A safra de trigo em Santa Catarina terá queda de 38% em relação ao ano passado, segundo dados do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri. Uma estiagem de cerca de 30 dias na hora do plantio e a queda no preço em relação ao ano passado provocaram redução de área de 26%. Teve produtor que até abandonou algumas áreas ou substituiu o cultivo por milho.
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A lavoura foi prejudicada por duas situações adversas no tempo: primeiro o vasto período de seca e depois, na hora da colheita, em outubro, o excesso de chuva. Os fatores causaram queda de produtividade e na qualidade dos grãos. De acordo com o engenheiro agrônomo João Rogério Alves, do Cepa/Epagri, uma parcela da produção não terá qualidade para farinha e deverá ser destinada à ração.
– O padrão exigido é de PH (peso hectolitro) 78, mas a maioria do trigo colhido está com PH entre 70 e 76, tem muito grão falhado, xoxo, miúdo – explica Alves.
Cada ponto a menos de 78, há um desconto de R$ 0,30 centavos ao agricultor, que reclama do prejuízo. No ano passado, o preço da saca chegou a estar R$ 39, neste ano baixou para R$ 32 e ainda haverá este desconto para quem teve perda na qualidade.
– Não vai sobrar nem palha de lucro – afirma o agricultor Gilcemir Piaia.
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Piaia plantou 400 hectares de trigo e esperava colher mais de 60 sacas por hectare em média – no ano passado chegou a tirar 80 em algumas áreas. No final da safra, porém, conseguiu colher apenas entre 25 e 43 sacas por hectare, conforme a data do plantio. Por isso, planeja reduzir a área de plantio pela metade no próximo ano.
Aumento da importação
A quebra na safra vai aumentar a necessidade de importação. Atualmente, o Brasil já importa metade do consumo, que é de 11 milhões de toneladas. Cerca de 90% do total vem da Argentina.
Apesar da frustração da safra nacional, o agrônomo da Epagri, João Rogério Alves, e o presidente da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), Romeo Bet, não acreditam em aumento de preços para o consumidor .
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– O mundo está bem abastecido de trigo devido a boa produção de outros países e o trigo da Argentina está chegando aqui com o mesmo preços do produto nacional – avalia Bet.
No entanto, ele se diz preocupado com a possibilidade de o produtor nacional ficar desestimulado e reduzir ainda mais o plantio.
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