Após a divulgação de documento da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) que afirma que o ex-presidente brasileiro Ernesto Geisel (1974-1979) autorizou a política de “execução sumária” de opositores do regime militar, vigente no governo anterior, diversos políticos comentaram o caso.

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Por meio do Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que o conteúdo do memorando confirma que “os assassinatos políticos foram decididos ou referendados pelo Planalto”. “Por isso devemos repudir os defensores da volta à ditadura militar”, escreveu.

O memorando, de 1974, relata que, quando chegou ao cargo, Geisel foi informado de que 104 pessoas haviam sido mortas no ano anterior pelo governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). O Centro de Informações do Exército (CIE), órgão responsável pela política de assassinatos de adversários políticos do regime, pedia autorização do general para manter a política.

Geisel autorizou, então, que o método ocorresse em “casos excepcionais” e com aval do Palácio do Planalto, mediante consulta ao diretor do Serviço Nacional de Informações (SNI), general João Baptista Figueiredo – que depois assumiria a Presidência da República.

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Repercussão

Outros políticos da esquerda também comentaram a divulgação do documento. Para a pré-candidata do PC do B ao Planalto, Manuela D’Ávila, o memorando revelado perturba todos que têm “uma história de luta pela memória e a verdade dos tenebrosos anos da ditadura militar”.

“As provas de que a cúpula do regime, Médici, Geisel, Figueiredo, estiveram diretamente envolvidos nos assassinatos dos ‘subversivos’ que ousaram desafiar o regime é uma verdade grande demais para seguir encoberta (…) Precisamos insistir na busca da verdade e do paradeiro daqueles que foram torturados, mortos e desaparecidos com a autorização e a cumplicidade do Palácio do Planalto”, escreveu.

O ex-senador e hoje vereador em São Paulo Eduardo Suplicy (PT) disse que a revelação comprova o quanto os militares descumpriram a Constituição e as normas de direitos humanos.

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“É da maior gravidade a revelação de que, em reunião no dia 30 de março de 1974, o presidente Ernesto Geisel tenha compactuado com assassinatos praticados pelo Estado”, afimrou.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) escreveu que, com a divulgação, a ideia de que Geisel havia sido “estadista” fica fragilizada.

“Caiu a burrice de que a ditadura foi nacionalista. Golpistas civis e militares de 1964 serviram aos EUA. E agora, a quem servem os golpistas?”, questionou.

Exército

Por meio de nota, o Centro de Comunicação Social do Exército informou que “os documentos sigilosos, relativos ao período em questão e que eventualmente pudessem comprovar a veracidade dos fatos narrados foram destruídos, de acordo com as normas existentes à época”. Procurado, o Palácio do Planalto informou que não vai comentar o caso.

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