O Hospital Regional de Biguaçu Helmuth Nass, localizado na Grande Florianópolis, foi interditado parcialmente nesta quarta-feira (12) pelo Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina após vistorias identificarem diversas irregularidades, como falta de profissionais para cobrir as escalas de plantão das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e a demora excessiva no atendimento. Com a medida, novos pacientes não poderão ser internados no local, mas o atendimento aos pacientes atuais permanece funcionando normalmente até a alta.
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Foram interditadas as partes do Centro Cirúrgico, incluindo a sala cirúrgica e a de recuperação pós-anestésica, a UTI adulto e neonatal, o atendimento obstétrico e o serviço de apoio diagnóstico e laboratório de análises clínicas. Ao todo, duas vistorias realizadas em agosto de 2024 e em setembro de 2025 pelo Departamento de Fiscalização do CRM-SC identificaram irregularidade.
Segundo o Conselho, alguns dos motivos para a interdição foram falhas na assistência médica, deficiências no serviço prestado pelo laboratório, falta de profissionais para cobrir as escalas de plantão das UTIs e pela ausência de medicamentos e materiais essenciais ao exercício seguro da Medicina, além resultados inconclusivos de exames, que comprometiam a tomada de decisões médicas.
O órgão ainda aponta que também não havia equipamentos fundamentais para o atendimento de complicações pós-anestésicas, como o respirador pulmonar em uma das salas de recuperação.
— Essa decisão tem um único objetivo, garantir que a população de Biguaçu e região tenha acesso a um atendimento médico e ético, seguro e de qualidade, como determina a boa prática da medicina e a proteção à vida — afirma a presidente do CRM-SC, Andréa Antunes Caldeira de Andrada Ferreira.
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Dessa forma, os pacientes internados devem continuar sendo atendidos, “considerando a baixa disponibilidade de vagas no sistema público de saúde”
“O CRM-SC reforça que é dever do diretor técnico e das chefias de serviço assegurar a continuidade do atendimento aos pacientes já internados. A realização de procedimentos cirúrgicos e obstétricos eletivos está suspensa, sendo permitidas apenas urgências e emergências em pacientes que já se encontram internados”, disse o órgão, em nota.
Veja fotos da interdição
O que diz o hospital
Em nota, o hospital afirmou que as irregularidades apontadas na vistoria de 2024 “já foram amplamente tratadas pela equipe interventora”, assim como as pendências da última vistoria. Veja a nota completa:
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“O Hospital Regional de Biguaçu Helmuth Nass, sob intervenção municipal desde 14 de julho de 2025, recebeu nesta terça-feira (12) representantes do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) para uma nova visita de fiscalização.
As irregularidades apontadas em 2024 pelo CRM-SC, sob a gestão anterior da Beneficência Camiliana do Sul, já foram amplamente tratadas pela equipe interventora. Ressalte-se que, à época, a empresa médica contratada falhou em atender as exigências do Conselho, comprometendo ainda mais a qualidade dos serviços.
Em setembro deste ano, o Conselho realizou outra fiscalização, cujas pendências foram completamente resolvidas e formalmente respondidas pela Direção Técnica do Hospital.
Surpreendentemente, o CRM-SC decidiu aplicar uma interdição ética parcial, com base na Resolução CFM nº 2.062/2013, negando-se ainda a verificar, in loco, o cumprimento integral das exigências previamente apontadas, mesmo com a solicitação formal feita pela equipe interventora. Tal recusa é lamentável e prejudica o esforço ativo e contínuo para garantir melhorias nos serviços.
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Reafirmamos nosso compromisso com a transparência, o diálogo e a qualidade do atendimento. Ressaltamos que os serviços aos pacientes internados seguem funcionando normalmente, prestados com dedicação pela equipe assistencial”.
Irregularidades precisam ser sanadas e comprovadas
Segundo o órgão regional, foram concedidos prazos para que as falhas fossem corrigidas, com o hospital recebendo um novo prazo de 30 dias em setembro de 2025. Como as solicitações de regularização não foram cumpridas, a interdição parcial foi aceita em sessão realizada na segunda-feira (10).
A decisão está amparada pela Resolução CFM nº 2.062/2013, que prevê a interdição ética de hospitais quando as condições mínimas para o exercício seguro da Medicina estão comprometidas. De acordo com o órgão, a interdição continuará em vigor até que “todas as irregularidades sejam sanadas e comprovadas perante o CRM-SC”.
O órgão também afirma que o Ministério Público de Santa Catarina foi oficialmente comunicado da decisão, “para adoção das providências cabíveis também em sua esfera de atuação”.
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Quando o hospital realizar as correções no atendimento, é necessário encaminhar ao CRM uma documentação que comprove as ações. Depois, os conselheiros se reunirão novamente em sessão plenária para deliberar pela desinterdição ou manutenção da medida.





