O Vale do Itajaí receberá um reforço no número de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para atender os casos mais graves do novo coronavírus: até 31 de maio serão 203 novas estruturas para adultos, 12 para crianças e 14 para bebês. A informação foi repassada pelo Governo do Estado no começo desta semana aos municípios da região. Santa Catarina terá um incremento de 713 estruturas. Além disso, o Hospital Oase, de Timbó, será referência para o médio e alto Vale.

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Até o final de maio a unidade de saúde de Timbó terá 45 leitos – atualmente são pouco mais de dez. O hospital será referência, ou seja, atenderá apenas casos do covid-19. Para isso, maternidade e outros setores serão transferidos para cidades vizinhas (veja abaixo).

Conforme Márcia Adriana Cansian, coordenadora de uma comissão que reúne os 14 secretários municipais de Saúde do médio Vale, há questões que ainda precisam ser respondidas, como sobre as demandas do Samu e a capacidade dos hospitais que absorverão as demandas do Oase. Um documento formalizando as preocupações deve ser enviado à Secretaria Estadual de Saúde nesta quarta-feira (1°).

– Como vai se dar isso a nível de transporte? Será que o Samu vai dar conta de atender toda a macrorregião? – questiona Márcia.

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Cidades que possuem leitos deverão atender as demandas do coronavírus e das demais especialidades. No entanto, se não houver capacidade para todos, os pacientes devem ser levados ao hospital de referência, que foi escolhido sem uma conversa prévia com o Vale do Itajaí.

– Nós não imaginávamos que teria um hospital de referência e gostaríamos de ter participado dessa discussão, se de fato é necessário ter um. Entendemos que não dá para fazer conversas a todo momento, mas nos ouvir seria o ideal – lamenta a coordenadora.

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Com o anúncio do Governo do Estado, cabe a cada município se adequar à novidade. Em Blumenau (que atualmente possui 95 leitos), o Hospital Santa Isabel ampliará a capacidade em 50 UTIs. O Santo Antônio, 25. A unidade de Brusque receberá nove aparelhos, a de Ibirama terá 41, Ituporanga 14 e Rio do Sul contará com 40 leitos no total até o dia 31 de maio.

Segundo a Secretária de Saúde, SC tem atualmente cerca 450 leitos de UTI disponíveis na rede de gestão estadual ou filantrópica.

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Desafios

Há cidades que sequer possuem hospitais e outras terão de atender às demandas vizinhas com as estruturas que têm. A realidade não é tão diferente de outras regiões do país. Após a definição da Secretaria Estadual de Saúde de que os municípios deveriam reservar 10% dos leitos para os casos da doença, o primeiro passo foi dado.

Porém, há fios soltos na organização que precisam se conectar, como explica Márcia. A disponibilização de estrutura hospitalar é função do Estado. Uma das grandes preocupações é levar os pacientes de covid-19 para unidades que atendem altas complexidades (como oncologia). O isolamento terá de ser perfeito para que os grupos de risco não sejam infectados dentro do próprio hospital.

Uma das maiores críticas das Secretarias Municipais é a demora no resultado dos exames, que são informados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), o que atrasa o andamento das decisões das prefeituras.

Para amenizar o problema, os municípios do médio Vale do Itajaí compraram um lote de testes rápidos para covid-19, que deve chegar nesta semana. São pouco mais de 2 mil testes que serão aplicados em profissionais da saúde, para que, em casos de suspeitas, eles não permaneçam dias em isolamento sem necessidade. As maiores compradoras foram as cidades de Blumenau e Indaial.

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Blumenau, inclusive, contratou um laboratório particular para avaliar os pacientes internados e trabalhadores das unidades de saúde.

Timbó como referência

Caso a situação fique mais crítica, o Hospital Oase dará suporte exclusivo aos casos de covid-19. Ainda não há uma data para isso ocorrer, mas a administração da unidade já alinha como a estrutura funcionará.

Em uma tenda instalada na entrada do hospital será organizado um centro de triagem para todos os pacientes. A atual estrutura de pronto-socorro será mantida de forma isolada dos demais setores do hospital. Os pacientes ali atendidos que necessitarem de internação serão encaminhados para os outros hospitais através de ambulância com acompanhamento médico.

O hospital irá instalar um segundo pronto-socorro exclusivo para os pacientes que apresentarem sintomas do coronavírus. A maternidade e os atendimentos clínicos serão deslocados para o Hospital Dom Bosco de Rio dos Cedros.

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Os pacientes vítimas de traumatismo grave (como acidentes) serão encaminhados para os hospitais Beatriz Ramos, de Indaial, e Hospital Rio do Testo, de Pomerode.