Os Correios devem incentivar a demissão de até 15 mil pessoas nos próximos dois anos, cortar R$ 2 bilhões em gastos com pessoal, vender imóveis e fechar 1 mil agências em todo o país. As medidas fazem parte do plano de reestruturação da empresa, divulgado nesta segunda-feira (29).

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As ações foram anunciadas após a confirmação de um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a cinco bancos. O negócio era aguardado como forma de socorrer financeiramente a empresa estatal. Os Correios acumulam três anos seguidos de prejuízos e definiram um plano para tentar sair da crise. Somente no primeiro semestre deste ano o prejuízo anunciado pela companhia foi de R$ 4,3 bilhões, quase três vezes o déficit do mesmo período do ano passado. As informações são do portal g1.

As 15 mil demissões esperadas nos próximos dois anos por meio do Plano de Demissão Voluntária (PDV) representariam uma redução de 18% na folha de pagamento da empresa. No PDV, a companhia oferece incentivos para funcionários que queiram pedir demissão. Na prática, funciona como uma espécie de acordo, que permite à empresa reformular e reduzir o quadro de funcionários, mas sem as despesas de uma demissão em massa, por exemplo.

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Venda de imóveis

Já a venda de imóveis é projetada como forma de levantar R$ 1,5 bilhão em imóveis não operacionais. Outras 1 mil unidades consideradas deficitárias, que operam no prejuízo, também devem ser fechadas. O número corresponde a um quinto de todas as 5 mil unidades que os Correios possuem atualmente.
O plano de reestruturação prevê ainda uma reformulação do plano de saúde para os funcionários, que reduziria o custo em R$ 500 milhões ao ano.

Além das ações para reduzir gastos, os Correios também miram iniciativas para alavancar as receitas, com a meta de chegar a R$ 21 bilhões em 2027. No decorrer deste ano, os Correios tiveram uma queda nas receitas próprias. Um dos principais motivos apontados é a implementação do programa Remessa Conforme, criado pelo Ministério da Fazenda em 2023.

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Por meio dele, o governo federal passou a cobrar imposto de importação de 20% sobre compras internacionais de até 50 dólares, que até então eram isentas. A chamada “taxa das blusinhas”, por outro lado, permitiu que empresas de transporte façam o frete de mercadorias internacionais pelo Brasil, o que antes era obrigatoriamente feito apenas pelos Correios.

Mesmo com as medidas adotadas, a expectativa ainda é de uma leve piora para 2026. A intenção é reduzir a crise a partir de 2027.

Empréstimo bilionário

O empréstimo de R$ 12 bilhões foi oficializado após a publicação do contrato assinado no Diário Oficial da União, no último sábado (27). O negócio envolveu um consórcio com os bancos Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O acordo tem validade até 2040 e tem garantia da União, o que reduziu o risco às instituições financeiras. Haverá uma carência de três anos, com pagamentos mensais a serem feitos a partir de dezembro de 2029.

Na coletiva de imprensa em que o plano de reestruturação foi apresentado, o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou que a intenção inicial era um empréstimo de R$ 20 bilhões para quitar dívidas em aberto e não descartou que a companhia necessite de mais um empréstimo de R$ 8 bilhões durante a fase de recuperação.

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