A Guiana, país ao norte da América do Sul, tinha uma economia baseada na agricultura de subsistência, mineração de ouro e diamantes e extração de madeira. A partir de 2019, no entanto, as receitas bilionárias do petróleo passaram a turbinar o PIB do país. A “vizinha” do Brasil chegou a ser comparada com Dubai pelo ex-ministro da economia, Paulo Guedes. As informações são do g1.

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Iniciada em 2019, a exploração de petróleo transformou a antiga colônia britânica em uma das economias que mais cresce no mundo. Em 2015, a petroleira americana Exxon Mobil anunciou a descoberta de campos de petróleo gigantes e economicamente viáveis na costa do país, que viriam a ser explorados nos anos seguintes.

O consórcio foi concedido, além da Exxon Mobil, para a também americana Hess e a chinesa CNOOC, que até o momento já descobriram reservas de aproximadamente 11 bilhões de barris de petróleo, mas estimativas apontam que esse valor pode chegar a 17 bilhões. O valor seria maior que todas as reservas provadas de petróleo do Brasil, estimadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) em 14 bilhões de barris.

A Guiana, país com pouco mais de 800 mil habitantes, saiu de um PIB de de US$ 5,17 bilhões (R$ 27,7 bilhões) em 2019 para US$ 14,7 bilhões (R$ 68,2 bilhões) em 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Isso representa um salto de 184%. Apenas no ano de 2022, o crescimento do PIB foi de 62%.

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Além disso, o PIB per capita (divisão da riqueza do país pelo número de habitantes) cresceu em proporções semelhantes. Segundo o Banco Mundial, o valor saiu de US$ 6.477 (aproximadamente R$ 31 mil) dólares em 2019 para US$ 18.199 dólares (R$ 87 mil) em 2022.

Para efeito de comparação, esse valor é mais que o dobro do PIB per capita brasileiro, que em 2022 foi de US$ 8.917 (R$ 39,9 mil). A representante do Banco Mundial para a Guiana e Suriname, Diletta Doretti, disse em entrevista a BBC News Brasil:

— É como se o país tivesse ganhado na loteria. É uma chance que só aparece uma vez na vida. Há um otimismo muito grande no país.

Outros setores da economia da Guiana também cresceram. De acordo com o FMI, o crescimento do PIB não relacionado ao petróleo como indústria, agricultura e construção civil em 2022 foi de 11,5%. Isso se observa em Georgetown, capital do país, onde é possível observar guindastes e operários trabalhando em obras de infraestrutura como hospitais, rodovias, pontes e portos e na construção de hotéis de luxo de redes internacionais como as americanas Marriot e Best Western.

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Os efeitos na população

Shiv e Hemant Misir são dois irmãos que deixaram a Guiana em 1982, saindo de um dos países mais pobres do mundo na época, em busca de uma vida melhor no Canadá. Trinta e nove anos depois, em 2021, eles decidiram voltar à Guiana. Atualmente os dois trabalham no setor imobiliário, com apartamentos de alto padrão em Georgetown.

Shiv e Hemant são dois representantes da nova classe média que surgiu (ou que retornou) à Guiana nos últimos anos desde o início da exploração de petróleo no país. Shiv Misir explica que o dinheiro gerado pelo petróleo vem criando oportunidades tanto para o surgimento de uma nova classe média quanto para a atual elite do país.

— As pessoas se sentem mais seguras. Elas sentem que são parte de algo do qual elas podem se beneficiar — diz Misir.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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