Quando a baqueta bate no tamborim, o apito começa a soar e os bonecos de mais de dois metros de altura entram em cena, é sinal que o bloco Gambá Xeiroso, tradicional de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, está nas ruas históricas do bairro. No Carnaval 2025, a folia com o bloco começa no dia 28 de fevereiro, arrastando uma multidão em um cortejo que tem o samba como trilha sonora.

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Neste ano, o bloco divide espaço com o grupo Sem Abuso, DJ Felipe Corrêa e a banda sulista Zawajus. O Gambá Xeiroso faz parte do carnaval de Santo Antônio de Lisboa há quase 10 anos, em busca de não deixar o Carnaval órfão de um bloco da comunidade.

Quem afirma isso é o presidente da Associação Recreativa Cultural e Esportiva Avante e produtor geral do Carnaval de Santo Antônio de Lisboa, Lucas Lisboa. Ele conta que o pai, Edenaldo Lisboa (chamado carinhosamente de Feijão), o tio e o tio-avô Amilcar foram os responsáveis pela criação do bloco.

Foi em 2016 que a ideia surgiu, quando o bloco Baiacú de Alguém, que faz parte da história do bairro, anunciou que não desfilaria mais no Carnaval da comunidade.

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— Foi aí, então, que o meu tio, que tocava no Bloco do Baiacú de Alguém, resolveu puxar meu pai e criar o tal Gambá Xeiroso. Isso porque, tínhamos a Sede do Avante, onde serviu de ensaio, além de dar todo o suporte financeiro para o mesmo — lembra.

Nome tem origem em inusitada cena familiar

A origem do nome, no entanto, é inusitada. Lucas diz que o “gambá” sempre esteve presente nos títulos das festividades produzidas pela família. Isso porque, durante uma festa de Natal, um animal da espécie apareceu em meio a ceia e se tornou a atração da noite.

— Daí surgiu o nome Gambarzeira, Planeta Gambá, Costelaço do Gambá. Meu pai dava sempre um jeito de infiltrar o nome “gambá” — destaca.

O Gambarzeira, a que Lucas se refere, é um bar localizado na Rua Cônego Serpa, também gerido pela família. Depois do episódio natalino, Feijão, pai dele, acreditava que colocar o caso da ceia de Natal no nome das coisas era “sinônimo de alegria, festividade, cerveja gelada e amigos reunidos”.

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— E como Carnaval tem tudo isso, após a notícia do [encerramento do] Baiacu de Alguém, ele [Feijão] reuniu a galera dele mais a que quis continuar, e montou o Bloco — explica.

União, tradição e legado

Para Lucas, a união da comunidade, a tradição do bloco e o legado que ele leva consigo são os diferenciais da festa. Todos os anos, o Gambá Xeiroso arrasta pelas ruas cerca de 70 a 80 pessoas.

— Todos que hoje estão no bloco, fazem com que ele siga. São pessoas que ajudaram a criar, amigos que viram a criação e se unem durante todo o ano para ensaiar — diz.

Neste ano, os ensaios começaram em 9 de fevereiro e seguiram por toda quarta e sexta-feira, às 20h, na sede do Avante. Lucas destaca que, já nos ensaios, todos os participantes sentiram a energia positiva do público.

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— Por aqui e para a turma, nunca tem tempo ruim —, completa.

Bonecos gigantes

Os bonecos que acompanham o bloco de rua são feitos em homenagem aos participantes que já morreram. Lucas explica que o primeiro boneco confeccionado foi em homenagem a Feijão, por ser um “fomentador da cultura local e criador do carnaval comunitário”, que faleceu em 2019.

Outro boneco famoso é o do antigo presidente do Avante, o tio Amilcar, que morreu em 2021. Para este ano, um novo boneco foi confeccionado em homenagem a Vera. Ela morreu em 2024 e era porta bandeira do Baiacu de Alguém e do Gambá Xeiroso.