engloba duas situações:
— Quanto maior a renda, mais as pessoas ficam em isolamento por conta própria, por opção e recursos. Então temos dois grupos: o de isolamento voluntário e os que precisam sair para trabalhar. Só saem de casa aqueles que são forçados a isso. Nesse cenário ainda temos que levar em consideração os que podem e não querem, e os que querem e não podem, em uma questão política.
O que é a Pesquisa Focus
O projeto Focus é um dos projetos de extensão mais antigos da Furb, ocorre periodicamente e tem como objetivo geral coletar, processar, sistematizar e socializar informações relacionadas às inter-relações políticas, sociais, econômicas, culturais ou religiosas dos atores sociais, corporativos e institucionais que constituem a fração espacial na qual a Furb se encontra historicamente inserida.
O projeto é desenvolvido por professores doutores dos departamentos de Comunicação, Administração e Ciências Sociais da FURB, com participação do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e do Programa de Pós-graduação em Administração.
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