Cadeira de dentista, baú de mais de 150 anos e bonecas de porcelanas raras. Essas são algumas das peças entre as mais de 30 mil expostas no Museu do Lixo, localizado no Itacorubi, em Florianópolis. Criado há mais de 10 anos por garis da Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap), o espaço resgata materiais jogados no lixo para construir um lugar de memória sobre hábitos de consumo da sociedade, tornando-se referência entre as atividades de educação ambiental em Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp 

O Museu do Lixo foi criado em 25 de setembro de 2003 com o objetivo de guardar as peças encontradas pelos garis durante a coleta de resíduos em Florianópolis. Muitos dos itens encontrados, segundo Jefferson Gonçalves dos Santos, gerente do Centro de Valorização dos Resíduos, ainda estavam em condições de serem usados. 

— O museu serve como uma ferramenta de educação ambiental para trazer para as pessoas uma certa nostalgia e um certo impacto de consciência, além de rever os nossos hábitos de consumo exagerado e descarte irregular. Grande parte do material que vem para cá, o que a gente consegue coletar, muitas vezes funciona — explica Jefferson. 

O museu, que começou em uma sala pequena de Florianópolis, guarda até hoje a primeira peça exposta: um crucifixo encontrado no lixo. Com mais de 7 mil visitantes por ano, o espaço leva o público em uma espécie de “viagem no tempo” por reunir itens datados de 1800 até impressoras 3D dos tempos atuais. 

Continua depois da publicidade

— Temos uma frase ali no ecoponto que é: “o avanço tecnológico versus a obsolescência acelerada”. O telefone, por exemplo, a gente acaba trocando e descartando o anterior, mesmo ele ainda faz as funções que ele foi projetado para fazer — explica.

Veja os itens curiosos encontrados no Museu do Lixo em Florianópolis 

Peças que contam histórias

Quem visita o Museu do Lixo é recebido por Gilberto Ribas, que além de cuidar da parte operacional, sabe contar a história de cada item exposto no espaço. Um exemplo é a imagem de duas santas presentes no local.

— Chegou uma senhorinha e disse que quando foi para a Itália uma amiga pediu para trazer uma santinha de lá. Ela trouxe uma para ela e uma para amiga. Quando ela voltou da Itália, descobriu que a amiga tinha falecido. Ela veio perguntar se podia deixar aqui e se podia vir para fazer uma oração para amiga. Ela veio umas quatro vezes: faz a oração dela em silêncio e depois vai embora — conta Gilberto Ribas. 

Continua depois da publicidade

O museu também conta com uma exposição completa de Sergio Tastaldi, diretor e produtor de teatro, criador de bonecos, diretor de arte, empresário e dramaturgo. As peças foram doadas pelo próprio dramaturgo após se separar da esposa e se mudar para a Itália.

Tastaldi morreu em 2023 antes de ver a homenagem que o Museu do Lixo preparava para ele. 

Serviço 

  • O que: Museu do Lixo
  • Onde: Rodovia Admar Gonzaga, 72, Itacorubi
  • Horário de funcionamento: de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 17h.

Leia mais

Florianópolis é o único município lixo zero do país

Muito além do lixo: Florianópolis transforma entulho em areia e pedra