A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, anunciou nesta sexta-feira (21) a aprovação de um Plano de Reestruturação para enfrentar a crise que a companhia enfrenta nos últimos três anos. A situação levou a estatal a um prejuízo recorde de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre deste ano e agora motivou a elaboração de um planejamento que envolve de incentivo a demissões de servidores a um empréstimo de R$ 20 bilhões para garantir fôlego financeiro à companhia.

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A crise nos Correios é atribuída a diversos fatores que resultaram em dificuldades financeiras, mas os principais motivos envolvem o aumento de gasto com pessoal, com sucessivos aumentos nos últimos anos e despesas com plano de saúde de servidores, e também perda de receita com uma menor participação do mercado. Este último item tem relação com questões como o programa Remessa Conforme, que criou a cobrança de imposto de importação sobre compras internacionais de até 50 dólares e permitiu a entrada de empresas de transportes privadas no frente de mercadorias internacionais pelo país – antes, essa distribuição era feita obrigatoriamente pelos Correios. O resultado foi uma menor participação da estatal nas receitas vindas desse tipo de transporte de encomendas.

Em 2024, a empresa fechou o ano com prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Em maio deste ano, um plano de recuperação já havia sido lançado com algumas medidas que incluíam a redução da jornada de trabalho e o fim do trabalho remoto, mas após o prejuízo recorde do primeiro semestre, a estatal elaborou um novo planejamento para enfrentar o cenário adverso.

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Dificuldade com fluxo de pagamentos de fornecedores e a necessidade de manter unidades deficitárias, para poder atender todas as regiões do país e cumprir o compromisso de universalização postal, são outros fatores citados como razões para as dificuldades financeiras da estatal nos últimos anos.

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As ações de recuperação

Para responder à crise, os Correios aprovaram nesta semana um Plano de Recuperação. O texto, aprovado no Conselho de Administração e nas instâncias de governança da estatal, reúne o planejamento elaborado para tentar conter o déficit da empresa em 2026 e retomar a lucratividade da empresa a partir de 2027.

Para viabilizar as ações propostas, sobretudo em curto prazo, os Correios anunciaram que vão buscar um empréstimo de até R$ 20 bilhões. O valor será usado para quitar as atividades planejadas para conter a crise da estatal.

Uma das principais medidas é a retomada de um Programa de Demissão Voluntária, para estimular a saída de servidores interessados em deixar a função, e a remodelação dos custos dos funcionários com plano de saúde. Essas ações visam atacar o campo de despesas de pessoal.

Os Correios também anunciaram que entre as metas do plano de recuperação está manter os pagamentos de fornecedores 100% em dia e a modernização da operação, com investimento em infraestrutura tecnológica. Nos últimos anos, a empresa já buscou investir em soluções como furgões e bicicletas elétricas para entregas.

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Venda de imóveis e fechamento de agências

Outras ações incluídas no plano aprovado pelos gestores dos Correios envolvem a venda de imóveis não utilizados pela empresa, que teria potencial de receita de R$ 1,5 bilhão. Além disso, a empresa também pretende fechar até 1 mil pontos de atendimento considerados deficitários, para reduzir o prejuízo das operações. A empresa não divulgou em quais locais ficariam essas unidades sujeitas a fechamento.

Em nota divulgada ao mercado, os Correios ressaltaram o compromisso estratégico e social de oferecer serviços postais de forma universal, chegando a todos os locais do Brasil, e os trabalhos importantes para o país efetuados pela estatal, como a distribuição de milhões de provas do Enem em todo o país em apenas duas horas, a entrega de urnas eletrônicas em zonas eleitorais de difícil acesso e a pronta resposta em situações de emergência, como as chuvas do Rio Grande do Sul em 2024 e o recente tornado no Paraná no início de novembro deste ano.

Ações do Plano de recuperação dos Correios

  • Programa de Demissão Voluntária
  • Remodelação do plano de saúde
  • Pagamento em dia a 100% dos fornecedores
  • Modernização da operação
  • Venda de imóveis, com potencial de receita de até R$ 1,5 bilhão
  • Fechamento de até 1 mil agências deficitárias
  • Empréstimo de R$ 20 bilhões para custear as ações de recuperação